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Renascidas para crescer

O júri do Prémio Excellens Oeconomia seleccionou cinco empresas resilientes que foram destruídas nos incêndios de Junho e Outubro de 2017, mas que se reergueram, superando dificuldades, para voltar a criar emprego e riqueza.

20 de Junho de 2018 às 11:11
Os representantes das empresas Arda, Quinta da Freiria, Siro-Leal e Soares, J. Guerra e Toscca durante a homenagem. TOZE Canaveira
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Castelo de Paiva - Arda-Indústria de Calçado
A salvação veio de fora

A sétima fábrica da Carité Calçados, de João Teixeira, fica em Castelo de Paiva e é a recuperação de uma fábrica que ardeu nos incêndios de Outubro. Situada em Raiva, a Arda-Industria de Calçado surgiu em 1989, e, em 2010, por decisão dos sócios, a fábrica foi arrendada a uma empresa de calçado, e, logo em 2012, à O.Q.-Indústria de Calçado.

Depois do incêndio, a O.Q. encerrou a empresa e despediu os 86 colaboradores. Depois de contactos da Câmara Municipal de Castelo de Paiva, do secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão, Nelson de Souza, da Segurança Social e do IEFP, a Carité aproveitou a oportunidade, até pela qualidade da mão-de-obra.

Em julho próximo inicia-se a produção de calçado de gama média-alta, que será feita pelos 91 trabalhadores e a facturação, baseada em exportações, será, em ano cruzeiro, de 4,6 milhões de euros. Os investimentos atingem os 1,7 milhões de euros, e conta com eventual apoio, a fundo perdido, de 70% do investimento realizado.

Tondela - Quinta da Freiria
Valouro não perdeu tempo

Nos incêndios de 15 de Outubro de 2017, o Centro de Incubação da Quinta da Freiria, foi consumido pelas chamas, um prejuízo de oito milhões de euros. "Os principais passos foram falar com as entidades que superintendem no sector da agricultura, a autarquia, e salvaguardar os postos de trabalho dos 47 funcionários", referiu José António dos Santos, presidente da Valouro.

Sublinhou o apoio das seguradoras, entidades financeiras e autarquias. "Todos os organismos públicos estiveram ao nosso lado para facilitar a vida à empresa". Prevê que no início de julho, o novo centro de incubação esteja a trabalhar, representando um investimento de 9 milhões de euros e com a tecnologia mais moderna e de ponta.

Oliveira do Hospital - J. Guerra
O renascimento com capitais próprios

O ressurgimento da J. Guerra, que fabrica sirgaria e passamanarias de alta qualidade, tem sido um processo árduo, feito pelos irmãos Paulo e Cláudio Guerra, com capitais próprios. A J. Guerra foi fundada em Lisboa, mas, oito anos depois, o centro industrial passou para Oliveira do Hospital.

As perdas foram avaliadas em 15 milhões de euros. O renascimento implica a aquisição de novos equipamentos, que demoram entre 4 e 5 meses. Mas alguns dos equipamentos já não se fabricam, o que dificulta a produção. "Apesar tudo têm máquinas que foram comprando a empresas do sector que fecharam", explica Paulo Guerra. O lado positivo tem sido o esforço dos colaboradores.

"A nossa capacidade produtiva está a cerca 25%", refere Paulo Guerra, com a produção de três das cinco famílias de produtos. Têm três lojas, a Franja ò Lar, em Lisboa, Oliveira do Hospital e Carregal do Sal. Em stand-by ficou a abertura de uma loja no Porto.

Oliveira de Frades - Toscca
Mais empregados e mesmo negócio

"O fogo veio da floresta e não deixou um metro quadrado da fábrica para amostra", relembrou Pedro Pinhão, gestor e fundador da Toscca, líder no fabrico de cabanas, abrigos de jardim e casas de madeira, e produtos em madeira.

No dia seguinte ao incêndio, os 54 trabalhadores regressaram ao trabalho, e, a 17 de novembro de 2017, a Toscca emitia uma factura. Os prejuízos foram de 10,2 milhões de euros, mas com as indemnizações das seguradoras, mais o apoio de 6 milhões do REPOR, a empresa renasceu com tecnologia de ponta, mais espaço, "para criar emprego e fazer melhores produtos e transformar conhecimento em bens tangíveis", como diz Pedro Pinhão.

Tem 63 trabalhadores, factura o mesmo que no ano passado, e tem "uma dívida de gratidão aos portugueses, às pessoas que os ajudaram, à autarquia, a CCDRC, IAPMEI, bancos e seguradoras".

Mira - Siro Leal & Soares
110 colaboradores decisivos

Na empresa Leal e Soares, dos substratos Siro, em Mira, só os escritórios resistiram ao fogo. "Os pavilhões ficaram todos danificados assim como também, as máquinas de produção, camiões e cerca de 40% de matérias-primas", recorda Carlos Soares, fundador e gestor. Os prejuízos foram avaliados em 15 milhões de euros.

A marca Siro é líder de mercado em substratos em Portugal e na Galiza. Para não deixar os clientes sem produtos, a fábrica de Pontevedra passou a fazer três turnos, e trataram de encontrar instalações em Mira para continuar a produzir. As seguradoras, as entidades financeiras, a autarquia, a CCDRC e o IAPMEI, têm sido incansáveis. "O único problema é que todas estas entidades públicas, às vezes, não têm a mesma velocidade que as empresas, devido a algumas situações burocráticas", afirma Carlos Soares.

Estão a laborar a cerca de 60%, com obras ainda a decorrer, mas não perderam clientes e até aumentaram as vendas. Para Carlos Soares, "os meus 110 colaboradores foram decisivos". Para o futuro fica o objectivo ser uma das maiores empresas de substratos da Europa.


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