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Notabilizou-se na liderança política, mas fechada a porta da política, um telefonema de António Champalimaud mudou-lhe o destino e deu-lhe a liderança da Fundação Champalimaud, que fez de raiz. Em 1982, quando Leonor Beleza foi convidada para a Secretaria de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, pediu para ser nomeada secretária de Estado. Três anos depois, foi nomeada para a pasta da Saúde, por Cavaco Silva, e repetiu o pedido para ser ministra. Foi o primeiro membro do Governo em Portugal designado no feminino.
Nasceu no Porto a 23 de Novembro de 1948 numa família ligada à burocracia do regime e com acções na empresa de Vinhos Borges. É a mais velha de cinco irmãos. Licenciou-se em Direito, em 1972 na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde começou uma carreira como assistente em direito da família. Em 1975, esteve no gabinete do ministro dos Assuntos Sociais, Jorge Sá Borges, e, depois, na Comissão da Condição Feminina. Em 1977, participou na Comissão que fez a reforma do Código Civil português, que modernizou o direito da família.
Entrou para a SEDES antes do 25 de Abril de 1974 e, depois aderiu ao PPD, actual PSD. "A primeira vez que o PPD fez um comício, no fim de 1974, no Pavilhão dos Desportos, o Francisco Sá Carneiro pediu-me para falar das mulheres. A primeira vez que tive uma oportunidade pública de fazer um statement político foi sobre os direitos das mulheres", recordou numa entrevista à Notícias Magazine.
Via crucis judicial
Depois de cinco anos como ministra, em 1990, Leonor Beleza foi substituída na pasta da Saúde por Arlindo de Carvalho. Na sua autobiografia política, Cavaco Silva, então primeiro-ministro, reconheceu a coragem de Leonor Beleza, "demonstrada na luta contra os grupos de interesses na área da saúde". Regressou à Assembleia da República e entrou para a advocacia, depois de estagiar com o patrono, Luís Queiró. Foi consultora na Presidência do Conselho de Ministros e dirigiu o serviço jurídico da TVI.
Leonor Beleza viveu a via crucis dos tribunais quando, em 1986, foi feita arguida pelo crime de negligência com dolo, no caso dos 137 hemofílicos contaminados com o vírus do VIH/sida em transfusões feitas em hospitais públicos. O processo foi definitivamente arquivado pelo Supremo em 2003. "O arrastar do caso dos hemofílicos ao longo de duas décadas acabou por liquidar o futuro político de Leonor Beleza, que se desenhava na linha da frente da ribalta política", escreveu São José Almeida no Público de 29 de Dezembro de 2010.
O telefonema fatal
Fechou-se a porta da política activa, abriu-se a da Fundação Champalimaud, com um património que ronda hoje os mil milhões de euros, segundo o Centro Português de Fundações. Em 2000, António Champalimaud telefonou a Leonor Beleza dizendo-lhe: 'Vou escrever um testamento e criar uma fundação, que tem que ver com a saúde, e queria saber se a senhora aceita ser presidente.' Anuiu no mesmo instante. Só quatro anos depois, a 8 de Maio de 2004, quando António Champalimaud morreu, a fundação tomou forma e surgiu em 2005.
Tornou-se presidente da Fundação Champalimaud, que se dedica à investigação científica na área da saúde, com ênfase no que "é desconhecido no âmbito da ciência e da tecnologia, onde queremos, e já estamos, a deixar uma marca de presença e de reputação", escreveu Leonor Beleza.
Em 2007, começou a ser concedido o prémio anual no campo da prevenção da cegueira, o Prémio António Champalimaud de Visão no valor de um milhão de euros. Foi lançado o actual International Doctoral Programme in Neurosciences (INDP), e criado o Champalimaud Research com o Champalimaud Neuroscience Programme. Em 2014, estabeleceu o Cancer Research Programme. Hoje, abrange 17 laboratórios, com cerca de 250 cientistas. Em 2012, chegou a ser considerada pela The Scientist como um dos melhores locais para trabalhar fora dos Estados Unidos.
Em 2010, o Centro Champalimaud foi oficialmente inaugurado. O Centro Clínico Champalimaud presta cuidados clínicos especializados de oncologia, e desenvolve programas avançados de investigação médica. Conta com cerca de 400 profissionais, dos quais 98 são médicos e 120 enfermeiros.
Nasceu no Porto a 23 de Novembro de 1948 numa família ligada à burocracia do regime e com acções na empresa de Vinhos Borges. É a mais velha de cinco irmãos. Licenciou-se em Direito, em 1972 na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde começou uma carreira como assistente em direito da família. Em 1975, esteve no gabinete do ministro dos Assuntos Sociais, Jorge Sá Borges, e, depois, na Comissão da Condição Feminina. Em 1977, participou na Comissão que fez a reforma do Código Civil português, que modernizou o direito da família.
Entrou para a SEDES antes do 25 de Abril de 1974 e, depois aderiu ao PPD, actual PSD. "A primeira vez que o PPD fez um comício, no fim de 1974, no Pavilhão dos Desportos, o Francisco Sá Carneiro pediu-me para falar das mulheres. A primeira vez que tive uma oportunidade pública de fazer um statement político foi sobre os direitos das mulheres", recordou numa entrevista à Notícias Magazine.
Via crucis judicial
Depois de cinco anos como ministra, em 1990, Leonor Beleza foi substituída na pasta da Saúde por Arlindo de Carvalho. Na sua autobiografia política, Cavaco Silva, então primeiro-ministro, reconheceu a coragem de Leonor Beleza, "demonstrada na luta contra os grupos de interesses na área da saúde". Regressou à Assembleia da República e entrou para a advocacia, depois de estagiar com o patrono, Luís Queiró. Foi consultora na Presidência do Conselho de Ministros e dirigiu o serviço jurídico da TVI.
O património da Fundação Champalimaud ronda os mil milhões de euros
Leonor Beleza viveu a via crucis dos tribunais quando, em 1986, foi feita arguida pelo crime de negligência com dolo, no caso dos 137 hemofílicos contaminados com o vírus do VIH/sida em transfusões feitas em hospitais públicos. O processo foi definitivamente arquivado pelo Supremo em 2003. "O arrastar do caso dos hemofílicos ao longo de duas décadas acabou por liquidar o futuro político de Leonor Beleza, que se desenhava na linha da frente da ribalta política", escreveu São José Almeida no Público de 29 de Dezembro de 2010.
O telefonema fatal
Fechou-se a porta da política activa, abriu-se a da Fundação Champalimaud, com um património que ronda hoje os mil milhões de euros, segundo o Centro Português de Fundações. Em 2000, António Champalimaud telefonou a Leonor Beleza dizendo-lhe: 'Vou escrever um testamento e criar uma fundação, que tem que ver com a saúde, e queria saber se a senhora aceita ser presidente.' Anuiu no mesmo instante. Só quatro anos depois, a 8 de Maio de 2004, quando António Champalimaud morreu, a fundação tomou forma e surgiu em 2005.
Tornou-se presidente da Fundação Champalimaud, que se dedica à investigação científica na área da saúde, com ênfase no que "é desconhecido no âmbito da ciência e da tecnologia, onde queremos, e já estamos, a deixar uma marca de presença e de reputação", escreveu Leonor Beleza.
Em 2007, começou a ser concedido o prémio anual no campo da prevenção da cegueira, o Prémio António Champalimaud de Visão no valor de um milhão de euros. Foi lançado o actual International Doctoral Programme in Neurosciences (INDP), e criado o Champalimaud Research com o Champalimaud Neuroscience Programme. Em 2014, estabeleceu o Cancer Research Programme. Hoje, abrange 17 laboratórios, com cerca de 250 cientistas. Em 2012, chegou a ser considerada pela The Scientist como um dos melhores locais para trabalhar fora dos Estados Unidos.
Em 2010, o Centro Champalimaud foi oficialmente inaugurado. O Centro Clínico Champalimaud presta cuidados clínicos especializados de oncologia, e desenvolve programas avançados de investigação médica. Conta com cerca de 400 profissionais, dos quais 98 são médicos e 120 enfermeiros.