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Foto em cima: Leonor Freitas, CEO da Casa Ermelinda Freitas.
Leonor Freitas, CEO da Casa Ermelinda Freitas, está a passar o seu legado aos filhos: Joana, que assume cada vez mais a gestão da Casa Ermelinda Freitas, e João, responsável pela área informática. A liderança está cada vez mais nas mãos de Joana Freitas, licenciada em Gestão e com pós-graduações em Enologia e Marketing, que sempre teve uma ligação profunda à terra e conheceu a avó, Ermelinda Freitas, e a bisavó, Germana, explica Leonor Freitas, a primeira convidada dos videocasts "Agricultura Agora: Conversas sobre Sustentabilidade e Inovação", realizados no âmbito do Prémio Nacional de Agricultura, uma iniciativa do BPI, do Negócios e do Correio da Manhã, e que conta com o patrocínio do Ministério da Agricultura e Pescas, e o apoio da PwC.
Sobre a transição de poder entre gerações, Leonor Freitas reflete: "Não é fácil, mas é possível. Aprendemos a trabalhar, agora é da parte da geração mais velha que tem de haver compreensão. É difícil largar o poder, o que se construiu, ainda mais quando nos habituámos a controlar tudo." Explica que cabe à geração mais velha, no caso dela mesma, "compreender e afastar-se para dar espaço aos mais novos." Leonor destaca a importância do diálogo constante e o ato de renúncia: "Sou eu quem abdica mais, porque ela é o futuro. Mas é muito enriquecedor quando se consegue trabalhar com duas gerações; somos complementares."
CEO da Casa Ermelinda Freitas
A ideia de futuro é o principal motor de mudança. "Pensar no biológico, na sustentabilidade, nas tecnologias... não será um trator a fazer os tratamentos da vinha, mas sim um drone. As novas gerações têm uma sensibilidade muito forte para estas questões." Leonor Freitas acrescenta que, nesta transição para a quinta geração, têm trabalhado arduamente, pois "também tenho a visão do futuro e da necessidade de melhorar as coisas."
No entanto, ela ressalva: "Não posso dizer que faria igual ao que a minha filha irá fazer, pois seria um erro. A Joana irá fazer melhor, de forma diferente. Ela aproveita muito mais as tecnologias, está melhor formada, tem uma visão mais ampla e focada no investimento. Já se nota a diferença na aplicabilidade", conclui Leonor Freitas.
De geração em geração
Antigamente, a vinha passava de geração em geração "sem se questionar, dando continuidade ao mesmo. Não se refletia; era uma obrigação. Hoje, tem de ser por gosto, por vocação. No entanto, essa vocação pode, muitas vezes, não existir, e a família pode optar por manter a empresa com outros gestores", afirma Leonor Freitas, sublinhando que os filhos estão na empresa por vontade própria.
"Sempre lhes disse que a empresa continuaria com pessoas de fora, se eles não quisessem. É muito importante contar com o apoio dos técnicos", reforça Leonor Freitas. Ela considera fundamental a entrada de pessoas de fora, bem preparadas, com visões diferentes, que tragam novos saberes, tecnologias e aplicações.
Desde 1920, com Leonilde Freitas, a Casa Ermelinda Freitas foi passando de geração em geração. Era uma casa agrícola que nasceu de forma humilde e foi crescendo ao longo do tempo. Leonor Freitas recorda que deixou a terra para se licenciar no Instituto Superior de Serviço Social e trabalhou no Ministério da Saúde durante 20 anos. Acabou por voltar à empresa após o falecimento do pai. "Não consegui vender a exploração agrícola. Nem eu própria sabia, mas tinha uma ligação afetiva muito forte. Fui eu quem acabou por dar o grande impulso e provocar o salto da Casa Ermelinda Freitas. Só foi possível porque adquiri outros conhecimentos e, quando cheguei, sabia que não sabia. Esta é a grande diferença: procurar quem sabia", conclui Leonor Freitas.