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Agricultura precisa de mais jovens e mais talento

“Precisamos de uma nova geração, quer de empresários quer de massa crítica, que seja capaz de responder a desafios como a inovação”, disse Pedro Santos.

07 de Dezembro de 2022 às 16:30
Pedro Santos, CEO da consultora Consulai, falou sobre os “principais desafios da agricultura em Portugal”. Sérgio Lemos
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"Em relação aos desafios da agricultura estive para trazer só três slides que eram criar valor, criar valor e criar valor", afirmou Pedro Santos, CEO da Consulai, consultora nos setores agroalimentar, agrícola e florestal. Pedro Santos falou na abertura da 11.ª edição do Prémio Nacional Agricultura 2022, sobre o tema "Os Principais desafios da Agricultura em Portugal". O galardão é uma iniciativa do Correio da Manhã e do Jornal de Negócios em parceria com o BPI, e conta com o patrocínio do Ministério da Agricultura Florestas e Desenvolvimento Rural e o apoio da PwC.

O que Pedro Santos quis destacar é que o setor agrícola não tem sido capaz de criar valor nos últimos 20 anos. "Se juntarmos a parte agroindustrial ao resto da cadeia de valor, o setor tem crescido, mas não como um todo", acrescentou o CEO da Consulai. Na sua opinião, o grande desafio passa sobretudo por ser capaz de, como um todo, ter uma produção agrícola cada vez mais exportadora. Tal implica um conjunto de requisitos e de apostas estratégicas para fazer com que o saldo da balança comercial seja cada vez maior para Portugal.

Um dos requisitos é o investimento. Em 2020, o setor agrícola investiu cerca de mil milhões de euros quando o habitual estava abaixo dos 800 milhões. Para se ter um termo de comparação, no mesmo ano, o investimento privado no total da economia foi de cerca de 21 mil milhões de euros.

Como referiu Pedro Santos, este investimento está sobretudo associado ao regadio e às culturas permanentes, o que é "uma mais-valia para o setor e permite ao regadio hoje em dia ter uma criação de valor mais do que cinco vezes e meia relativamente ao sequeiro".

Mas o CEO da Consulai assinalou que há investidores interessados em modelos mais intensivos no sequeiro associados a culturas permanentes. Isto abre oportunidades aos agricultores portugueses porque no total da Superfície Agrícola Útil (SAL) cerca de 3,6 a 3,7 milhões de hectares só 14% é que estão ocupados por regadio.

Outro aspeto estrutural é a necessidade de atrair mais jovens e mais talento. Como salientou Pedro Santos, a média europeia de agricultores com mais de 65 anos é de quase 33% e no Algarve, por exemplo, 63% dos agricultores tem mais de 65 anos. "Precisamos de uma nova geração, quer de empresários quer de massa crítica, que seja capaz de responder a desafios como a inovação."

A oportunidade ambiental

O CEO da Consulai destacou a preocupação da banca atualmente em financiar projetos ou empresas que cumpram os critérios ESG (Ambiente, Social e Governação). Pedro Santos considera que o critério ambiental joga a favor da agricultura porque os requisitos ambientais são práticas ligadas à mitigação e à adaptação às alterações climáticas, à redução da poluição, preservação das massas de água e biodiversidade, que marcam a agricultura portuguesa. Além das oportunidades que os sumidouros de carbono abrem para a criação de valor, podem atrair investimento e novos players para a produção agrícola, florestal e serviços ecossistemas.

Para Pedro Santos, a invasão da Ucrânia pela Rússia não mudou a política agrícola europeia nem as suas exigências, sobretudo as ambientais, mas pode ter impacto nas prioridades. Obriga a pensar "se não temos de criar de facto uma capacidade produtiva maior e se não temos de pensar em ser mais autossuficientes num conjunto de produtos".
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