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“Não existe uma cadeia de valor de baterias em Portugal”

É um mercado que está em desenvolvimento e desenvolver uma cadeia de valor de baterias em Portugal seria benéfico, para o crescimento, a transformação e a modernização da economia.

01 de Abril de 2021 às 15:00
Paulo Ferreira, Sérgio Rodrigues Joana Prazeres, José Maria Veiga de Macedo e Helena Braga debateram sobre a importância das baterias. Mariline Alves
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"Hoje não existe uma cadeia de valor de baterias em Portugal. Esta inclui um conjunto de segmentos desde a mineração à refinação, ao fabrico de células, à montagem das baterias, passando pela produção dos veículos elétricos, até à reciclagem. Mas a verdade é que nenhum destes segmentos da cadeia de valor está ainda desenvolvido, e, de facto, devia estar", alertou José Maria Veiga de Macedo, Battery Value Chain, Project lead da Galp.

É uma oportunidade porque a União Europeia estima que em 2025 a cadeia de valor de baterias na Europa representará um negócio de 250 mil milhões de euros por ano. "É um mercado que está em crescimento e desenvolver uma cadeia de valor de baterias em Portugal seria benéfico para o crescimento, transformação e modernização da nossa economia, e mais um passo para a eletrificação da nossa sociedade e a sua descarbonização".

Sérgio Rodrigues, CEO da MeterBoost, diz que a cadeia de valor não "é inexistente porque se olharmos para a cadeia de valor não é só mobilidade, já há trabalho na área das baterias feitas cá em Portugal". Acrescenta que em Portugal, "podemos e temos condições para podermos fazer uma cadeia de valor completa, desde a mineração até à assemblagem, passando em todos os outros processos, são os elementos fantásticos. E com as capacidades que as minas que temos cá em Portugal podem fornecer para toda a Europa".

As minas de lítio

A Savannah tem vindo a desenvolver o projeto da mina do Barroso, no concelho de Boticas, que implica 110 milhões de euros, referente à construção das infraestruturas e implementação do projeto. Segundo Joana Prazeres, head of communication and community affairs da Savannah, este projeto pode "gerar o aumento das exportações do minério de metal cerca de 20%. Irá também gerar receitas públicas por meio de impostos, royalties e outras taxas, que estão neste momento estimadas em mais 23 milhões por ano, estimular também o desenvolvimento de atividade à volta da própria extração, como produtos químicos".

Em termos de investigação, Helena Braga, professora da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, está a desenvolver um tipo de baterias inovadoras em versão lítio, que são mais poderosas, e de sódio, que tem a vantagem de ser uma matéria-prima que existe em todo o mundo. "São baterias de estado sólido, usam uma tecnologia que contém um eletrólito ferro-elétrico de vidro, e esse eletrólito permite que as baterias tenham uma série de valências diferentes das baterias habituais. Isto para além de serem baterias totalmente seguras."

"A nanotecnologia vai ter um papel muito importante no que diz respeito ao desenvolvimento de sensores, assim como para o desenvolvimento de materiais avançados, que possam dar melhor desempenho, poderá ser mais energia por volume, mais energia por peso, maior durabilidade e evidentemente, com menor custo e podem ter um impacto significativo na cadeia de valor das baterias", disse Paulo Ferreira, investigador e professor do INL - Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia.

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