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Os testes de stress à banca europeia, realizados pelo Banco Central Europeu e pela Autoridade Bancária Europeia, tinham como objectivo trazer tranquilidade para o mercado. Frankfurt quis passar a ideia de que assumia, a 1 de Novembro de 2014, a supervisão dos bancos mais importantes da Europa, entre os quais BCP, BPI e CGD, com o balanço limpo.
Foi por esse motivo que, além dos testes, também se fez uma avaliação abrangente aos activos do sector financeiro, de modo a ver se estes estavam a ser bem avaliados pelos próprios bancos. No conjunto das provas, 25 bancos ficaram aquém do exigido. O BCP foi um deles – foi o único em Portugal a chumbar nestes testes de esforço. Ao longo do ano, foi empreendo medidas que permitissem colmatar a falha e chegar a 2015 com os rácios alinhados com a restante banca portuguesa e acima do solicitado pelos reguladores.
O BES acabou por não fazer os testes de stress nem a chegar a 2015: deu lugar ao Novo Banco, que cumpre os rácios de solidez financeira necessários. O próximo ano chega, assim, com os principais bancos portugueses a respeitar, na óptica do seu supervisor, o capital necessário para enfrentar os riscos que poderão estar por aí.
Entre os riscos a que o sector financeiro mais está exposto é a evolução da economia. As estimativas oficiais apontam para a recuperação e para a continuação do desenvolvimento económico. Mas a Europa continua numa frágil situação e com um novo foco de turbulência política, dada a possível viragem à esquerda anti-austeridade na Grécia. Um cenário que pode dificultar o crescimento sustentado da concessão de crédito, o negócio central da banca.
Para além disso, de modo a acompanhar o crescimento económico, os bancos precisam de tirar um peso sobre si: saber quais os custos que poderão enfrentar com a venda do Novo Banco. A injecção de 4,9 mil milhões de euros nesta instituição foi feita através do fundo de resolução da banca que, para isso, recebeu 3,9 mil milhões de dinheiros públicos. Será a venda do Novo Banco a pagar a capitalização. Mas é preciso que haja uma instituição disposta a pagar os 4,9 mil milhões para a banca não enfrentar perdas e recuperar também o seu próprio investimento. O Banco de Portugal já garantiu que qualquer devolução não irá colocar em perigo a solidez das instituições.
A acrescentar a isso, a banca quer reduzir os custos. Neste caso específico, o BPI está mais à frente porque já devolveu toda a ajuda estatal recebida. Mas BCP, CGD e Banif ainda têm dinheiro para devolver. Só o conseguirão fazer se o Banco de Portugal considerar que têm solidez financeira para isso.
Evolução da economia
O Governo e o BdP esperam um avanço do PIB de 1,5%, o segundo crescimento consecutivo. Contudo, a frágil recuperação da Europa e o fantasma da deflação são ainda desafios.
Devolver ajuda estatal
A devolução (de parte) da ajuda recebida do Estado pelo BCP, CGD e Banif será bom sinal: reduz os custos e mostra solidez, já que só assim o regulador dará luz verde a esse reembolso.
Negativos
Venda do Novo Banco
A venda do Novo Banco é uma das incertezas para a banca. Qualquer preço pago abaixo de 4,9 mil milhões de euros terá de ser suportado por um sector financeiro que quer sair das perdas.
Qualidade dos activos
Além dos testes de stress, o BCE fez uma avaliação à qualidade dos activos da banca europeia. Pelo meio, o BES foi alvo de uma medida de resolução. E o BCP falhou uma das provas feitas.