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Isabel Jonet: “O desperdício alimentar é um absurdo económico”

O desafio é de todos, não apenas do Ministério da Agricultura, dos produtores ou dos consumidores, e que é de reduzir em metade o desperdício alimentar até 2030 como é solicitado pela ONU.

04 de Março de 2021 às 19:00
O debate entre Maria do Céu Antunes, ministra da Agricultura, e Isabel Jonet, do Banco Alimentar Contra a Fome.
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Cerca de 30% dos alimentos que se produzem são desperdiçados pelos consumidores, mas a cadeia de perdas começa muitas vezes na produção. "O desperdício alimentar é um absurdo económico, tem impactos ambientais e sociais grandes e existe em toda a cadeia, desde o campo ao prato", afirmou Isabel Jonet, presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome, durante a entrega do Prémio Nacional da Agricultura, realizou-se o debate "Combater o desperdício alimentar em Portugal". Sublinhou que um dos objetivos dos bancos alimentares é uma luta contra o desperdício, o que faz há cerca de trinta anos.

Para Maria do Céu Antunes, ministra de Agricultura, "este é um desafio de todos, não apenas do Ministério da Agricultura, dos produtores ou dos consumidores, e que é de reduzir em metade o desperdício alimentar até 2030 como é solicitado pela ONU". Acrescenta que temos de ter "sistemas alimentares cada vez mais justos".

Para Maria do Céu Antunes tem de existir um planeamento muito grande entre a oferta e a procura e fazer-se uma adaptação entre o que é produzido e o que são as preferências e as escolhas dos consumidores que mudam com frequência. Assinalou que tem de haver uma consciência ambiental "para se ter uma maior consciência social".

Para Isabel Jonet, "mais do que uma preocupação é que seja um compromisso de toda a sociedade". "Hoje temos muitas empresas que percebem que é um absurdo destruir alimentos como iogurtes, pão, bolos, bolachas, etc., quando estão em bom estado e podem ser entregues a instituições como os bancos alimentares para famílias mais carenciadas." Acrescenta que "há benefícios fiscais para as empresas que doarem esses alimentos e enquadra-se na economia circular".

Os prémios da agricultura

"Estas iniciativas são importantes pelo reconhecimento das boas práticas nos vários domínios, são essenciais até pela forma exemplar de haver um compromisso individual com o nosso futuro coletivo em que a agricultura tem um papel determinante no desafio societal das alterações climáticas, preservação da diversidade e dos recursos naturais até um sistema alimentar mais justo, com rendimento com base no paradigma ambiental", referiu Maria do Céu Antunes.

Se noutras circunstâncias os prémios eram importantes, hoje, em tempos de pandemia, "mais do que nunca são relevantes, porque falar de inovação, tecnologia, faz todo o sentido porque nós queremos que a agricultura passe a ter cada vez mais um papel de desenvolvimento económico e social e ambiental". São as pessoas que fazem a diferença.

Júri Os nomes dos responsáveis pelos prémios
Na 9.ª edição do Prémio Nacional de Agricultura foram atribuídos sete prémios e três menções honrosas pelo júri constituído por Amândio Santos, António Serrano, António Vicente, Eduardo de Oliveira e Sousa, Emídio Gomes, Firmino Cordeiro, Jorge Portugal, Luís Braga da Cruz, Maria João Fernandes, Maria Custódia Pedro Barreto e Pedro Santos. Na sua missão de promover, incentivar e premiar os casos de sucesso da agricultura, agroindústria, florestas e pecuária, foram apoiados pelo comité técnico Empresas que é integrado por Miguel Ribeiro, Alexandra Leitão, António Isidoro, Filipe Núncio, Frederico Falcão, Jorge Tomás Henriques, Manuel Almeida Mariana Matos e Paula Alves. E ainda o comité técnico Jovens Agricultores/ENI, constituído por Tina Arsénio Sequeira, António Guerreiro Brito, Carlos Oliveira, Cláudia Soares, João Mira, João Nunes, Joaquim Macedo de Sousa, Orlando Rua, Rita Estácio e Simon Schaefer.