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A inovação não se faz só porque se quer

Perguntas a José Manuel Fernandes, presidente da Frezite Group

25 de Junho de 2013 às 11:00
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Qual foi o principal impulso que o levou a apostar na inovação como parte estratégica da sua empresa?

A inovação é hoje uma das componentes da estratégia da empresa, com mais valor na projecção da vida das empresas, quanto ao seu futuro. Não se trata propriamente de um impulso, mas de uma disciplina em prol do crescimento e da capacidade concorrencial nos mercados.

Se há 35 anos quando iniciamos a nossa actividade, a componente manufactureira era determinante, cedo descobrimos que o evoluir pelo "engineering", sob a solicitação dos mercados pela "customização", a componente na estratégia pela inovação era a solução determinante.

 

Como é que funciona o sistema de inovação e como é se caracteriza (inovação de produto, processo, gestão)?

O sistema de inovação é acima de tudo uma cultura pró-activa de mudanças para melhor, que toda a equipa tem de possuir. Só assim é que funciona, com resultados. A inovação não se faz por decreto, numa empresa, não obstante a mesma já estar abraçada por uma certificação com procedimentos, em que quem domina são as tecnocracias geradoras de serviços. Esta certificação é dominada pela norma EIC NP4457 IDI, em que a Frezite também está certificada.

A necessidade de inovar tem como origem, a capacidade competitiva da empresa, a capacidade diferenciadora na oferta em produtos e serviços, a capacidade de entrada em novos mercados e nos seus processos de gestão pela redução de tempos de execução, com redução dos custos.

Outra das ferramentas da inovação, são os sistemas de gestão da qualidade, pela informação que desencadeia através da análise sistemática das não conformidades e das reclamações.

 

Como é que se relaciona com o sistema universitário de investigação?

O relacionamento do Frezitegroup, com o sistema universitário de investigação é bom, mas sentimos que podia ser melhor. Dentro das instituições de investigação ligadas às Universidades, podíamos encontrar uma maior sensibilidade vocacional de responder com maior eficiência às empresas, quer na rapidez na formação de equipas de investigação, composição de respostas por contractos bem estruturados e relações públicas organizadas como têm as empresas.

 

Quais são as principais dificuldades de uma empresa inovadora em Portugal?

Como principais dificuldades temos a falta de jurisprudência em protecção da propriedade industrial, copia-se muito, falta de fiabilidade no "out-sourcing" existente nos contractos com terceiros e falta de disciplina contractual nas instituições tecnológicas, que são parceiros no desenvolvimento em projectos de I&D, por falta de algumas rotinas.

 

Ter produtos inovadores facilita a internacionalização e a exportação? Como é se vende a tecnologia Made in Portugal?

Sem dúvida. São práticas estratégicas para conquistar, ou manter as empresas na posição favorável aos seus processos de exportação ou de internacionalização.

 

Ter produtos e serviços inovadores é importantíssimo, em particular na formação de sucursais no exterior, em processos de internacionalização. Em muitos casos a componente mais forte associada à inovação tem de ser preço mais competitivo, contudo o que tem de sobressair em primeiro plano é a diferenciação em relação à concorrência.

 

Portugal hoje já é visto de uma forma diferente, comparado com algumas décadas atrás. Temos de mostrar mais ao exterior os factores competitivos dos portugueses, sua capacidade diferenciadora, seu legado histórico para a história da humanidade, tudo que fazemos na ciência, etc. Esta é a verdadeira marca de Portugal pelos conteúdos e pela imagem que todos geramos, pelo exemplo positivo de cada empresa, cada instituição, pela arte, pelo desporto, pela ciência e investigação e por um povo educado e com orgulho de ser português, mas nunca por publicitar e gastar fortunas isoladamente com o "From Portugal", como marca isolada e discreta.

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