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"A Casa Santos Lima está em constante regeneração, como todos os negócios", disse Luís Almada, co-CEO da Casa Santos Lima, onde está desde 2012, durante o videocast "Agricultura Agora: Conversas sobre Sustentabilidade e Inovação", realizado no âmbito do Prémio Nacional de Agricultura, uma iniciativa do BPI, do Negócios e do Correio da Manhã, que conta com o patrocínio do Ministério da Agricultura e Pescas e o apoio da PwC.
Era uma quinta familiar que produzia vinho, entre outros produtos agrícolas. Nos anos 1990, José Luís Oliveira da Silva, o dono da empresa e co-CEO, fez a grande regeneração da empresa através de três vetores.
Fez-se a reestruturação das vinhas e das castas, escolhendo "as que fossem mais indicadas para o ‘terroir’ onde estávamos, mas também olhando um bocado para a parte comercial, quais são as castas que são procuradas e que tipo de vinho é que é procurado", disse Luís Almada. Modernizou a adega existente e, em 1995, fez a primeira colheita das novas vinhas, engarrafada em 1996, deixando de vender vinho a granel, como fazia desde o século XIX.
Hoje, a Casa Santos Lima está presente em sete regiões do país, tem novas adegas e "apostamos muito na inovação, tanto de inovação produtiva ao nível da adega, de novas máquinas, como ao nível da viticultura, porque exportamos muito e os mercados internacionais obrigam à inovação".
Ecossistema de certificações
Luís Almada referiu-se ao percurso que tem levado à criação do que se poderia chamar de ecossistema de certificações, que começou com as certificações alimentares e sociais. Hoje, estas são várias e abrangem os stakeholders, começando no cliente e incluindo os fornecedores da Casa Santos Lima.
Explica que "há muitas cadeias de supermercados no Reino Unido, nos Estados Unidos ou o Estado, que tem o monopólio do álcool nos países nórdicos, e mesmo em Portugal, as grandes cadeias de supermercados cá em Portugal também nos exigem certificações, têm certificações próprias". Hoje, imperam as de sustentabilidade, que englobam o social e a governação.
Revela que, sem certificados de sustentabilidade, não se consegue aceder a alguns tenders, concursos para apresentar o vinho aos clientes. "Hoje em dia, temos uma certificação de sustentabilidade emitida pela ViniPortugal e pelo Instituto da Vinha e do Vinho, sem a qual não entraríamos em determinadas cadeias de distribuição ou negócios", afirma Luís Almada.
O potencial do drone
Considera que a sustentabilidade torna a empresa mais competitiva, "seja porque as minhas vinhas vão ter uma longevidade maior, consome-se muito menos recursos com as atuais práticas no dia a dia, e poupamos dinheiro".
Co-CEO da Casa Santos Lima
Os problemas são muitas vezes uma fonte de inovação. "A mão de obra, hoje em dia, é um problema em Portugal e, sobretudo, no setor agrícola e na vinha. O que nos fez ser muito mais eficientes na vinha", refere Luís Almada. Contou que estão a estudar o potencial da utilização de drones na vinha, que já se usam no arroz.
Os desafios do vinho: ready to drink e regulamentação
"Há sobrestockagem de vinho, o consumo cai, a produção mantém-se, este houve um ligeiro aumento, a área mundial de vinho até tem descido nos últimos anos. Apareceram concorrentes para o setor vitivinícola de outros, que são chamados RTD, os ready to drink", afirma Luís Almada.?
A grande dor de cabeça do setor do vinho poderá estar na regulamentação das bebidas alcoólicas, em que o vinho "é associado a outras bebidas espirituosas, etc., que nada têm a ver com este setor", lamenta Luís Almada, e que também impacta nas exportações.
"Há países a regulamentar e a pôr impostos com base, por exemplo, no teor alcoólico, como fez o Reino Unido há dois anos", salienta Luís Almada, o que implica fazer vinhos com teor de grau alcoólico mais baixo.