- Partilhar artigo
- ...
Foto em cima: Segundo os especialistas, "a tecnologia não se apresenta como um substituto dos profissionais de saúde, mas sim como um aliado indispensável na construção de um sistema de saúde mais ágil, acessível e centrado no doente".
A discussão centrou-se na forma como a inteligência artificial (IA) e outras inovações estão a transformar a prática médica, permitindo uma maior eficiência, proximidade com os doentes e avanços significativos na investigação científica. Os especialistas abordaram também os desafios éticos e regulamentares que acompanham esta revolução tecnológica, sublinhando a necessidade de um equilíbrio entre inovação e segurança.
Afonso Dias Alves, board member da Promptly Health, destacou a segurança da IA no contexto europeu, referindo que "a inteligência artificial já nos permite ter uma segurança elevada", assegurando que "os médicos podem confiar na regulamentação europeia". Explicou ainda que a União Europeia impõe um rigoroso processo de validação e supervisão humana na aplicação da IA na medicina, garantindo que os algoritmos não substituem a decisão clínica, mas sim a complementam. "Este Espaço Europeu de Dados de Saúde vai-nos permitir ter um nível de segurança francamente elevado", reforçou.
Hugo Marques, head of digital & automation da Siemens Healthineers Portugal, abordou a forma como a tecnologia está a desburocratizar o trabalho dos médicos e a devolver-lhes tempo para a proximidade com os doentes. "O médico pode, agora, começar a ter mais tempo para uma maior dedicação aos cuidados de proximidade, aos doentes na comunidade, mas com o plus dos superpoderes da tecnologia", afirmou. Como exemplo, referiu a possibilidade de realizar uma TAC dentro de uma ambulância, permitindo diagnósticos em tempo real e acelerando processos de tratamento. Mencionou ainda a crescente descentralização dos serviços de saúde, possibilitada por dispositivos portáteis e conectividade remota. "Hoje conseguimos ter um radiologista centralizado a interpretar exames feitos a quilómetros de distância, garantindo diagnósticos mais rápidos e eficazes", acrescentou.
Head of Medical Systems da Fujifilm Portugal
Ricardo Amado, head of medical systems, da Fujifilm Portugal, corroborou esta visão, considerando que "o choque tecnológico vai ajudar a recuperar o médico de antigamente, mais humano e com mais tempo para lidar com o doente". Na sua opinião, as novas ferramentas tecnológicas não substituem os profissionais de saúde, mas sim potenciam a sua capacidade de resposta e personalização dos cuidados. "Estamos a devolver o médico à sua vocação original: tratar o doente e não apenas a doença", afirmou. Destacou ainda que a incorporação de inteligência artificial em equipamentos de imagem médica tem permitido reduzir erros de diagnóstico e aumentar a precisão das avaliações clínicas, beneficiando tanto médicos como pacientes.
O debate evidenciou um consenso sobre o papel crucial da tecnologia na evolução da saúde. Se, por um lado, há desafios regulatórios e éticos a superar, por outro, as vantagens são inegáveis: maior eficiência, melhores diagnósticos e um regresso à humanização dos cuidados médicos. Além disso, discutiu-se o impacto financeiro destas inovações, refletindo sobre como os custos de implementação tecnológica podem ser compensados pelos ganhos em eficiência e redução de hospitalizações evitáveis.
Em suma, a tecnologia não se apresenta como um substituto dos profissionais de saúde, mas sim como um aliado indispensável na construção de um sistema de saúde mais ágil, acessível e centrado no doente. O futuro da medicina está a ser moldado pela inovação tecnológica, e é essencial garantir que este progresso seja conduzido de forma ética e sustentável, pondo sempre o bem-estar do doente no centro das decisões.