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Posicionamento na produção é o menos atractivo

A reexportação de valor acrescentado indica uma maior presença nas fases iniciais e finais do processo produtivo, onde tipicamente se concentra a maior incorporação de valor.

03 de Junho de 2015 às 11:33
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"A parte do valor acrescentado nacional que é reexportada é relativamente pequena, sinalizando um posicionamento nos níveis intermédios da cadeia de valor", adianta um estudo publicado pelo Banco de Portugal sobre as exportações portuguesas nas cadeias de valor globais e que é assinado por João Amador, do Banco de Portugal, e Robert Stehrer, do Vienna Institute for International Economic Studies. Refere-se que o reforço da integração nos mercados externos e particularmente nas cadeias de valor globais é um aspecto importante do processo de reestruturação da economia portuguesa e uma condição necessária para um maior crescimento do produto potencial, mas não é uma condição suficiente para garantir um bom desempenho económico. Para estes investigadores "a capacidade para acelerar o crescimento real do PIB através das exportações depende do volume de comércio, mas também da capacidade de incorporar valor acrescentado nacional nas exportações". O que implica ter empresas posicionadas nas etapas das cadeias de valor globais onde a maior parte do valor acrescentado é criado e que são a pré-fabricação, onde são se realiza a I&D, concepção e o design, ou os serviços de pós-fabricação mais perto do consumidor final (venda, marketing e outros serviços pós-venda). Os níveis intermédios de produção, especialmente a montagem, geraram menos valor acrescentado.

Existe margem para integração
Este artigo analisa o nível de integração das exportações portuguesas nas cadeias de valor globais no período 1995-2011. Uma das conclusões do estudo é que a economia portuguesa está integrada no sistema internacional de comércio e que "existe larga margem para aumentar a intensidade da sua participação nas cadeias de valor globais, aproximando-se dos coeficientes apresentados por outros países europeus com a mesma dimensão".

As cadeias de valor globais tornaram-se um paradigma para a produção da maior parte dos bens e serviços no mundo. O nível de integração nas cadeias de valor globais está associado ao conteúdo importado nas exportações, enquanto o posicionamento na cadeia de valor pode ser relacionado com a reexportação de valor acrescentado doméstico incorporado nas importações. A reexportação de valor acrescentado indica uma maior presença nas fases iniciais e finais do processo produtivo, onde tipicamente se concentra a maior incorporação de valor. Embora o valor acrescentado externo nas exportações tenha aumentado de 1995 para 2007, ocorreu uma redução significativa em 2009, que não tinha ainda sido recuperada em 2011. Hoje, os números já serão mais positivos. n


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A rede exige competências relacionais

Uma das tendências actuais é a transformação da cadeia de valor em "rede de valor", em que se impõe uma lógica colaborativa. Os processos produtivos e organizacionais são cada vez menos lineares e verticais e cada vez mais modelados em rede de subcontratação, funcionando numa lógica de ecossistema empresarial. Como refere Carlos Brito, "trabalhar em rede pressupõe capacidade colaborativa entre as empresas, o que significa que são necessárias competências relacionais". No entanto, em Portugal "confunde-se a facilidade pessoal de socialização com competências relacionais". Por isso, muitas vezes "consideramos que somos capazes de gerir com eficácia as ditas relações inter-organizacionais porque temos, a título pessoal, grande facilidade de relacionamento. Ora uma coisa não tem nada a ver com a outra". As competências relacionais têm a ver com a interacção que se estabelece entre as organizações e, como sublinha Carlos Brito, "para gerir relações de cooperação entre organizações é preciso tanto ou mais profissionalismo do que para gerir relações de concorrência".



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