- Partilhar artigo
- ...
Uma política de reestruturação de custos e de diversificação de mercados de exportação foi a estratégia para atenuar o impacto da quebra de consumo de cimento em Portugal, que chegou aos 75%. Filipe Cortinhal, responsável pelo mercado de cimento em Portugal, espera que surja uma nova vaga de reabilitação – nas obras públicas.
A Secil teve prejuízos no primeiro trimestre deste ano, à semelhança do que aconteceu no ano passado. O que os explica?
O investimento numa unidade produtiva no Brasil. Não estou a dizer que seja o único, mas este custo de capital veio provocar resultados líquidos negativos. O resultado operacional é positivo. Há que ter uma estratégia de crescimento, muito a pensar em mercados emergentes, que vai provocar um grande esforço para que venha a compensar no futuro. Não investir seria neste momento morrer.
É sabido que houve um processo de redução de custos, nomeadamente com despedimentos. Prevê nossas iniciativas a este nível?
Não é nossa expectativa. Na origem dessa redução esteve a redução brutal do mercado. [O consumo no mercado de cimento em Portugal passou] de 11 milhões de toneladas em 2000 para 2,7 milhões [numa quebra de 80%].
Considerando as três fábricas, como é que essa evolução se traduziu em facturação?
À medida que foram decrescendo as vendas do mercado interno foram crescendo as vendas de exportação. O pico máximo foram cerca de quatro milhões [de toneladas em 2001]. Estamos com vendas totais de 2,6 milhões. [Mas] obviamente que as vendas para o mercado externo não geram a mesma margem.
Como é que se prevê que este consumo de cimento evolua e porquê?
A nossa previsão é que tenhamos uma aproximação gradual à média europeia [400 kg por habitante, contra 270 Kg em Portugal]. Numa situação de problemas orçamentais resolvidos e com o país a funcionar de uma forma regular, a tendência é para nos aproximarmos. A minha opinião é que vamos caminhar a um crescimento médio de 5% ao ano.
Assente em quê?
Começámos há cerca de 60 ou 70 anos a fazer investimentos estruturais no país: estradas, pontes, viadutos, que vão necessitar de ser reabilitados. Vamos ter deficiências estruturais e de condições de habitação que nos obrigarão a crescer.
Assume que Portugal será capaz de voltar a níveis de investimento que tinha no passado.
A pergunta é por quantos mais anos vamos conseguir estar neste pé. Obviamente que todo o crescimento do sector da construção está um bocadinho dependente da situação económica do país.