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A imprevisibilidade é a marca do futuro

Os líderes dos grupos temáticos como o Talento, as Comunidades, a Segurança e Legal, Cliente, Estilos de Vida e Competitividade falaram sobre o presente e o futuro do digital, partir da situação actual para encontrar novos caminhos e desenhar uma estratégia e um plano.

Filipe S. Fernandes 05 de Dezembro de 2016 às 14:56
Um debate que convergiu na necessidade de encontrar novos caminhos. Inês Gomes Lourenço
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I. O choque da revolução digital

"À revolução digital é um choque" assinalou Luís Florindo, Executive Director da EY, que moderou o debate sobre o Futuro Digital de Portugal, o que levou Bento Correia, chairman da Vision Box, a referir que "não é um choque mas tem momentos chocantes como os ciberataques em larga escala a empresas e organismos governamentais". Sublinhou que a tecnologia e a massa de dados colocam não só questões de segurança como de privacidade, que são recursos valiosos. "Hoje em dia as empresas mais valiosas do mundo são as que manipulam informação a partir de uma base tecnológica como o Facebook, Amazon, Apple, Google".

Por sua vez, Miguel de Castro Neto colocou a tónica no devir das cidades que terão 60% da população, 2% do território, 78% do emprego e serão responsáveis por 60% das emissões de CO2. Isto vai colocar desafios de governo, participação, oportunidades e "o digital pode contribuir para cidades mais coesas e mais inclusivas", o que implica políticas de acesso a dados públicos.

Daniel Bessa destacou "a intensidade, a dimensão e a velocidade com que se esta a processar". A sua preocupação é a organização das empresas portuguesas, que é rígida, hierárquica e pouco preparada para acolher pessoas mais flexíveis e com talento. E esta foi a palavra-chave das intervenções de Marçal Grilo, ex-administrador executivo da Fundação Calouste Gulbenkian, Francisco Veloso, director da Católica Lisbon School of Business. Para o antigo ministro da Educação, "os talentos vão das escolas às empresas e o importante é detectá-los e desenvolvê-los". Alertou para a mudança de paradigma em que a imprevisibilidade será a característica mais importante.

Portugal tem uma combinação de factores muito profícua para a inovação digital como a infra-estrutura em sentido lato, acessos e acessibilidades e recursos humanos flexíveis e capazes de encontrar soluções. Madalena Tomé
CEO da SIBS 

Esta é já uma realidade com que Madalena Tomé, CEO da SIBS, convive . Hoje os "clientes são cada vez móveis e mais globais", por outro lado, vive-se num tempo em que a componente de regulação se confronta com a constante criação de novos standards. Francisco Veloso mostrou que "o digital é um desafio extraordinário de gestão, que pela sua profundidade e extensão implica todas as grandes áreas de gestão".

Para Maria João Valente Rosa o que marca este tempo é a informação e comunicação, a conectividade, a velocidade e a interligação e para isso é preciso conhecimento.

II. A mudança é a única certeza

"A desintermediação está a colocar em causa os fundamentos mais basilares do nosso modelo de vida" considerando que é transversal e passa pelas empresas, as pessoas, as instituições referiu Carlos Lobo, Tax Partner na EY, que moderou o debate sobre o foco estratégico para Portugal no digital, que se focou mais na estratégia e tentou responder à questão para onde vamos. "A digitalização é um processo imparável mas não se saber a que ritmo" e "para isso, é preciso ter os recursos muito bem preparados" disse Eduardo Marçal Grilo, que defendeu um pacto educativo alargado.

A estratégia e os objectivos delineados pelo beyond Portugal Digital Acceleration não tem, segundo Daniel Bessa, a ver com dinheiro mas com "cabeça, com atitudes" acrescentando que as medidas mais promissoras são aquelas que têm a ver com as pessoas.

Francisco Veloso sublinhou a evolução que houve no empreendedorismo nas universidades e que foi "uma alteração significativa do que é a realidade portuguesa". Referiu ainda que a rigidez organizacional não é só portuguesa e em todo o lado têm dificuldade em lidar com a disrupção. Além disso muitas das empresas instaladas vão sucumbir com esta nova realidade digital.

Para Mariana Cascais, "temos uma combinação de factores muito profícua para a inovação e o digital como a infra-estrutura em sentido lato que engloba a comunicação, de pagamentos, rodoviária, conjunto de acessos e acessibilidades que são relativamente únicos". Incluiu a flexibilidade e a facilidade em encontrar soluções por parte dos recursos humanos.

Bento Correia centrou-se nos riscos, sobretudo na falta de percepção e de consciência colectiva dos riscos de segurança digital, e a oportunidade hype do empreendedorismo que Portugal vive.

"Temos de pensar em estratégias, em caminhos porque tudo isto é novo" foi o mote para Maria João Valente Rosa, e esta mudança vertiginosa está a ter implicações a vários níveis na forma como nos relacionamos com os outros, que são os outros, o sítio em que vivemos, as trajectórias de vida, as formas de estar.

O clube dos Champions 

Bento Correia, chairman da Vision-Box.
Daniel Bessa, professor universitário.
Eduardo Marçal Grilo, ex-administrador executivo da Fundação Calouste Gulbenkian.
Francisco Veloso, director da Católica Lisbon School of Business.
Madalena Tomé, CEO da SIBS.
Maria João Valente Rosa, directora da Pordata e professora da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova.
Miguel de Castro Neto, professor na Nova Information Management School. 



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