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Ciência portuguesa "entrega" medicamentos e imunidade contra a covid-19

O combate ao novo coronavírus está a mobilizar instituições públicas e privadas de base científica numa corrida contra o tempo para diagnosticar e tratar a doença ou para desenvolver testes serológicos.

21 de Maio de 2020 às 13:30
José Sena Goulão
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Em paralelo às indústrias que se mobilizaram para produzir viseiras, máscaras, viseiras, álcool-gel ou ventiladores, também a ciência portuguesa avançou em várias frentes no combate à covid-19, numa autêntica parceria público-privada que envolve desde rastreios da diagnóstico a medicamentos e testes serológicos.

A Technophage, empresa de biotecnologia com uma estrutura de 20 pessoas e capacidade e tecnologia para desenvolver as suas próprias moléculas, desde a bancada até aos ensaios clínicos, está a desenvolver um novo anticorpo terapêutico que possa ser efetivo em doentes com covid-19. Um novo tratamento, que costuma demorar uma década a surgir, está a ser "acelerado para [ser] competitivo".

Ainda numa fase inicial e sabendo que "o tempo é absolutamente crucial", o CEO, Miguel Garcia, conta que está à procura da colaboração de outras empresas e universidades portuguesas. Por outro lado, a empresa lisboeta que trabalha em quatro áreas terapêuticas - infeção, neurociências, oftalmologia e oncologia - está a candidatar-se a programas para financiar este projeto em que tenta "colocar o conhecimento que tem ao serviço de um problema urgente".

Do Brasil ao Paquistão, outra tarefa que tem ocupado os cientistas em vários países é a autonomia para a realização de testes serológicos, que comprovam se as pessoas têm ou não os anticorpos contra a covid. Em Portugal, cinco instituições científicas juntaram-se no consórcio "Serology4Covid": o Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC); o Instituto de Medicina Molecular (IMM) da Universidade de Lisboa; o Centro de Estudos de Doenças Crónicas (Cedoc) e o Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB), ambos da Nova de Lisboa; e o Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica (IBET).


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Consórcio
Cinco instituições científicas portuguesas juntaram-se no "Serology4Covid" para a realização de testes de anticorpos.


A este último, que tem como sócios empresas farmacêuticas e agroindustriais, como a Bial ou a Sumol+Compal, coube a produção das proteínas do vírus para o teste serológico, que já foi enviado para certificação ao Instituto Ricardo Jorge e que será aplicado na população portuguesa por decisão das autoridades de saúde. A diretora, Paula Alves, frisa que "nem há muita pressa porque temos de dar tempo para que os anticorpos sejam formados" e até "terá mais validade daqui por algum tempo".

O consórcio está a falar com duas empresas para fazer a massificação do teste, que terá de ser produzido industrialmente. No IBET, que investiga para a indústria farmacêutica internacional, a linha de produção para a covid envolve várias equipas e continua ativa, uma vez que "o objetivo é ter proteína suficiente para fazer os milhões de testes que serão necessários".