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Não há segredo no choco frito, só "dedicação"

Com o choco do Sado tão perto, é de mares longínquos que vem o molusco frito que pára nos pratos do Leo dos Petiscos. Para comer este “complemento” da oferta de Setúbal, é preciso pedir senhas.

28 de Julho de 2016 às 00:01
Sara Matos
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Londres. Na rua, um turista. Numa mão, um cone #de cartão com batatas fritas. Na outra, outro cone com choco frito. Ainda é preciso tirar senha para o futuro porque tudo isto é ainda um sonho do responsável da Adega Leo dos Petiscos. Mas Ricardo Santiago acredita que será possível apostar na combinação entre o famoso pitéu de Setúbal e a cultura de "fish and chips" da capital inglesa. "Acho que resultava bem", avança.

Para já, são as senhas no restaurante da Rua da Cordoaria que vão sendo tiradas. "Temos sempre pessoal à espera", anima-se Ricardo Santiago, filho do dono do restaurante que, em 1985, aproveitou a já existente Taberna Vitória. A história é contada nas paredes interiores do restaurante: é de lá que consta, por exemplo, uma imagem do Expresso de 1996, que custou 400 escudos, que mostra uma esplanada encostada ao edifício.

Hoje, já não é assim. A esplanada está separada e uma parte encontra-se, até, sob um abrigo, com vista para o final da Avenida Luísa Todi. Há senhas a dar vazão tanto para a esplanada como para a parte interior. O número ouve-se dentro e fora. À mesa, o choco chega em tiras, acompanhado de batata frita. "Um prato mega calórico fica bem com batata frita". Há quem peça arroz ou salada. Explica o herdeiro Santiago que o choco para ser frito tem de ser congelado. É por isso que o restaurante abre à segunda-feira, aproveitando a folga da maioria dos estabelecimentos que vive do peixe fresco, que fecham naquele dia. É já congelado que o choco chega, em caixas, ao restaurante. E apesar de haver muito destes moluscos por estas bandas, o que aparece nos pratos é internacional: vem da África do Sul e de Marrocos - o de Setúbal é bom para ser cozido com tinta mas pequeno para ir à frigideira.

O choco frito "não tem nenhum segredo especial", desdramatiza Ricardo Santiago. A adega não é a única neste negócio - muito menos em Setúbal. "O que faz a diferença é [o restaurante] dedicar[-se] exclusivamente a um prato só", explica o jovem que tocou pela primeira vez na frigideira aos 15 anos. "São as mesmas pessoas a fazer há anos". O pai de Ricardo, Leonel, veio do Rei do Choco Frito, também de Setúbal.

São doze as pessoas que, no Verão, trabalham no restaurante - no Inverno, o frio afasta os clientes, logo são menos os funcionários. Mas este ano há uma razão para ficarem mais satisfeitos, segundo opina Ricardo Santiago: "A história do IVA apertou os calos. Agora [com a redução do imposto na restauração], já se consegue sentir outra motivação". 

Outro aspecto positivo vem do investimento que será feito na cidade e que poderá ascender a 250 milhões de euros. "Se for para a frente, cuidado com Setúbal", brinca. Há demasiada coisa boa com "o Sado e a Serra" no topo, sublinha. Até porque o choco frito é só para "complementar".

Tome nota O choco faz o caminho até ao prato  O Leo dos Petiscos abriu na Rua da Cordoaria, Setúbal, em 1985. Antes, o rio chegava perto; hoje está mais longe. O choco, vindo de África, mantém-se a estrela.  

O choco chega ao leo

Há um azulejo na sala interior do Leo dos Petiscos que retrata 1985, o ano da abertura da adega. O rio chega até perto e há por ali muitos pescadores, com a Arrábida ao fundo. Foi nesse ano que, depois de vir da Comporta para o Rei do Choco Frito, Leonel Santiago quis tentar o seu próprio negócio com foco no choco frito.

O choco passa trinta anos

Mais de 30 anos passados, Leonel Santiago ainda está por lá mas é o filho, Ricardo, que vai dar continuidade ao restaurante. O rio está mais recuado, os pescadores estão mais longe, mas a serra continua ao fundo, tal como o restaurante, que mantém o choco frito como prato principal.

O choco vem de África

Antes de chegar às mesas, que já estão com as toalhas aos quadrados vermelhos e brancos, o choco ainda viaja. Vem congelado de África do Sul e de Marrocos. Retirado das caixas, o choco é limpo. Tira-se as peles e as tripas. É cortado em tiras, colocadas dentro de sacos. É nestes sacos que o molusco volta para o frio, mas não para o congelador. Agora, o frigorífico é o destino.

O choco fica pronto

Depois, o choco é lavado e é escorrido. Fica pronto a servir, onde será acompanhado, por regra, por batata frita. A unidade de choco frito é 13 euros, a meia dose fica por 7 euros.

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