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Alberto Castro: O sucesso está na qualidade da gestão

Perguntas a Alberto Castro, Professor de Economia na Católica Porto Business Schoool

30 de Março de 2016 às 10:13
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O denominador comum que faz a diferença das boas empresas é a qualidade da gestão, e não a dimensão. Portugal balança entre a aspiração de grandeza através de grandes empresas ou grupos e a deificação doas PME ou start-ups, diz Alberto Castro professor de Economia na Faculdade de Economia e Gestão/Católica Porto Business School da Universidade Católica Porto.

É importante para a economia portuguesa a existência de grupos económicos portugueses seja sob a forma de conglomerados, gestão de portefólio ou verticalizados? Qual é a vantagem?
A resposta de economista é "depende". Se esses grupos contribuírem para uma mais eficiente afectação de recursos (seja pela via de economias de escala ou de gama), diminuição da incerteza e instabilidade e alavancagem da presença nos mercados internacionais, então serão uma coisa boa. Se os grupos forem sinónimo de grupo de pressão, instrumento e pretexto de políticas de protecção a certos interesses económicos, então nada de bom daí virá para a economia portuguesa. O que é que a experiência nos tem mostrado? Em Portugal há uma certa esquizofrenia entre, por um lado, o complexo do país pequeno que pensa que para ser competitivo tem de ter grandes empresas ou grupos económicos e, por outro, a deificação das PME (ou, das start-ups…). Sebastianismos à parte, recomenda-se que se olhe para tudo isto numa lógica menos normativa. Os números e a experiência, dizem-nos que, em regra, o desempenho dos conglomerados pouco ou nada acrescenta à soma das partes. Já os grupos que diversificam com base num núcleo de competências (sejam produtivas, sejam comerciais) parecem ter mais sucesso. Da mesma forma, há PME fracas e outras boas. O denominador comum do sucesso? A qualidade da gestão. É essa a pergunta que nos deveríamos fazer: são as empresas portuguesas, grandes ou pequenas, isoladas ou em grupo, bem geridas? É a qualidade da gestão, e não o tamanho, que faz a diferença. Como a melhorar?

O fim de grandes grupos financeiros nacionais pode ter impacto na economia e nas empresas portuguesas?
A pergunta tem algo de retórico: mesmo que, talvez com a excepção do BES, seja duvidoso ter havido grandes grupos financeiros em Portugal, as consequências da ruina do que havia levam a perguntar se não estaríamos (estaremos) melhor sem eles. Coisa diferente é saber se a existência de um único grande banco nacional (a CGD) será suficiente para impor uma disciplina concorrencial ao restante sistema financeiro, de modo a assegurar condições de financiamento que não lesem a competitividade das nossas empresas. A resposta não é óbvia: na generalidade dos países, os bancos nacionais são… nacionais. Mas, na banca como noutros sectores, ser nacional não é em si bom ou mau. Bancos nacionais estiveram envolvidos em todo o tipo de ruinosos compadrios. Em vez de nos preocuparmos com jogos de bastidores, talvez fosse de concentrarmos as diligências em fazer da CGD uma entidade adequadamente provida de capitais, um banco de referência, bem gerido. Sobretudo bem gerido.

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