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Aficionados e curiosos "provam" Gaia com roteiro das caves

Vila Nova de Gaia está à pinha com turistas que querem ver as famosas caves do vinho do Porto. Na calha está uma candidatura à Unesco, para a extensão do centro histórico do Porto a mais zonas da cidade.

Paulo Duarte
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Gaia é igual a vinho do Porto. As caves do século XXI são mais um chamariz de turistas do que um local meramente para guardar e envelhecer vinho. E para os produtores são cada vez mais uma fonte de receitas. Até para uma empresa "nova" como a Churchill’s, fundada em 1981, a primeira do género em 50 anos, ainda que numa lógica mais personalizada. " Se vier sozinho ao centro de visitas vai ter uma pessoa consigo. Um acompanhamento personalizado", conta Maria Emília Campos, directora comercial da sociedade. Anualmente, a Churchill’s recebe 5.000 visitantes, um negócio que gera 400 mil euros.

Em andamento está um projecto para levar um número semelhante de pessoas à Quinta da Gricha, onde a empresa produz os seus vinhos. No futuro, as visitas em conjunto com as vendas no mercado português poderão ajudar a empresa a atingir os 3,5 milhões de euros de facturação, face aos dois milhões que a Churchill’s gera actualmente. Esta estratégia, para Maria Emília Campos, vale mais do que qualquer prémio. "Não vale a pena ir a todos os concursos e pôr etiquetas nas garrafas. Trabalhamos muito com o "connaisseur" e foi muito importante para nós o contacto com o público", adiantou a responsável.

Não vale a pena ir a todos
os concursos e pôr etiquetas nas garrafas. Trabalhamos muito com o ‘connaisseur’ e foi muito importante para nós o contacto com o público.
Maria Emília Campos
Directora comercial
da Churchill’s

As caves de vinho do Porto receberam 851.444 visitantes em 2014, um aumento de 12,2% face a 2013. Os franceses encabeçam o "ranking" da Associação das Empresas de Vinho do Porto, com um total de 145.990 visitantes, seguidos dos espanhóis (119.814) e dos portugueses (112.350).

Este esforço tem tudo para ser reconhecido além fronteiras. Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara de Gaia, salienta a importância das caves no processo para alargar o centro histórico do Porto. "Quando [esta zona] foi classificada como Património da Humanidade, fazia todo o sentido que fosse Porto-Gaia, mas daqui ficou apenas metade da Ponte Luís I e o Mosteiro da Serra do Pilar", lembrou o autarca. Uma "injustiça" que a Câmara de Gaia quer agora desfazer, estando a preparar um pedido de inclusão do centro histórico de Gaia na área classificada da Invicta. "A UNESCO tem ‘timings’ para candidaturas, a próxima será em 2017", ressalvou Eduardo Vítor Rodrigues, enfatizando que as caves do vinho do Porto representam dois terços do edificado desta zona.

Vaporettos a caminho

O limite sul do centro histórico de Gaia alvo do pedido da UNESCO deverá ser o Mercado da Beira Rio, que se encontra degradado e com pouca actividade, mas que vai ser reabilitado e terá uma gestão mista. A Câmara vai lançar um concurso público para concessionar o mercado, por 30 anos, ficando o parceiro privado com a responsabilidade de suportar e executar a obra em 12 meses. O investimento está orçado em 1,75 milhões. "O município não quer repetir o modelo de concessão pura e simples. Vamos ficar a gerir as seis lojas actualmente ocupadas, enquanto o privado assumirá a gestão das outras 12 e as bancas", explicou o presidente da autarquia.

Além disso, Gaia e Porto vão ter dois vaporettos a ligar as duas ribeiras de meia em meia hora, a partir da Primavera . Um projecto anunciado para arrancar no Verão passado, mas do qual nunca mais se ouviu falar. "Só no próximo mês é que devemos ter formalmente o processo fechado", adiantou o presidente da Câmara. O projecto de investimento para ligar as duas margens do rio Douro com as embarcações típicas da italiana Veneza é promovida pela Fladgate Partnership, grupo que detém várias marcas de vinho do Porto, como a Taylor’s, e o hotel de luxo Yeatman, situado na encosta do centro histórico de Gaia.

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