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Terceira geração Violas embala Cotesi na liderança mundial

Empresa da família Violas lidera o mercado mundial de enfardamento agrícola. Com fábricas em Portugal, Estados Unidos e Brasil, domina toda a cadeia do negócio, da produção ao retalho, factura 200 milhões de euros e emprega 1.150 pessoas.

20 de Outubro de 2015 às 08:00
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"Completei a 4.ª classe no dia 25 de Junho de 1977 e comecei aqui a trabalhar a 31 de Julho. Tinha 12 anos, tenho 60." Das quatro irmãs Paquete que chegaram a trabalhar, em simultâneo, no grupo Cotesi, Ester é a única que por lá continua. Junto ao chão da fábrica, remenda redes de pesca. "Há 38 anos que faço isto. E adoro o que faço", remata.

Ester começou na Corfi, a primeira empresa de cordoaria e fios fundada pelo grupo Violas, em 1943, em Espinho, tendo passado para a fábrica do grupo em Grijó, Gaia, em 2003 – o ano de todas as mudanças na Cotesi. Pedro Violas, representante da terceira geração da família, tinha sido nomeado CEO em Maio. Missão: reorganizar a empresa, fazer um profundo "downsizing" e revolucionar o modelo de negócio.

"Foi definido que o nosso ‘core business’ passaria a ser o ‘crop packaging’ [enfardamento], pelo que deixaríamos de fabricar sacos e telas sintéticas", relembra Violas. O desaparecimento da tecelagem sintética libertou espaço para integrar a produção de fio de sisal da unidade de Espinho na de Grijó. Um processo que levou ao despedimento de perto de mil trabalhadores.

A Cotesi também tinha um nó górdio na estratégia: o circuito da distribuição "estava nas mãos de meia dúzia de clientes", que representava 80% da facturação. "Deixámos então de ser apenas produtores, adquirimos empresas nos nossos principais mercados e passámos a dominar todo o circuito comercial", conta o CEO.

O principal alvo estava identificado e foi prontamente atacado: o gigante mercado norte-americano. Em 2003, a Cotesi comprou uma unidade industrial em Salt Lake City, criou uma distribuidora no Canadá, abriu uma fábrica de fio de sisal no Brasil e adquiriu empresas distribuidoras na Europa.

Em 2005, firmou uma "joint venture" com três gestores da sua principal cliente nos Estados Unidos, onde, em 2009, investiu 12 milhões de dólares na abertura da sua segunda fábrica neste território, que se dedica à produção de rede agrícola. Antes disso, tinha adquirido a distribuidora líder de produtos de enfardamento no Canadá e a europeia SacIndus. Fechou o ciclo de aquisições em 2011, com a compra de mais uma distribuidora nos "States".

Pelo meio, através da aquisição de uma empresa sueca, passou a fabricar, em Grijó, cabos náuticos com a marca Alpha Ropes, que se estreou nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, com uma medalha de ouro e duas de prata. "Isto é uma ‘boutique’ dentro da Cotesi, representa pouco mais do que 1,5 milhões de euros de vendas, mas permite-nos estar presentes nas grandes competições internacionais, como a America’s Cup e a Volvo Racing", sublinha Pedro Violas.

Uma dúzia de anos de revolução na Cotesi em filme agrícola: "Na altura estávamos nas mãos de meia dúzia de ‘dealers’, hoje temos mais de 10 mil clientes; em 2003 tínhamos 1.600 trabalhadores e uma facturação de 50 milhões de euros, hoje temos 1.150 e vamos fechar 2015 acima dos 200 milhões de euros", sintetiza o líder da empresa.

De regresso aos lucros

A Cotesi, garante o CEO, continua a ser líder mundial na produção e comercialização de fios e cordas, sintéticos e de sisal, e terceiro na rede agrícola. Simplificando: no sector do enfardamento (tudo o que permite prender palha, erva e outros produtos agrícolas), a Cotesi é a maior do mundo.

Exporta para mais de uma centena de países, mas só os mercados da América do Norte (55%) e francês (25%) valem 80% dos 191 milhões de euros de facturação em 2014. Depois dos prejuízos em anos anteriores (seis milhões em 2012 e 1,5 milhões em 2013), "fruto das amortizações e dos custos financeiros", fechou o último exercício com lucros de 423 mil euros.

Das cerca de 1.150 pessoas que emprega, 650 trabalham em Portugal, 300 no Brasil e 250 na América do Norte.

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