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Os Estados têm de fazer mais nos carros elétricos

Os Estados têm de fazer mais investimento porque foram eles a definir este caminho muito radical no curto prazo, e a indústria está a fazer a sua parte para seguir em frente.

Filipe S. Fernandes 01 de Abril de 2021 às 13:45
João Mendes, Massimo Senatore, Antonio Melica, Nuno Castel-Branco e Zineb Ghout.
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"Ecossistemas elétricos são fundamentais quando falamos de mobilidade elétrica", afirmou Antonio Melica, diretor-geral da Nissan. "Vender veículos elétricos não é a única coisa em que temos de trabalhar, mas também na criação de condições e do ambiente ideal para que os veículos elétricos fiquem integrados no sistema circundante a que chamamos ecossistema".

Na sua opinião, o ecossistema é constituído pela infraestrutura de carregamento, o preço da eletricidade e dos carregamentos, e continuar a trabalhar a tecnologia do vehicle to grid, que a Nissan tem em alguns dos seus modelos.

"Noutros países já é uma tecnologia bastante desenvolvida e regulamentada e resulta ser uma fonte de receita dos condutores dos veículos elétricos que conseguem carregar as baterias do veículo elétrico com tarifas mais baratas e depois voltar a vender essa energia onde a tarifa de energia elétrica é superior", referiu Antonio Melica.

Zineb Ghout, diretora-geral Renault, sublinhou a necessidade de incentivos na mobilidade elétrica para conquistar clientes e fazer o mercado. Referiu que a estratégia do seu grupo construtor tem o compromisso de comercializar "uma gama completa de veículos elétricos e a nossa intenção é democratizar o acesso à eletrificação ao maior número de pessoas".

Os pilares da mobilidade

Para Massimo Senatore, diretor-geral da BMW, há três pilares fundamentais para a criação de uma mobilidade mais sustentável. O primeiro passo é o produto, a disponibilização de mais carros elétricos e "todas as marcas estão a fazer um esforço grande para desenvolver carros".

O segundo pilar é a infraestrutura com a rede de postos de carregamento, a possibilidade de haver parques de estacionamento a custos mais reduzidos para os eletrificados, apoiar em termos de infraestrutura para estes carros. O terceiro pilar é a informação e disponibilizar conteúdos para todos os cidadãos para depois estes poderem tomar uma decisão mais informada sobre isto.

"O peso dos elétricos hoje anda à volta dos 5% do total de mercado e temos de progredir muito mais claramente, precisamos do investimento da indústria mas também dos investimentos dos Estados, pois foram estes que definiram este caminho muito radical no curto prazo e a indústria está a fazer a sua parte para o seguir", afirmou João Mendes, diretor-geral da Peugeot Espanha e Portugal.

Reforçou que o Estado tem de fazer mais no elétrico e no mais curto espaço de tempo possível, porque o parque automóvel em Portugal tem uma média de idade de 13 anos. "Isto significa que um veículo médio hoje emite em termos de CO2 mais de 160 gramas por quilómetro enquanto os veículos elétricos e híbridos têm um nível de emissões muito mais baixo", salientou João Mendes.

2% de veículos elétricos

Nuno Castel-Branco, diretor-geral do StandVirtual, fez uma análise ao mercado de usados elétricos. "É uma evidência o que o consumidor procura, porque a comunicação dos novos modelos está muito dirigida para a gama cada vez mais eletrificada. Mas temos de ter consciência de que o mercado nacional, e o StandVirtual é o reflexo do parque circulante nacional na vertente de usados, hoje em dia tem apenas 2% de veículos elétricos, 98% são veículos a combustão num parque circulante com mais de 4 milhões de carros."

Considera que o facto de a tecnologia não estar numa fase madura e os desenvolvimentos tecnológicos serem permanentes provoca algumas reticências nos consumidores. "Por isso se sentem mais confortáveis em termos de evolução do preço no que são os plug-ins, com os elétricos têm uma desvalorização acima da média. O híbrido a diesel está claramente a desaparecer na sua oferta no StandVirtual", conclui Nuno Castel-Branco.
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