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Racentro quer reescrever a história das rações em Portugal

Comprada em 2000 pela Lusiaves, a Racentro tem vindo a apostar na melhoria da qualidade. Com 130 funcionários, a empresa de rações prevê arrancar com uma nova unidade fabril dentro de poucos meses, onde irá desenvolver um produto inovador.

18 de Março de 2015 às 00:01
Pedro Elias/Negócios
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Poderia ser a sala de controlo aéreo de um aeroporto, tal a complexidade das imagens na parede e os botões no painel de controlo. Mas não. É o esquema que mostra o percurso da matéria-prima desde que chega à fábrica e é colocada nos silos de armazenamento, passando pelo processamento, até dar origem às rações que todos os dias saem da fábrica da Racentro, em Leiria. Num negócio de margens pequenas e grande volume, a empresa de rações do grupo Lusiaves produz mais de 30 mil toneladas por mês, 370 mil por ano.


Dosear, moer e misturar. O processo de produção não poderia ser mais simples. Depois de chegarem às instalações da Racentro e passarem pelo controlo de qualidade da empresa, os cereais são descarregados nos

O dinamismo do grupo [Lusiaves] tem-nos permitido um crescimento consolidado,
quer em termos económicos, quer a nível de qualidade. 
Teresa Duarte,
Administradora da Racentro

silos de armazenamento. Daí seguem o processo de produção normal. A matéria-prima é doseada, moída e misturada, processo onde se juntam os macroingredientes (cereais) e os microingredientes (aditivos vitamínicos e minerais). Um processo que demora poucos minutos.Três minutos e meio. É quanto leva a produzir 3.000 quilos de ração na fábrica da Racentro em Leiria.


Mas é a frota de 80 camiões que todos os dias entram e saem da Racentro, nos arredores de Leiria, que alimenta a actividade da empresa. São eles que trazem, e depois levam a matéria-prima já transformada em ração para os animais. Basta um camião não sair das instalações da fábrica de rações para perturbar toda a actividade da empresa.


Inserida num grande grupo, a Lusiaves, a Racentro distribui a sua produção por todo o país. "Vamos desde Valença do Minho até Vendas Novas, mas a maior parte da actividade está centrada entre Rio Maior e Tondela", adianta Miguel Loureiro, administrador da Racentro, que acrescenta que mais de metade dos negócios são realizados na zona Centro.


A Lusiaves é o principal cliente da Racentro. A empresa fornece à casa-mãe cerca de metade das 370 mil toneladas de ração que produz por ano, um volume que equivale a 10% do mercado de rações nacional. Mas, esta percentagem pode aumentar quando entrar em funcionamento a nova unidade fabril que a Racentro está a construir.


"Vamos ficar com capacidade instalada para produzir o dobro", explica o administrador da Racentro. Mas mais do que a quantidade destaca a qualidade. "As grandes alterações [em termos de processo produtivo] têm sido no controlo de qualidade", adianta Teresa Duarte, administradora da Racentro. Um aspecto que está no topo das preocupações da empresa, que lida diariamente com a pressão para gerar produtos cada vez melhores para fornecer à Lusiaves, conhecida a nível nacional pela venda de frangos.


E é precisamente isso que a nova fábrica da Racentro vai fazer: inovar. A Racentro será a primeira empresa portuguesa a lançar um produto sem contaminações microbiológicas. "É uma diversificação do nosso produto, que não existe no mercado nacional", explica a administradora da Racentro.


A par da nova unidade fabril, a Racentro está ainda a apostar na diversificação da actividade. Num mercado onde o fornecimento da matéria-prima é essencialmente assegurado pelo estrangeiro, a companhia investiu num secador de milho, com vista a estreitar a relação com os produtores e estimular a produção interna.


"O que pretendemos é ter um contacto mais próximo com os produtores, para poderem secar aqui os cereais e dinamizar esse segmento", realça Teresa Duarte. Uma "pretensão" que pretende mudar um panorama em que "75% do aprovisionamento dos cereais que fornece o mercado nacional é importado, resultado da fraca capacidade de auto-abastecimento que temos a nível nacional".

 

Dólar mais forte, custos maiores

 

O milho e o trigo são as principais matérias-primas consumidas pela Racentro, mas também a Soja faz parte do carrinho de compras. Em função do preço, a empresa poderá comprar mais milho ou trigo. "Nos últimos anos tem sido mais o trigo", conta Miguel Loureiro.


França, países de Leste, Brasil e Argentina estão entre os principais mercados. Se nas compras na Europa, a flutuação cambial não tem impacto nos custos da fábrica, o mesmo não acontece nas importações que vêm de fora do euro.


"A semente tem estado a um preço um bocadinho elevado, face ao que é o normal. Estávamos com alguma expectativa que o preço descesse e de facto o preço em dólares desceu, mas convertido em euros ficou na mesma", detalha Miguel Loureiro. O impacto negativo da factura cambial foi, em parte, anulado pela descida dos combustíveis.


De acordo com Teresa Duarte, "houve uma redução do custo do combustível, mas que diluiu-se um pouco com o imposto do combustível, no âmbito da fiscalidade verde". Com a desvalorização do euro "acabou por se diluir essa vantagem competitiva".


Com 130 funcionários, a Racentro está focada em continuar a crescer. A poucos meses de arrancar com a produção na nova fábrica, prevista para Junho, a empresa de rações garante que vai continuar a contratar.

 

 

 

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