Outros sites Medialivre
Notícia

A arquiteta da arte urbana que criou o Wool

Lara Seixo Rodrigues fundou o festival de arte urbana Wool, na Covilhã, em 2011. Arquiteta de formação, percebeu como a arte e a criação artística no espaço público têm um poder transformador mais imediato.

31 de Maio de 2024 às 15:00
Lara Seixo Rodrigues, curadora de arte urbana
Filipe Pinto
  • Partilhar artigo
  • ...
A protagonista da conversa "Traços de Inspiração", com Ângela Gonçalves Marques da CMTV, nasceu na Covilhã e estudou Arquitetura na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa e na Universitat Politècnica de Catalunya Barcelona. Quando se licenciou havia uma crise na área e alguns dos seus colegas não chegaram a exercer. Durante dez anos teve a sorte "de poder construir e desenhar muito, e de ganhar prémios". Mas um dia a arte urbana mostrou-lhe outro caminho e tornou-se curadora e empresária de arte e cultura, quando, em 2011, criou o Wool, um festival de arte urbana que se realiza entre 6 e 16 de junho, na Covilhã, e cujo nome "wool" (lã) é um trocadilho fonético com "wall" (parede). No que é também uma homenagem à matéria-prima da região, a lã.

O Wool surgiu do desejo de transformar o centro histórico da Covilhã. "Com este instrumento - a arte e a criação artística no espaço público -, fui percebendo que o que eu gostava em arquitetura, que era transformar as cidades e a vida das pessoas e garantir mais qualidade de vida, se conseguia fazer através da arte urbana, e era muito mais rápido e com efeitos mais prolongados e de sustentabilidade", explicou Lara Seixo Rodrigues.

O Wool - Festival de Arte Urbana da Covilhã, que nasceu de uma candidatura a um subsídio da Direção-Geral das Artes, conta com o apoio da Câmara Municipal da Covilhã e 30% de financiamento de empresas locais. "Só existe porque a comunidade puxa pelo festival, caso contrário já nem existiria", sublinhou a curadora.

Hoje existe o roteiro Wool com mais de 48 intervenções no espaço público do centro histórico da cidade. Os projetos em arquitetura tardavam seis a oito anos a serem concluídos e quando estavam construídos "já nada tinham a ver com o território onde estavam inseridos. Com a arte urbana percebi que era muito mais rápido e conseguíamos atuar especificamente no tempo e no momento que era necessário".

Os frutos do festival

Foi também criada, a reboque, a Mistaker Maker, uma plataforma de intervenção artística. "Queremos usar a arte como instrumento de transformação social, cultural, económica, turística e como valorização, ou seja, desenhamos projetos artísticos que acrescentem valor aos territórios e às comunidades", explicou Lara na conversa que decorreu na conferência.

Quando fundou o festival Wool, Lara Seixo Rodrigues pensou que seria a população universitária jovem a aproximar-se mais da arte urbana, mas depois percebeu que, pelo contrário, "até foram os mais idosos que se aproximaram a querer saber tudo sobre o que estávamos a fazer".

Um dos workshops que realizaram foi particularmente revelador. "Percebemos que, naquelas oito horas em dois dias, a transformação dos idosos foi enorme, houve um empoderamento, uma visibilidade e uma redescoberta de si próprios". Assim nasceu o LATA 65, um projeto pioneiro a nível mundial, que, além de percorrer Portugal já esteve no Brasil, Espanha, Estados Unidos, Reino Unido, e no Canadá.

Em Aberdeen, o grupo com que trabalharam, criou os Grafitters Grannies, que continua a ir para a rua e já desenvolveu projetos em escolas, em prisões, entre outros.
Mais notícias