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Para já, são as senhas no restaurante da Rua da Cordoaria que vão sendo tiradas. "Temos sempre pessoal à espera", anima-se Ricardo Santiago, filho do dono do restaurante que, em 1985, aproveitou a já existente Taberna Vitória. A história é contada nas paredes interiores do restaurante: é de lá que consta, por exemplo, uma imagem do Expresso de 1996, que custou 400 escudos, que mostra uma esplanada encostada ao edifício.
Hoje, já não é assim. A esplanada está separada e uma parte encontra-se, até, sob um abrigo, com vista para o final da Avenida Luísa Todi. Há senhas a dar vazão tanto para a esplanada como para a parte interior. O número ouve-se dentro e fora. À mesa, o choco chega em tiras, acompanhado de batata frita. "Um prato mega calórico fica bem com batata frita". Há quem peça arroz ou salada. Explica o herdeiro Santiago que o choco para ser frito tem de ser congelado. É por isso que o restaurante abre à segunda-feira, aproveitando a folga da maioria dos estabelecimentos que vive do peixe fresco, que fecham naquele dia. É já congelado que o choco chega, em caixas, ao restaurante. E apesar de haver muito destes moluscos por estas bandas, o que aparece nos pratos é internacional: vem da África do Sul e de Marrocos - o de Setúbal é bom para ser cozido com tinta mas pequeno para ir à frigideira.
O choco frito "não tem nenhum segredo especial", desdramatiza Ricardo Santiago. A adega não é a única neste negócio - muito menos em Setúbal. "O que faz a diferença é [o restaurante] dedicar[-se] exclusivamente a um prato só", explica o jovem que tocou pela primeira vez na frigideira aos 15 anos. "São as mesmas pessoas a fazer há anos". O pai de Ricardo, Leonel, veio do Rei do Choco Frito, também de Setúbal.
São doze as pessoas que, no Verão, trabalham no restaurante - no Inverno, o frio afasta os clientes, logo são menos os funcionários. Mas este ano há uma razão para ficarem mais satisfeitos, segundo opina Ricardo Santiago: "A história do IVA apertou os calos. Agora [com a redução do imposto na restauração], já se consegue sentir outra motivação".
Outro aspecto positivo vem do investimento que será feito na cidade e que poderá ascender a 250 milhões de euros. "Se for para a frente, cuidado com Setúbal", brinca. Há demasiada coisa boa com "o Sado e a Serra" no topo, sublinha. Até porque o choco frito é só para "complementar".
O choco chega ao leo
Há um azulejo na sala interior do Leo dos Petiscos que retrata 1985, o ano da abertura da adega. O rio chega até perto e há por ali muitos pescadores, com a Arrábida ao fundo. Foi nesse ano que, depois de vir da Comporta para o Rei do Choco Frito, Leonel Santiago quis tentar o seu próprio negócio com foco no choco frito.
O choco passa trinta anos
Mais de 30 anos passados, Leonel Santiago ainda está por lá mas é o filho, Ricardo, que vai dar continuidade ao restaurante. O rio está mais recuado, os pescadores estão mais longe, mas a serra continua ao fundo, tal como o restaurante, que mantém o choco frito como prato principal.
O choco vem de África
Antes de chegar às mesas, que já estão com as toalhas aos quadrados vermelhos e brancos, o choco ainda viaja. Vem congelado de África do Sul e de Marrocos. Retirado das caixas, o choco é limpo. Tira-se as peles e as tripas. É cortado em tiras, colocadas dentro de sacos. É nestes sacos que o molusco volta para o frio, mas não para o congelador. Agora, o frigorífico é o destino.
O choco fica pronto
Depois, o choco é lavado e é escorrido. Fica pronto a servir, onde será acompanhado, por regra, por batata frita. A unidade de choco frito é 13 euros, a meia dose fica por 7 euros.