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Negócios Iniciativas | A rede elétrica é a autoestrada da economia

Paul Micallef referiu que Lisboa é um dos sítios atrativos para a instalação de centro de dados que cujo crescimento é exponencial.

03 de Março de 2025 às 16:15
Pedro Ferreira
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Foto em cima: Paul Micallef, Global Digital Grid Leader da EY.

Para Paul Micallef, Global Digital Grid Leader da EY, é fundamental pensar na rede elétrica como a autoestrada da economia. O que a Inteligência Artificial e os data centers que a suportam vieram confirmar é que "se o digital é o combustível desta economia, a rede é a espinha dorsal do nosso futuro", referiu na conferência Electric Summit, dedicada ao tema "Energy Outlook 2025: The New Era of Power Politics".

Sublinhou que se prevê que 80% do crescimento dos centros de dados se concentre na Europa e nos Estados Unidos, implicando a necessidade de 20 gigawatts adicionais de capacidade apenas na Europa, nos próximos 15 anos.

Paul Micallef destacou que Lisboa é um dos locais atrativos para a instalação de data centers, devido à elevada quantidade de cabos submarinos que chegam à cidade, provenientes do Norte de África, dos Estados Unidos e de outros pontos do mundo, ao volume significativo de energia renovável disponível e à resiliência dos preços da eletricidade. "O crescimento dos data centers está a gerar pressão sobre o sistema elétrico, sobretudo no que respeita à energia limpa", afirmou.

"Se olharmos para a nossa quota de produção limpa, verde e renovável no sistema, em 2020 tínhamos cerca de 500 terawatts-hora provenientes de energia eólica e solar em terra. Em 2050, esse valor será de 3 500 terawatts-hora", sublinhou Paul Micallef, citando dados do relatório Grids For Speed, elaborado pela EY para a Eurelectric, associação dos distribuidores de energia europeus.

Após 20 anos de crescimento lento ou nulo da procura, prevê-se um aumento de 65% nos próximos 25 anos, com a maioria desse crescimento a ocorrer já na próxima década.

"Esperamos que mais 250 milhões de veículos elétricos e bombas de calor estejam ligados ao sistema até 2050. Isto representa um novo tipo de carga, com mais de 8 milhões de postos de carregamento para veículos elétricos", explicou Paul Micallef, alertando ainda que, ao mesmo tempo, 80% da rede elétrica terá mais de 40 anos.

Apesar destes desafios, considera que "a Europa está, de longe, a liderar a transição energética em todo o mundo. Conseguimos isso devido às competências de engenharia que temos na Europa e à margem de manobra que criámos na rede. Investimos, em média, 36 mil milhões de euros anuais na rede elétrica nos últimos 10 anos", referiu. 

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