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Tinham-nos avisado que iríamos encontrar limalhas de metal e líquidos químicos, mas a fábrica da Hanon Systems, no Parque Industrial de Carrascas, tem um ar asséptico e geométrico, como num passeio imaginário pela Coreia do Sul, onde fica a sede da marca. Aqui, neste misto de metalomecânica com electrónica, produzem-se compressores de ar condicionado para veículos híbridos e eléctricos. É a única fábrica da Hanon a fazê-lo em solo europeu. Entre os corredores, brancos e sem cheiro, há estações de trabalho translúcidas, ecrãs, robôs e parafusadoras automáticas, um gabinete médico - igualmente branco - para os trabalhadores. Estão a preparar-se para ampliar a unidade, porque vem aí a quarta geração de compressores, de onde sairá um ar condicionado "amigo do ambiente", de tecnologia por enquanto secreta, como refere o director-geral, Paulo Pereira.
A Hanon Systems é uma das maiores empresas do concelho de Palmela e, embora trabalhe exclusivamente para o sector automóvel, não fornece a vizinha Autoeuropa. Em 2016, totalizaram negócios de quase 143 milhões de euros, segundo os dados da Informa D&B. "100% é para exportação", afirma Paulo Pereira, indicando a China - o maior comprador de carros eléctricos do mundo -, a Europa, as américas do Norte e do Sul como os destinos.
Em 2017, a frota eléctrica e híbrida representava 1,4% do mercado automóvel mundial. Mas está a crescer. No mês passado, atingiu-se um novo máximo: quatro milhões de veículos vendidos. E poderá ser este o futuro, também, da fábrica de Palmela, que, nos últimos anos, tem mantido volumes de negócio estáveis e até espera que 2019 se afigure como um ano "de contenção".
O número de trabalhadores sofreu, até, uma redução - eram 488 em 2016 e passaram para 450 no ano seguinte. Paulo Pereira explica: "Tínhamos outra fábrica, em Algeruz, que já não tinha volume e fechou. Isso obrigou a uma reestruturação."
Cadeia mais completa
Desde 1998, o ano em que a Ford (ainda em aliança com a Volkswagen) decidiu investir nesta fábrica de componentes, aconteceram "diversas transformações", recorda o empresário, que acompanhou todo o processo. Mas foi em 2010 que aqui se lançaram os primeiros compressores para veículos eléctricos e híbridos, o que a isolou no panorama dos compressores. Era, então, a "geração 1". Recentemente, já durante a produção da terceira geração, adicionou à metalomecânica a componente electrónica - "o cérebro do compressor" -, tornando a cadeia de produção mais completa e o corpo de trabalhadores mais especializado.
Na área da produção, o nível de automação anda "próximo dos 80%", mas, "mesmo assim, serão sempre precisas pessoas", garante o responsável. Quanto mais não seja, são elas que, longe das máquinas, vão continuar a desenvolver tecnologias ao som dos mercados. Em articulação com os engenheiros da Alemanha e da Coreia do Sul, a investigação de Palmela está continuamente à procura de "alterações nos processos e em detalhes do produto". Foi assim que nasceu a geração 4.
Perguntas a Paulo Pereira
Director-geral da Hanon Systems Portugal
"Vamos ser pioneiros neste produto"
O protótipo que prevê um ar condicionado "amigo do ambiente" foi desenvolvido pela Alemanha, Coreia do Sul e Portugal, mas vai ser testado e produzido em Palmela.
Quanto investe a empresa em inovação?
Para se estar num mercado extremamente competitivo como é a indústria automóvel é da maior importância ter produtos inovadores. Um dos nossos 'mindsets' é produzir algo que possamos reciclar a 100% e, efectivamente, o nosso produto, em fim de vida, é recuperável em termos dos materiais utilizados.
E o ar, em si? É diferente do ar condicionado comum?
Os compressores precisam de utilizar gás refrigerante, mas a tecnologia [compressor de quarta geração] que vamos lançar no futuro é exactamente isso: amiga do ambiente. Não posso revelar qual é, porque está em fase de protótipo, aqui em Palmela. Mas vamos ser pioneiros no seu lançamento deste produto, que já existe noutro tipo de aparelhos, mas não na indústria automóvel.
É por causa disso que vão ampliar as instalações?
Apesar de estarmos a construir um edifício novo, estamos estáveis do ponto de vista de volume [de negócios]. Esperamos é que as coisas se modifiquem nos próximos anos. Tudo o que acontece na indústria automóvel é pensado a longo prazo. Portanto, podemos estar a falar de dois ou três anos até conseguirmos lançar um produto.
A Hanon Systems é uma das maiores empresas do concelho de Palmela e, embora trabalhe exclusivamente para o sector automóvel, não fornece a vizinha Autoeuropa. Em 2016, totalizaram negócios de quase 143 milhões de euros, segundo os dados da Informa D&B. "100% é para exportação", afirma Paulo Pereira, indicando a China - o maior comprador de carros eléctricos do mundo -, a Europa, as américas do Norte e do Sul como os destinos.
Em 2017, a frota eléctrica e híbrida representava 1,4% do mercado automóvel mundial. Mas está a crescer. No mês passado, atingiu-se um novo máximo: quatro milhões de veículos vendidos. E poderá ser este o futuro, também, da fábrica de Palmela, que, nos últimos anos, tem mantido volumes de negócio estáveis e até espera que 2019 se afigure como um ano "de contenção".
O número de trabalhadores sofreu, até, uma redução - eram 488 em 2016 e passaram para 450 no ano seguinte. Paulo Pereira explica: "Tínhamos outra fábrica, em Algeruz, que já não tinha volume e fechou. Isso obrigou a uma reestruturação."
Cadeia mais completa
Desde 1998, o ano em que a Ford (ainda em aliança com a Volkswagen) decidiu investir nesta fábrica de componentes, aconteceram "diversas transformações", recorda o empresário, que acompanhou todo o processo. Mas foi em 2010 que aqui se lançaram os primeiros compressores para veículos eléctricos e híbridos, o que a isolou no panorama dos compressores. Era, então, a "geração 1". Recentemente, já durante a produção da terceira geração, adicionou à metalomecânica a componente electrónica - "o cérebro do compressor" -, tornando a cadeia de produção mais completa e o corpo de trabalhadores mais especializado.
Na área da produção, o nível de automação anda "próximo dos 80%", mas, "mesmo assim, serão sempre precisas pessoas", garante o responsável. Quanto mais não seja, são elas que, longe das máquinas, vão continuar a desenvolver tecnologias ao som dos mercados. Em articulação com os engenheiros da Alemanha e da Coreia do Sul, a investigação de Palmela está continuamente à procura de "alterações nos processos e em detalhes do produto". Foi assim que nasceu a geração 4.
Perguntas a Paulo Pereira
Director-geral da Hanon Systems Portugal
"Vamos ser pioneiros neste produto"
O protótipo que prevê um ar condicionado "amigo do ambiente" foi desenvolvido pela Alemanha, Coreia do Sul e Portugal, mas vai ser testado e produzido em Palmela.
Quanto investe a empresa em inovação?
Para se estar num mercado extremamente competitivo como é a indústria automóvel é da maior importância ter produtos inovadores. Um dos nossos 'mindsets' é produzir algo que possamos reciclar a 100% e, efectivamente, o nosso produto, em fim de vida, é recuperável em termos dos materiais utilizados.
E o ar, em si? É diferente do ar condicionado comum?
Os compressores precisam de utilizar gás refrigerante, mas a tecnologia [compressor de quarta geração] que vamos lançar no futuro é exactamente isso: amiga do ambiente. Não posso revelar qual é, porque está em fase de protótipo, aqui em Palmela. Mas vamos ser pioneiros no seu lançamento deste produto, que já existe noutro tipo de aparelhos, mas não na indústria automóvel.
É por causa disso que vão ampliar as instalações?
Apesar de estarmos a construir um edifício novo, estamos estáveis do ponto de vista de volume [de negócios]. Esperamos é que as coisas se modifiquem nos próximos anos. Tudo o que acontece na indústria automóvel é pensado a longo prazo. Portanto, podemos estar a falar de dois ou três anos até conseguirmos lançar um produto.