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Os bons anos ímpares na vida da Autoeuropa

Em 1991 arranca; em 1997 tem um impacto de 2,2% no PIB; em 2001 atinge o recorde de vendas; 2011 é o segundo melhor ano; e em 2017 "chega" o T-Roc. Eis o motor de muitos milhões.

30 de Outubro de 2018 às 15:30
A Autoeuropa é o motor do concelho de Palmela. Luís Viegas
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Há dois momentos marcantes na vida económica de Palmela. Um foi a construção da Ponte 25 de Abril (então, Ponte Salazar), inaugurada em 1966; outro foi, em 1991, a decisão da joint-venture entre a Ford e a Volkswagen (VW) de implantar uma fábrica no concelho, sob o maior investimento estrangeiro directo no país - de 1.970 milhões de euros. Graças à Autoeuropa, Portugal conta com mais de mil milhões de euros de facturação nas contas anuais. A fábrica pesa cerca de 1% do PIB e posiciona Palmela como o segundo maior exportador nacional, além de ter transformado toda a mecânica industrial à sua volta.

Hoje, são 29 os espaços de actividades económicas identificados pela autarquia local no concelho. Só o Parque Industrial da Autoeuropa congrega 19 fornecedores da Volkswagen. Fabricam tintas, tapetes, portas, pneus, chapas metálicas, eixos, cablagens, bancos, tanques de combustível, sistemas de exaustão.

Com a produção do novo SUV da VW, o T-Roc, iniciada no ano passado, a empresa anunciou que iria precisar de mais 2.000 trabalhadores. Hoje, são perto de 5.000 pessoas a circular nos refeitórios e autocarros da Autoeuropa, e aproximadamente 3.000 nas fábricas de componentes à sua volta, desde a Faurecia, à Vanpro ou à Schnellecke.

A revolução T-Roc

A Volkswagen rejeitou o pedido de reportagem do Negócios na fábrica icónica da Margem Sul, alegando "questões de agenda". Os últimos 15 meses têm sido conturbados na unidade portuguesa daquela que já foi a maior marca automóvel do mundo (no ano passado, foi ultrapassada pela Renault-Nissan), devido às mudanças no esquema organizativo - a fábrica passou de cinco para seis dias de trabalho semanais e está, desde Agosto, a funcionar em horário contínuo, entre outras alterações. As negociações entre a comissão de trabalhadores e a administração prolongam-se, havendo já um pré-acordo em relação a remuneração, compensação e folgas que carece, ainda, do "sim" do pessoal. Esse princípio de acordo é mais próximo do desejo dos trabalhadores, já que determina o pagamento do domingo a 100% e aumentos salariais de 2,9% em cada um dos próximos dois anos. Mas, mesmo olhando para lá das condições laborais, depois do T-Roc, a fábrica de Palmela nunca mais será a mesma. Ainda a quatro meses do fecho de contas, a unidade fabril atingiu um recorde de produção - de 139.667 veículos. E a marca já disse prever mais do que duplicar, este ano, o volume de 2017.

Em 2016, quando a empresa completou 25 anos em solo português, facturou mais de 1,5 mil milhões de euros, segundo dados da Informa D&B. Mil milhões foram exportações, 100% para o mercado comunitário, com a Alemanha como um dos principais mercados. Mas o conjunto das importações também foi significativo - perto de 785 milhões de euros. Segundo a mesma fonte, nesse ano, as vendas caíram (desde 2015, o ano do dieselgate) 14,5% e a variação das exportações foi de -26,95%, num movimento contrário ao que se espera para 2017-2018.

Mas a fábrica já chegou a apresentar volumes de negócios de 2 mil milhões de euros, em 2011 e 2012, segundo a própria marca. Em 2011, foram produzidos 133.100 veículos e atingiu-se o segundo maior volume de vendas (só 2001 foi superior) de sempre, no valor de 2.246 milhões de euros. Isto, depois dos investimentos de 600 milhões de euros em 2003 e de 541 milhões quatro anos depois. Em 2012, foram investidos mais 200 milhões e o período entre 2014 e 2019 representa uma nova fase de investimento, de 677 milhões.

Agora, é a era SUV. A 21 de Novembro, a organização anunciou orgulhosamente: "Esta semana, pela primeira vez na história da Volkswagen Autoeuropa, serão produzidas mais de 800 unidades por dia, um marco que simboliza a nova fase de desenvolvimento da empresa."
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