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Nuno Bonneville explica que um carregamento em casa com uma tarifa bi-horária e durante a noite, o custo pode ser de até 3 euros por carregamento para percorrer entre 400 e 500 Km.
Portugal é um país que sempre esteve na vanguarda na adoção de novas tecnologias, e no caso dos veículos elétricos não foi exceção. "Os portugueses foram os early adopters, os primeiros a aderir à mobilidade elétrica", afirmou Nuno Bonneville, Head of Electric Mobility na Galp, responsável pelo desenvolvimento e expansão da rede de mobilidade elétrica na Península Ibérica, durante uma iniciativa do Electric Summit - um projeto do Negócios, da Sábado e da CMTV, em parceria com a Galp, a REN e a Siemens, e com a EY como knowledge partner e Oeiras como município anfitrião.
"O carro elétrico está muito centrado, é muito desenhado como mais uma tecnologia que está fortemente associada à digitalização, tanto do próprio carro como na utilização com as apps", acentua Nuno Bonneville. No entanto, confessa que "a frota eletrificada existente - incluo veículos 100% elétricos e híbridos plug-in - é composta em mais de 60% por empresas, o que demonstra que o utilizador individual está a demorar um pouco mais a aderir".
Destaca o papel importante dos incentivos públicos, sobretudo para as empresas. "Têm benefícios fiscais, o que torna vantajoso fazerem esta transição energética e a renovação das frotas. Esta oportunidade pode ser aproveitada para modernizarem os seus veículos, uma vez que dispõem de muitos benefícios fiscais", considerou Nuno Bonneville.
A massificação dos veículos elétricos passa, segundo Nuno Bonneville, por "um maior esforço dos fabricantes de automóveis. Precisamos de uma paridade entre o preço de um veículo a combustão e um veículo elétrico, porque, no momento da decisão de compra, o consumidor individual tem sempre esse fator como peso determinante".
A bateria e os custos
Relativamente aos custos entre um automóvel elétrico e um carro a combustão, em termos de combustíveis, Nuno Bonneville afirma que "os custos são diferentes, e quem tem a possibilidade de carregar em casa não tem qualquer desculpa para não fazer a transição para o veículo elétrico".
O Head of Electric Mobility na Galp explica que, ao fazer os carregamentos em casa com uma tarifa bi-horária e durante a noite, o custo pode ser de até três euros por carregamento para percorrer entre 400 a 500 quilómetros. "É um preço bastante competitivo e menor face ao dos combustíveis fósseis".
Se optar por carregamentos rápidos ou ultra-rápidos, que permitem carregar entre 20% e 80% da bateria para adicionar entre 200 a 300 quilómetros de autonomia, o custo pode variar entre sete e dez euros. "Ainda assim, muito em linha e abaixo do que se paga por combustíveis fósseis", assinala Nuno Bonneville.
Relativamente ao custo total de propriedade, há uma "diferença significativa". Um carro a combustão possui milhares de peças sujeitas a desgaste, enquanto um carro elétrico tem cerca de 15 componentes principais, o que reduz a necessidade de manutenção. Acrescem os benefícios fiscais, sobretudo para as empresas, mas que também abrangem os particulares. "Durante o período de vida útil do veículo elétrico, temos uma redução muito significativa dos custos em comparação com um veículo a combustão", concluiu Nuno Bonneville.
Eletrificação de frotas e inovações
A eletrificação das frotas das empresas contribui para a descarbonização do país e é um dos objetivos da Galp. Segundo Nuno Bonneville, a empresa adota uma política de consulta ativa. "Aconselhamos, avaliamos a frota, as necessidades, os projetos de expansão e propomos a solução às empresas. Mais do que vender soluções, criamos parcerias e oferecemos produtos de subscrição. Os carregadores são instalados e mantidos, com garantia de ‘upgrade’ tecnológico, através de uma plataforma de gestão dos carregadores e da frota, a Daloop".
Para o carregamento em espaços privados empresariais, a Galp apresenta duas soluções. Na primeira, aproveita-se a infraestrutura da empresa para uma ligação direta, complementada pela plataforma de gestão Daloop, que permite controlar os consumos da empresa. A segunda solução baseia-se no modelo de Detentor de Posto de Carregamento, em que o carregador é instalado e ligado à Mobi-e. Nuno Bonneville sublinha que, neste caso, o carregador também pode ser instalado em casa do colaborador e "funcionar como um benefício".
Reutilizar baterias
Em termos de inovações, a Galp lançou, em julho passado, o projeto Second Life Batteries, em parceria com a BMW e a BeePlanet. Este projeto consiste em reaproveitar baterias de veículos elétricos desgastadas, que ainda têm utilidade como baterias de armazenamento. Estas baterias foram instaladas num contentor equipado com painéis fotovoltaicos e uma ligação à rede de baixa tensão, permitindo o carregamento ultrarrápido de várias viaturas durante o dia.
Outro projeto visa a massificação da eletrificação e envolve a instalação de carregadores elétricos em postes de iluminação pública integrados na rede Mobi-e, em colaboração com a E-Redes. Este modelo já está implementado no Reino Unido e em alguns países europeus.