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Alporc: "Não são esquemas de subsídios que salvam a raça"

Conquistar área de montado alentejana aos espanhóis é um dos grandes desafios que a Alporc tem pela frente. Mas é preciso aumentar a rentabilidade do negócio.

23 de Julho de 2018 às 22:30
David Martins
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Como é que a lentidão natural na criação do porco alentejano pode ser lucrativa?

Há alguma inocência em tudo isto, mas só pela qualidade de topo é que conseguimos superar algumas das nossas ineficiências. O porco de Espanha [a principal concorrência], além de crescer mais rápido, muitas vezes, em vezes de ser só ibérico, é cruzado com raças com maior percentagem de presunto e de paleta, portanto, peças nobres, que o valorizam. Isso leva-os para um segmento um bocadinho mais baixo do que o nosso. De qualquer maneira, como em todo o negócio, a concentração e o aumento de dimensão é a regra. Por outro lado, é importante ter uma estrutura funcional como a nossa, um interlocutor que saiba falar, operar, negociar com um banco uma carta de crédito, coisas desse tipo.

 

Qual é a vossa estratégia para aumentar a produção e a rentabilidade?

A nossa estratégia até agora foi aprender a fazer isto. Digo-o com toda a simplicidade. Portugal abandonou este tipo de produção no princípio da década de 1960. Tivemos dois grandes problemas: primeiro um surto de peste - a peste suína africana, que dizimou grande parte das populações; depois, as autoridades acharam que isto era uma área sem futuro e preferiram a cultura [intensiva] dos pavilhões, muito estimuladas por quem queria vender cereais, oleaginosas e bagaços para Portugal, que eram os americanos. Graças a um grupo muito restrito de criadores, dos quais eu faço parte, no início dos anos 1990, constituímos a associação [Associação Nacional dos Criadores do Porco Alentejano (ANCPA)] e fomos aprendendo a produzir.

 

O que vos fez querer recuperar uma área em declínio?

Foi a perspectiva que se começou a ter de que o natural é melhor. Ser biológico ou ser português são também valores importantes... Mas também há um propósito de salvar a nossa raça e não são os esquemas artificiais de subsídios que a salvam, mas a rentabilidade dos agricultores. Agora precisamos de nos afirmar mais e de diversificar a nossa gama de clientes. Já fazemos produtos próprios, por encomenda, como presuntos, paios de lombo e carne, que colocamos em restaurantes de prestígio. Também começámos a comprar em grupo rações, serviços de veterinário, etc. No entanto, para conquistarmos mais área de montado, temos de concorrer com os espanhóis. Vamos ver como corre. 
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