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Quem olha para uma plantação de 1,2 hectares num dia quente de Outono do Poceirão, em Palmela, talvez se deixe romantizar, mas de bucólico o trabalho da Seven Berries tem pouco. Encontrar recursos humanos para os dias de colheita e fazer face à média de 250 mil euros investidos em cada quinta (numa soma de recursos à banca, a fundos do ProDer - Programa de Desenvolvimento Rural e a capital próprio) têm sido tarefas complexas para estes empreendedores que, na maioria, vieram de áreas distantes da agricultura. Por outro lado, o campo exige uma presença imprevista. "Todos os dias há ajustes, seja a nível de rega, pragas, etc.", diz Miguel, da Cand&berry.
Framboesas de Janeiro
Desanimador? Nem por isso, até porque a curva de resultados vai em crescendo. Em breve, a empresa prevê chegar às 150 toneladas de produção e a um horizonte de um milhão de euros de facturação. Valores apenas possíveis porque se agregaram e porque conseguiram aumentar a produtividade das framboeseiras.
Na Wildbessy, por exemplo, as plantas, cultivadas em substracto, crescem em vasos negros dentro de estufas brancas. O facto de não estarem directamente no solo "tem a vantagem da mobilidade", já que, em alturas estratégicas, as plantas são transportadas para arcas a temperaturas entre os 2 e 3°C. "É um período de dormência". Depois regressam prontas a "produzir mais cedo". É desta forma que conseguem comercializar framboesas durante quase todo o ano (com a excepção de Fevereiro e o início de Março), o que permite "ter mais poder negocial".
Entre os 1,2 hectares, há ainda 200 metros quadrados reservados a testes. "São [cinco] variedades novas que testamos em campo, em parceria com uma empresa italiana. Assim estamos na linha da frente", acreditam. Podem descobrir novos sabores, variedades cuja durabilidade seja maior (para já, com a Enrosadira, a duração média é de 12 dias) e plantas em que a colheita seja mais fácil, um ponto a favor para uma actividade 100% manual.
A chegar ao primeiro milhão
Palmela tem muitas horas de sol como substracto produtivo. Mas, sem a ciência, a Seven Berries não poderia pensar em atingir a fasquia de um milhão de euros.
A estratégia
"Só não temos fruto no mês de Fevereiro e na primeira quinzena de Março. Durante o resto do ano produzimos", contam os empresários. Para isso, estudam as fórmulas mais eficazes de poda e submetem as plantas a temperaturas baixas (entre 2 e 3° C), numa espécie de processo de "hibernação" que depois as torna mais produtivas. No final, conseguem ter um melhor poder negocial com os mercados externos, por apresentarem produto em épocas de pouca oferta. Ao mesmo tempo, conseguem distribuir a necessidade de mão-de-obra pelo tempo, estando menos expostos à pressão de encontrar recursos humanos para um dos sectores com maior escassez em Portugal.
Principais concorrentes
Embora as maiores concentrações de produções de frutos vermelhos do país estejam no Algarve e no litoral alentejano, não são os nacionais os principais concorrentes da Seven Berries. Ao exportarem 90% dos frutos, os produtores de Palmela competem essencialmente com o Sul de Espanha e Marrocos.
Perspectivas de crescimento
Actualmente, a produção de framboesas acontece numa superfície total de 7,7 hectares, mas é possível duplicar a área produtiva. O volume de facturação previsto para este ano é de 850 mil euros e a empresa não deverá demorar a chegar ao primeiro milhão, segundo as previsões.