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George Brooks: "Estamos a tirar o robô do humano"

George Brooks defende que as máquinas vão assumir cada vez mais as actividades rotineiras e cansativa, porque o principal motor para a inovação real está nas pessoas.

Filipe S. Fernandes 05 de Dezembro de 2016 às 14:19
Inês Gomes Lourenço
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O negócio digital e as competências digitais são a chave para o crescimento futuro de Portugal, que tem um baixo nível de formação, uma população em envelhecimento. Por isso George Brooks, partner e people advisory services da EY, refere que hoje "os modelos de formação e educação também beneficiam da tecnologia e da inovação. É verdade que o envelhecimento da população precisa de ser integrado na era digital".

Como é o retorno ao ser humano na era digital? É necessário repensar o humano como uma vantagem competitiva?
As máquinas vão assumir cada vez mais as actividades rotineiras e cansativas, porque o principal motor para a inovação real está nas pessoas, sobretudo as excepcionalmente talentosas. Significa que estamos o tirar a robô do humano, o que nos libertará para uma interacção mais criativa, face a face, que é o coração da inovação. Mas para fazer isso, as organizações devem repensar as estruturas actuais e passar de uma estrutura de silos descendentes para redes baseadas em equipas. Esta mudança estrutural implica uma maior importância das soft skills. Com tanta ênfase na inovação digital, perdeu-se o foco de que são soft skills que estão a moldar o novo ambiente de trabalho: a capacidade de interagir e de trabalhar em equipa; ser ágil, e flexível no pensamento e nas reacções, ter capacidade de adaptação a novas realidades, e, aspecto mais crítico, ser empático como líder.

"As máquinas vão assumir cada vez mais as actividades rotineiras e cansativas, porque o principal motor para a inovação real está nas pessoas, sobretudo nas pessoas talentosas."

"O trabalho é cada vez mais definido como uma experiência em que apenas as melhores experiências retêm os melhores talentos."

Como se gere o talento na era digital?
Há muito anos, o candidato a emprego competia para se destacar e ser seleccionado por um empregador em que havia, muitas vezes, mais candidatos do que vagas de emprego. Hoje, a dinâmica inverteu-se. Agora, os empregadores competem agressivamente para serem vistos como atraentes para um número cada vez menor de candidatos qualificados. Agora são os candidatos que escolhem a empresa, e não o contrário.
Atrair e gerir o talento na sequência desta mudança será radicalmente diferente do que era no passado. Até mesmo a ideia de 'gestão' do talento já não está em voga. O trabalho é cada vez mais definido como uma experiência em que apenas as melhores experiências retêm os melhores talentos.
Para se tornar o empregador atractivo tem de ser capaz de avaliar se a sua equipa de liderança aceita e facilita a inovação digital e a mudança organizacional. As empresas podem aproveitar a tecnologia digital para criar uma vantagem competitiva na atracção de talentos. Depois re-imaginar a experiência dos funcionários, tratando-os como consumidores de uma experiência empresarial tal como faria com seus clientes. Ser claro e criar processos de gestão para apoiar trabalhadores contingentes e trajectórias de carreira para talentos digitais críticos. Deve repensar a noção tradicional de "trabalho flexível" para incluir novas abordagens para a formação de equipes e o design de escritórios. E reconhecer que a natureza da remuneração e dos benefícios está a mudar e deve ser flexível e aberto a novas abordagens para medir, incentivar e recompensar o desempenho dos funcionários.

O que será necessário para liderar na era digital?
Para serem competitivas, as organizações devem identificar líderes com capacidade de sucesso no local de trabalho do futuro. A liderança na era digital requer um novo conjunto de capacidades para lidar com grandes quantidades de informação e com uma força de trabalho multigeracional num mundo de negócios hiper-competitivo.
Implica um conjunto de alterações como a necessidade de trabalhar em cooperação com uma comunidade diversificada de outras pessoas, ou virtualmente, para construir consensos e tomar decisões conjuntas para alcançar objectivos comuns. Liderar equipas virtuais através do uso de tecnologias, ferramentas, métodos e estilos interpessoais apropriados para formar, desenvolver, orientar e motivar equipes remotas, dispersas ou separadas fisicamente para alcançar os resultados e objectivos de negócios. Estabelecer e manter relacionamentos identificando, compreendendo, apreciando, valorizando e compartilhando os sentimentos dos outros; tentando activamente entender o que os outros querem. Além de investir tempo e energia na constante aprendizagem procurando activamente compreender o mundo digital em toda a sua complexidade.


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