- Partilhar artigo
- ...
Na conferência Portugal Health Summit, iniciativa da Lusíadas Saúde, Jornal de Negócios e revista Sábado, esteve para já em foco o impacto do envelhecimento populacional, com o presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos, Gonçalo Saraiva Matias a alertar que Portugal é o quarto país mais envelhecido do mundo, bem como as doenças como as demências, a saúde mental ou a oncologia, cujas estratégias de prevenção e inovação terapêutica foram analisadas por um painel de especialistas.
A sessão de abertura contou com as boas-vindas de Ana Dias, administradora da Medialivre e de Luís Drummond Borges, CCO da Lusíadas Saúde, que sublinharam a importância da promoção de um debate alargado sobre a evolução do setor. Ana Dias destacou a oportunidade de a Medialivre, juntamente com vários stakeholders da área da saúde, "poder contribuir na organização de eventos, como o Portugal Health Summit, que promovem um futuro mais promissor para os cuidados de saúde em Portugal".
Luís Drummond Borges também elogiou a iniciativa, que diz ser "uma ‘sede’ de reflexão e partilha de conhecimento que olha para o presente e que pensa no futuro".
"Queremos ser elementos ativos na Saúde em Portugal e endereçar os diversos desafios como são a acessibilidade à saúde ou o envelhecimento da população", sublinhou o CCO da Lusíadas Saúde.
O 4º país mais envelhecido
A manhã arrancou com a intervenção de Gonçalo Saraiva Matias, presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos, numa keynote sobre "A Nova Demografia a
Transformar-nos", que abordou o impacto das mudanças populacionais na organização dos sistemas de saúde.
O responsável lembrou que "Portugal é o quarto país mais envelhecido do mundo", considerando que "tem o seu futuro comprometido a prazo", nomeadamente porque "esse mesmo envelhecimento tem tendência a aumentar". De acordo com o presidente da Fundação Francisco Manuel do Santos, "os custos com o envelhecimento populacional são já de 27% do PIB, sendo expectável que em 2050 existam 3,3 milhões de idosos". O orador mencionou também o importante papel da multiculturalidade nesta nova demografia, realçando que, no futuro, o país terá de se adaptar a esta nova realidade, e lidar da melhor forma com "os 1,4 milhões de imigrantes a viver em Portugal".
As Doenças do Futuro
Seguiu-se o painel "As Doenças do Futuro", no qual um grupo de especialistas analisou as condições que deverão marcar a medicina nos próximos anos. A mesa contou com a participação de Eduardo Infante de Oliveira (cardiologia de intervenção e coordenador de cardiologia do Hospital Lusíadas Lisboa), Henrique Prata Ribeiro (psiquiatra no Hospital Beatriz Ângelo), Hipólito Nzwalo (neurologista do Cluster Lusíadas Algarve), Paulo Cortes (oncologista no Hospital Lusíadas Lisboa) e Catarina Saraiva (coordenadora de endocrinologia no Hospital Lusíadas Lisboa), sob a moderação de Eduarda Reis, chief medical officer do Grupo Lusíadas Saúde.
Na sua intervenção, o neurologista Hipólito Nzwalo defendeu que "é possível prevenir as demências em Portugal" e que "vamos assistir a um antecipar do diagnóstico dos doentes, o que nos dará mais tempo e atuar numa fase pré-sintomática das doenças, nomeadamente da doença de Alzheimer". O psiquiatra Henrique Prata Ribeiro lançou o repto de no futuro, "também a doença mental poder ser prevenida, conseguindo identificar – como acontece em outras doenças físicas – precocemente os sintomas da doença mental, nomeadamente com mais tecnologias de imagem".
Eduardo Oliveira considerou que "se adivinham inovações terapêuticas na área da genética que vão permitir antecipar o diagnóstico", mas para o cardiologista, "o grande problema no futuro será mesmo, com o prolongar da esperança média de vida, lidar com esse mesmo envelhecimento, e com as doenças crónicas".
Vacinas para o cancro
Paulo Cortes lembrou, no debate, que "a oncologia é uma doença do envelhecimento" e mostrou que o futuro da saúde pode ser o ‘hoje’, afirmando que "estamos a um passo de ter vacinas personalizadas contra o cancro". Por fim, a endocrinologista Catarina Saraiva salientou que "com o envelhecimento aumentam as doenças endócrinas, nomeadamente a diabetes e a obesidade" e que, como tal, "a aposta do futuro deverá ser na prevenção, melhorando os estilos de vida para mitigar esse impacto que está e vai acontecer mais no futuro".
A saúde mental também esteve em foco, com a keynote "Preservação, Promoção e Reação", apresentada por João Francisco Lima, fundador da MindMatch, que destacou a necessidade de novas abordagens para o bem-estar psicológico.