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Está hoje dispersa pelo mundo mas é em Viseu que a Visabeira mantém a sua sede, onde trabalham cerca de 800 pessoas. É nos dois últimos andares do Palácio do Gelo Shopping (projeto do grupo) que estão os escritórios da empresa, e onde decorreu a conversa com o CEO, Nuno Miguel Marques.
Neste edifício estão os serviços partilhados (contabilidade, serviços centrais e financeiros, controlo de gestão, recursos humanos) que servem todos os negócios da Visabeira no mundo. Está também em Viseu uma parte relevante da atividade operacional, como os projetos de engenharia para as telecomunicações e energia, assim como, por exemplo, os "call centers". Esta centralização permite um melhor acompanhamento e controlo do grupo, a par das sinergias conseguidas.
Somando as pessoas que estão na sede com os outros negócios que o grupo tem no concelho - três hotéis, fábricas na área da cerâmica e de cozinhas e a atividade central do negócio de engenharia de redes de telecomunicações e energia - a Visabeira emprega cerca de duas mil pessoas no total nesta região.
A interioridade não assusta
O facto de se tratar de uma cidade localizada no interior do país, numa cidade onde não há ligação por autoestrada com a capital, por exemplo, nem sequer comboio até Viseu, não impediu que o grupo aqui quisesse manter a sede. "Naturalmente que a cidade podia ser muito mais apetecível e mais atrativa se tivéssemos uma IP3 requalificada e se tivéssemos ferrovia", diz o responsável, admitindo que "seria certamente mais fácil retermos e captarmos outro tipo de recursos, mas não nos focamos nos problemas; temos conseguido captar e reter pessoas".
O gestor lamenta, no entanto, a falta de infraestruturas. "A cidade de Viseu merece uma infraestrutura rodoviária e ferroviária melhor". Nuno Miguel Marques admite que incentivos sob a forma de apoios fiscais e outros atrativos financeiros são sempre relevantes para atrair investimento. Mas sublinha que nada substitui a inexistência de uma infraestrutura rodoviária e ferroviária com qualidade, lembrando que é isso, mais do que muitos outros fatores, que dita a interioridade. "Quando vamos para um país como França, aí sim há interioridade", refere, lembrando que esta, no entanto, não se sente tanto em países como aquele, fruto das infraestruturas existentes, ao contrário do que ironicamente acontece num país tão mais pequeno como é Portugal.
De Viseu para o mundo
Ao todo, trabalham 11.500 pessoas nas várias operações que o grupo tem na Europa e em África. 4500 em Portugal, 2500 em África, e cerca de 4500 no resto da Europa, espalhadas por França, Reino Unido, Alemanha, Itália, Dinamarca e Bélgica. "Vamos acabar o ano com perto de 12.000", adianta o CEO.
Hoje a área internacional já pesa mais de 70% no volume de negócios do grupo e o natural é que esse peso se vá acentuando. "O crescimento lá fora é muito grande", explica Nuno Miguel Marques.
A Visabeira conta crescer cerca de 20% em 2019 face ao ano passado para os 900 milhões de euros de volume de negócios e chegar aos mil milhões em 2020. Para tal contribuem os contratos assinados para execução com os operadores incumbentes dos países onde estão, num valor total de 2,4 mil milhões de euros. É na Europa que este crescimento internacional tem residido.
A atividade do grupo está centrada na Visabeira Global (telecomunicações, construção e energia), que representa cerca de 73% do negócio; a área da indústria, que pesa 19% e inclui a Vista Alegre e o turismo, com negócio em Portugal e Moçambique. A Alemanha é um dos mercados onde a Visabeira deu já conta que quer entrar. "O mercado alemão ainda está muito pouco consolidado na área das infraestruturas de redes de telecomunicações e a Visabeira está bem posicionada para participar nesse processo", estando em cima da mesa a perspetiva de realização de algumas aquisições.
Em áreas não "core" como a saúde, têm estado a ser vendidos os vários ativos. O mesmo tem acontecido no imobiliário.
Perguntas a Nuno Miguel Marques
CEO da Visabeira
"O nosso centro de decisão do grupo está em Viseu"
O CEO da Visabeira defende as vantagens de ter um conjunto de serviços centralizados num só lugar.
Sendo certo que foi em Viseu que a Visabeira nasceu, tendo em conta a dimensão que o grupo entretanto ganhou a nível mundial, porque mantêm a sede neste concelho?
Primeiro porque é uma cidade com uma excelente qualidade de vida. Depois porque é a cidade onde tudo nasceu e onde foi construído o centro de comando de todo o grupo Visabeira. Apesar de 71% do nosso volume de negócios já ser obtido fora de Portugal, continua a ser aqui o centro de decisão e o acompanhamento de todos os negócios. Há muitas funções que estão aqui e que acabamos por puxar dos negócios internacionais para cá e concentramos em Viseu. Temos assim inúmeras sinergias, um maior controlo das operações, e também porque o nosso modelo sempre foi fazer com que as nossas unidades no exterior se preocupassem cada vez mais exclusivamente com os seus clientes e com as suas operações, ficando todo o "backoffice" aqui. As tecnologias de informação evoluíram de tal forma que hoje em dia termos o centro de decisão em Viseu ou em qualquer outro lado é um pouco indiferente.
Mas não é mais difícil, por exemplo, recrutar pessoas e reter talentos?
Apesar da sua interioridade, Viseu é uma cidade que tem conseguido manter um dinamismo muito grande e ser atrativa na captação de pessoas e serviços. Por outro lado, a notoriedade do grupo Visabeira ajuda na contratação, ainda que seja um desafio maior na área da indústria. Para ultrapassar esta dificuldade, tentamos reter o mais possível e apostar na formação de pessoas novas para o grupo. A nossa média de idades está abaixo dos 40 anos.
O crescimento da visibilidade de Portugal nos últimos anos tem afetado positivamente o negócio?
Para o turismo faz sempre diferença. Naturalmente que, crescendo o turismo, cresce a nossa atividade hoteleira. Ao nível dos nossos negócios mais fortes - caso das telecomunicações e energia - ou na cerâmica, não há uma ligação tão direta. Nós para ocuparmos a posição que hoje temos na Europa tivemos de vencer uma série de preconceitos muito grandes. Hoje o grupo Visabeira já conquistou a sua credibilidade. Também na Vista Alegre e na Bordalo Pinheiro, será ainda a qualidade do produto a fazer com que a notoriedade da marca aumente. Não é por ser portuguesa que vai entrar mais facilmente nos mercados.
Neste edifício estão os serviços partilhados (contabilidade, serviços centrais e financeiros, controlo de gestão, recursos humanos) que servem todos os negócios da Visabeira no mundo. Está também em Viseu uma parte relevante da atividade operacional, como os projetos de engenharia para as telecomunicações e energia, assim como, por exemplo, os "call centers". Esta centralização permite um melhor acompanhamento e controlo do grupo, a par das sinergias conseguidas.
Somando as pessoas que estão na sede com os outros negócios que o grupo tem no concelho - três hotéis, fábricas na área da cerâmica e de cozinhas e a atividade central do negócio de engenharia de redes de telecomunicações e energia - a Visabeira emprega cerca de duas mil pessoas no total nesta região.
A interioridade não assusta
O facto de se tratar de uma cidade localizada no interior do país, numa cidade onde não há ligação por autoestrada com a capital, por exemplo, nem sequer comboio até Viseu, não impediu que o grupo aqui quisesse manter a sede. "Naturalmente que a cidade podia ser muito mais apetecível e mais atrativa se tivéssemos uma IP3 requalificada e se tivéssemos ferrovia", diz o responsável, admitindo que "seria certamente mais fácil retermos e captarmos outro tipo de recursos, mas não nos focamos nos problemas; temos conseguido captar e reter pessoas".
O gestor lamenta, no entanto, a falta de infraestruturas. "A cidade de Viseu merece uma infraestrutura rodoviária e ferroviária melhor". Nuno Miguel Marques admite que incentivos sob a forma de apoios fiscais e outros atrativos financeiros são sempre relevantes para atrair investimento. Mas sublinha que nada substitui a inexistência de uma infraestrutura rodoviária e ferroviária com qualidade, lembrando que é isso, mais do que muitos outros fatores, que dita a interioridade. "Quando vamos para um país como França, aí sim há interioridade", refere, lembrando que esta, no entanto, não se sente tanto em países como aquele, fruto das infraestruturas existentes, ao contrário do que ironicamente acontece num país tão mais pequeno como é Portugal.
De Viseu para o mundo
Ao todo, trabalham 11.500 pessoas nas várias operações que o grupo tem na Europa e em África. 4500 em Portugal, 2500 em África, e cerca de 4500 no resto da Europa, espalhadas por França, Reino Unido, Alemanha, Itália, Dinamarca e Bélgica. "Vamos acabar o ano com perto de 12.000", adianta o CEO.
Hoje a área internacional já pesa mais de 70% no volume de negócios do grupo e o natural é que esse peso se vá acentuando. "O crescimento lá fora é muito grande", explica Nuno Miguel Marques.
2.000
Pessoas
Trabalham no grupo Visabeira no concelho de Viseu cerca de duas mil pessoas.
11.500
Pessoas
O quadro de pessoal da Visabeira em todas as geografias ascende a 11.500 pessoas.
71%
Fora de Portugal
Mais de 70% do volume de negócios já é obtido fora de Portugal.
A Visabeira conta crescer cerca de 20% em 2019 face ao ano passado para os 900 milhões de euros de volume de negócios e chegar aos mil milhões em 2020. Para tal contribuem os contratos assinados para execução com os operadores incumbentes dos países onde estão, num valor total de 2,4 mil milhões de euros. É na Europa que este crescimento internacional tem residido.
A atividade do grupo está centrada na Visabeira Global (telecomunicações, construção e energia), que representa cerca de 73% do negócio; a área da indústria, que pesa 19% e inclui a Vista Alegre e o turismo, com negócio em Portugal e Moçambique. A Alemanha é um dos mercados onde a Visabeira deu já conta que quer entrar. "O mercado alemão ainda está muito pouco consolidado na área das infraestruturas de redes de telecomunicações e a Visabeira está bem posicionada para participar nesse processo", estando em cima da mesa a perspetiva de realização de algumas aquisições.
Em áreas não "core" como a saúde, têm estado a ser vendidos os vários ativos. O mesmo tem acontecido no imobiliário.
Perguntas a Nuno Miguel Marques
CEO da Visabeira
"O nosso centro de decisão do grupo está em Viseu"
O CEO da Visabeira defende as vantagens de ter um conjunto de serviços centralizados num só lugar.
Sendo certo que foi em Viseu que a Visabeira nasceu, tendo em conta a dimensão que o grupo entretanto ganhou a nível mundial, porque mantêm a sede neste concelho?
Primeiro porque é uma cidade com uma excelente qualidade de vida. Depois porque é a cidade onde tudo nasceu e onde foi construído o centro de comando de todo o grupo Visabeira. Apesar de 71% do nosso volume de negócios já ser obtido fora de Portugal, continua a ser aqui o centro de decisão e o acompanhamento de todos os negócios. Há muitas funções que estão aqui e que acabamos por puxar dos negócios internacionais para cá e concentramos em Viseu. Temos assim inúmeras sinergias, um maior controlo das operações, e também porque o nosso modelo sempre foi fazer com que as nossas unidades no exterior se preocupassem cada vez mais exclusivamente com os seus clientes e com as suas operações, ficando todo o "backoffice" aqui. As tecnologias de informação evoluíram de tal forma que hoje em dia termos o centro de decisão em Viseu ou em qualquer outro lado é um pouco indiferente.
As tecnologias de informação evoluíram de tal forma que é um pouco indiferente onde temos o centro de decisão.
Mas não é mais difícil, por exemplo, recrutar pessoas e reter talentos?
Apesar da sua interioridade, Viseu é uma cidade que tem conseguido manter um dinamismo muito grande e ser atrativa na captação de pessoas e serviços. Por outro lado, a notoriedade do grupo Visabeira ajuda na contratação, ainda que seja um desafio maior na área da indústria. Para ultrapassar esta dificuldade, tentamos reter o mais possível e apostar na formação de pessoas novas para o grupo. A nossa média de idades está abaixo dos 40 anos.
O crescimento da visibilidade de Portugal nos últimos anos tem afetado positivamente o negócio?
Para o turismo faz sempre diferença. Naturalmente que, crescendo o turismo, cresce a nossa atividade hoteleira. Ao nível dos nossos negócios mais fortes - caso das telecomunicações e energia - ou na cerâmica, não há uma ligação tão direta. Nós para ocuparmos a posição que hoje temos na Europa tivemos de vencer uma série de preconceitos muito grandes. Hoje o grupo Visabeira já conquistou a sua credibilidade. Também na Vista Alegre e na Bordalo Pinheiro, será ainda a qualidade do produto a fazer com que a notoriedade da marca aumente. Não é por ser portuguesa que vai entrar mais facilmente nos mercados.