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O caminho mayor da sustentabilidade

O caminho da sustentabilidade aprofundou-se quando a Adega Mayor aderiu ao Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo, que se faz em cooperação com empresas concorrentes porque o planeta é comum.

Filipe S. Fernandes 05 de Fevereiro de 2024 às 14:30
Rita Nabeiro, administradora executiva do Grupo Nabeiro e CEO da Adega Mayor.
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O primeiro passo para a criação da Adega Mayor foi dado na terra quando, em 1998, começaram as plantar as vinhas, revela Rita Nabeiro, administradora executiva do Grupo Nabeiro e CEO da Adega Mayor. Sustenta que "foi preciso perceber se havia condições para cultivar a vinha, e, se o vinho, como o meu avô dizia, saia bom e teríamos condições de fazer bons vinhos".

Passada a prova decisiva veio o passo seguinte. Em 2007 foi inaugurada a adega, desenhada pelo arquiteto Siza Vieira. "Foi um projeto crítico e diferenciador para a época e que acrescentou valor para a região, porque se tratava de criar património cultural e tem riqueza histórica", considera Rita Nabeiro.

Do fundador do Grupo, Rui Nabeiro (1931-2023), recebeu a preocupação da sustentabilidade, o que marca também as atividades do grupo. "O eixo da sustentabilidade com as suas práticas continua a ser fundamental e tem vindo a ser reforçado", sublinha Rita Nabeiro. Olha para a sustentabilidade a partir de quatro eixos pois acrescenta aos tradicionais ambiental, social e económico, o eixo cultural, que tem a ver com o que é o território, a preservação da identidade.

O que nos fazemos pode ser só uma migalha, não vai mudar o mundo, mas podemos inspirar os outros a fazerem o mesmo, tal como nós mudámos inspirados nos modelos dos outros. Rita Nabeiro
Administradora Executiva do Grupo Nabeiro e CEO da Adega Mayor
Salienta a dimensão social, que é chave num território como Campo Maior no interior alentejano, e papel das pessoas nesta atividade agrícola, que "é um escritório a céu aberto 24 sobre 24 horas, sete dias por semana". Tem consciência da urgência climática, da necessidade de mudar e implementar novas práticas agrícolas nos ecossistemas.

"O que nos fazemos pode ser só uma migalha, não vai mudar o mundo, mas podemos inspirar os outros a fazerem o mesmo, tal como nós mudámos inspirados nos modelos dos outros". Adianta que as equipas da Adega Mayor quando veem os resultados, uma vinha saudável e resiliente, compreendem a dimensão do propósito, "uma coisa mais profunda, ainda que tenha os seus desafios".

Os quick wins e a cooperação

O caminho da sustentabilidade aprofundou-se em 2015 quando a Adega Mayor aderiu ao Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo (PSVA), promovido pela Comissão Vitivinícola Regional Alentejana. Este iniciou-se e iniciado em 2013, é de adesão voluntária e gratuita, e segue a metodologia de melhoria contínua de um sistema organizado em três sectores distintos (Viticultura; Adega; Viticultura & Adega).

Como explica Rita Nabeiro é uma jornada de sustentabilidade com vários capítulos. Começou pela adega com quick wins, "que são mudanças visíveis e com impacto imediato", como a redução da pegada hídrica, energética, a mudança do packing, até às práticas de recursos humanos. Depois na parte mais agrícola em que, além de um conjunto de indicadores que têm de ser medidos, como fazer análises de solos, perceber a vitalidade das plantas, a produção, se entra nas práticas regenerativas e sustentáveis.

A gestora salienta a lógica cooperação entre concorrentes, a "lógica pré-competitiva e colaborativa", como a caracteriza. "Há vários produtores que fazem parte do plano, o que permite que nos diferentes temas haja várias opiniões e trocas de experiências.
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