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"Portugal está a dar os passos certos no caminho para a transição energética, com um crescimento significativo tanto da rede de carregamento como do número de carros e de novos utilizadores", referiu Nuno Bonneville, Head of Electric Mobility na Galp, responsável pelo desenvolvimento e expansão da rede de mobilidade elétrica na Península Ibérica. Sublinhou ainda que Portugal superou a fasquia dos 100 mil automóveis 100% elétricos no final de 2023, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), durante uma iniciativa do Electric Summit - um projeto do Negócios, da Sábado e da CMTV, em parceria com a Galp, a REN e a Siemens, e com a EY como knowledge partner e Oeiras como município anfitrião.
Os principais desafios da mobilidade elétrica prendem-se com a infraestrutura, nomeadamente a rede pública de carregamento, que implica custos de desenvolvimento, manutenção e acompanhamento das evoluções do mercado. Trata-se de um negócio ainda muito pouco maduro, o que exige um investimento de capital intensivo. "Instalamos os carregadores com a expectativa de um determinado período de duração, mas o mercado ou a evolução tecnológica pode ditar a atualização antecipada", disse Nuno Bonneville.
Nuno Bonneville salientou que a mobilidade elétrica é, na Galp, um vetor ibérico no caminho para a transição energética. Em Portugal, a empresa detém a maior rede de carregamento público e está presente em vários segmentos, como a rede pública de carregamento e o apoio à eletrificação de frotas de clientes empresariais e particulares.
Head of Electric Mobility na Galp
Em Espanha, o ritmo é mais lento, uma vez que o mercado "está alguns anos atrasado relativamente ao modelo português", afirma Nuno Bonneville. Em Portugal, a Galp dispõe de cerca de 4 mil pontos de carregamento entre os segmentos público e privado. Em Espanha, conta com 1.500 pontos, sobretudo no segmento privado. No negócio tradicional dos combustíveis fósseis, a empresa tem 700 localizações distribuídas pelo país.
As abordagens para os pontos de carregamento elétrico são diferentes nas duas geografias. Em Portugal, os principais entraves são os licenciamentos, que deviam ser mais céleres e simplificados, e a operação da rede de distribuição. Em Portugal, existe apenas um operador de rede de distribuição que serve a mobilidade elétrica, mas que tem de responder a um conjunto alargado de solicitações. "Para instalarmos um projeto de média tensão, demoramos pelo menos um ano e meio até vermos o projeto em operação, seguindo todas as fases do processo, mas a parte mais crítica é a infraestrutura elétrica", afirmou Nuno Bonneville.
Com os municípios, o processo tem funcionado bem, mas cada um tem as suas próprias regras de licenciamento, pelo que seria "bom haver uma harmonização dos princípios para que tudo isto fosse mais facilitado".
Em Espanha, há mais operadores de rede de distribuição e mais níveis de licenciamento, desde o governo local até ao regional e central. "Em Portugal, um projeto de média tensão leva um ano e meio; em Espanha, demora três anos. Muitas vezes, o carregador está instalado, mas tarda dois anos até ser ligado", relatou Nuno Bonneville. Ele espera que a legislação europeia, como o Regulamento da Infraestrutura de Combustíveis Alternativos (AFIR), pressione os países europeus a adotarem medidas concretas para acelerar esta transição energética.