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Sem a licenciatura em gestão concluída nem uma longa carreira profissional para apresentar, já tem ideias muito claras sobre questões como a inadequação entre o ensino atual e o mundo do trabalho, em que tudo se altera a cada segundo que passa, ou a falácia da imagem idealizada do que é uma start-up.
Do alto dos seus 22 anos, este gestor tem uma máxima: "como a sociedade está hoje em dia, quem tiver mais paciência é quem vai ganhar". E explica porquê. O contexto em que as novas gerações têm crescido, em que o mundo é mediado pelo filtro das redes sociais e feito de "feedbacks" imediatos, afeta a forma como se consome, se estuda, como nos relacionamos e tem, por isso, também impacto na forma como as novas gerações pensam as suas carreiras profissionais. "Esta gratificação instantânea significa que têm uma enorme falta de paciência em tudo. Querem todos ser CEO", diz. Contratar e reter pessoas é hoje muito mais difícil. Na InfiniteBook trabalham cinco pessoas, entre elas os seus pais, que, por circunstâncias diversas, se juntaram ao projeto. Trouxeram a experiência de muitos anos de carreira profissional e a confiança e lealdade ao projeto que Pedro lamenta que atualmente falte tanto.
Pedro Lopes assume, sem pruridos, que teve "muita sorte em conseguir ter este apoio" e sublinha que os pontos de partida não são todos iguais, por mais que se venda a ideia romântica de que qualquer pessoa em qualquer parte do mundo lança uma start-up e obtém de imediato um sucesso estrondoso. "Acho que é importante estragar essa imagem toda. As mentalidades são diferentes e é muito mais fácil em alguns sítios do que noutros". A realidade da sua start-up é, assim, a de uma espécie de empresa familiar invertida, com o filho como fundador e líder, e que nunca deu prejuízo.
Quanto ao curso de gestão, que iniciou há cinco anos no Porto, não parece ter grande vontade de terminar. "Aprendo muito mais por mim. Em dez minutos aprendo o mesmo na internet do que em hora e meia de aula. Para profissões como a de médico ou engenheiro, faz sentido o curso", refere. "Sem sabermos a história do design conseguimos fazer projetos de design. E não é preciso fazer equações diferenciais para treinar o raciocínio. As cadeiras em que vi valor, fiz. Mas hoje um curso não é garantia de nada. Temos de nos diferenciar de outra forma", conclui.
"Feedback" igual ao da venda ao vivo
Grandes distribuidores como a Amazon, a Fnac ou o grupo Auchan estão entre os retalhistas que vendem os produtos da InfiniteBook.
Internet é principal plataforma de venda
Os produtos da InfiniteBook - que incluem os cadernos A6, A5 e A4 reutilizáveis, os marcadores e os kits de limpeza - são vendidos fundamentalmente online. Quer no site da empresa, quer via grandes distribuidores, caso da Fnac, Amazon e Auchan.
Da intenção à compra efetiva
Para que a venda online funcione, explica Pedro Lopes, há que replicar ao máximo o que seria uma venda presencial. Quer isto dizer que o tempo de resposta ao cliente "tem de ser o mesmo do que ao vivo", explica. O objetivo é "remover o máximo de fricção possível" para assegurar que da intenção de compra se passa à concretização, sem o cliente esbarrar na falta de "feedback" e informação.
Um tubarão como acionista
Para poder criar a empresa com Mathew Gerken, cofundador, a opção foi o "crowdfunding". "Nem fazia ideia do que era", admite Pedro. Angariaram 2.300 euros, quase o dobro do pretendido e, assim que Pedro completou 18 anos, lançaram a empresa. Atualmente a InfiniteBook tem quatro sócios, onde se inclui o próprio Pedro Lopes e Tim Vieira, empresário mediatizado pela sua participação no programa "Shark Tank". A Luzboa, empresa de comercialização de energia, também de Viseu, é outro dos investimentos deste empresário.