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Foto em cima | O papel do Estado: Acelerador ou complicador contou com a participação de Pedro Sampaio Nunes, João Galamba e Rui Rei.
"O Estado deve ser sempre facilitador e não ser o que tem sido nas últimas décadas que é ser complicador, mas muito, e distorçor das condições de concorrência. O que temos assistido, e é transversal aos governos de várias cores, é uma visão muito intrusiva sobre qual deve ser a política energética. Não considera o que deve ser a base de um Estado, a neutralidade tecnológica, isto é, permitir que todas as opções sejam tomadas e que os promotores e investidores adotem aquelas que considerem ser melhores", defendeu Pedro Sampaio Nunes, Membro do Conselho Consultivo, iLab - Laboratório de Acção Política da Iniciativa Liberal, durante a mesa-redonda, "O Papel do Estado: Acelerador ou Complicador?", que decorreu na conferência Electric Summit, dedicada ao tema "Energy Outlook 2025: The New Era of Power Politics", uma iniciativa do Negócios, da Sábado e da CMTV, em parceria com a Galp, a REN e a Siemens, contando com a EY como knowledge partner e com Oeiras como município anfitrião.
Para João Galamba, consultor da Enline Energy Solutions e ex-secretário de Estado da Energia, "o Estado é incontornável, deve ser cooperante, mas assumir um papel que é seu, somente do Estado e que são objetivos gerais que não podem ser assumidos por um ator privado". Entende que, "em projetos complexos, como são os do setor da energia, que envolvem sempre o papel do Estado, este está condenado a ser dificultador e acelerador, o que importa é o desenho correto das políticas e a identificação onde se está a fazer bem e onde fazemos mal, e não que situação pós-estado podemos imaginar em que estes problemas seriam solucionáveis".
O modelo impossível
Pedro Nunes Sampaio considera impossível, do ponto de vista técnico, um sistema elétrico alimentado por energias renováveis, como o provam "os laboratórios vivos", que são a Alemanha, a Califórnia, a Austrália, o Texas, a Dinamarca. Em Portugal, "nas últimas duas décadas construiu-se uma potência instalada que é de quase três a nossa ponta de procura, que vai criar a inviabilidade deste modelo. É uma situação que é grave e vejo as pessoas a aceitá-la com tranquilidade, o que é facto é que já tivemos no ano passado preços negativos, que acontecem porque há um excesso de produção sobre a procura. Isto não permite rentabilizar investimentos para o futuro, e vai pôr em causa os investimentos passados". Acrescentando que "o nosso sistema precisa de potência firme. Temos muita potência intermitente e isso é caminhar para o desastre".
Rui Rei, presidente da Parques Tejo, lembrou que no "carregamento elétrico somos um país pioneiro, construimos uma rede de carregamento elétrico quando ainda não tínhamos automóveis e, portanto, era uma boa rede. O problema é que quando começou a haver automóveis, como ninguém se preocupou em ocupar-se da rede, a Mobi-e, esta não dava resposta a esse carregamento. Os municípios, primeiro do que o Estado, começaram a assumir essa preponderância e começaram a abrir essa rede".