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Um terceiro resgate está na calha para a Grécia. A convicção é de António Vitorino, que acredita que vai haver um acordo entre Atenas e os parceiros europeus. "É óbvio e evidente que haverá um novo empréstimo à Grécia a seguir ao Verão", disse durante o debate "O futuro de Portugal na Europa", na Conferência Anual do Negócios.
Atenas tem tido uma "estratégia negocial" com os parceiros europeus que "aposta tudo na chamada solução da 25ª hora" com o "objectivo de esticar a
Advogado
corda, levar à polarização da negociação", apontou o antigo comissário.
Por seu turno, Vítor Bento confessou que está menos optimista em relação a Atenas. E criticou a postura negocial grega que tem sido "muito confrontacional, muito na praça pública". "Para além de listas vagas de intenções, não foi feito nada de concreto", apontou sobre as reformas que a Grécia tem apresentado e sido consideradas insuficientes.
Os dois interlocutores alertaram que uma saída da Grécia do euro é um risco, pois abre um precedente na união monetária. "Eu acho que os alemães subestimam o precedente que estaria aberto a partir desse momento", apontou António Vitorino.
Já Vítor Bento defende que uma saída de Atenas da moeda única pode aumentar a coesão do bloco. "Se a Grécia sair do euro a coesão da Zona Euro vai aumentar", disse o economista apontando que - perante o "risco concreto de saída"- os "credores e os devedores" vão passar a olhar para o euro de "maneira diferente".
Neste momento, o "esticar de corda" entre Atenas e os parceiros europeus "não vai durar muito tempo", pois "quando as coisas chegam a este ponto tem que haver um desenlace", que poderá dar azo a uma saída acidental da Grécia do euro, possibilidade conhecida por "Grexident". "Não sairia formalmente, mas era como se estivesse fora do euro ", explicou o advogado.
Uma das prioridades na Zona Euro deve ser "o combate aos desequilíbrios macroeconómicos", disse António Vitorino. Na base dos desequilíbrios estão os excedentes acumulados da Alemanha, Áustria, Finlândia e Holanda. Na actual situação, e sem mudanças no futuro, "não há sustentabilidade da moeda única", avisou.
"Meter a regra de ouro na Constituição é para mim totalmente dispiciente. A não ser que haja em Portugal quem já esteja com saudades de voltar a bater no Tribunal Constitucional", disse.
O antigo ministro de António Guterres considera que não vai ser a regra de ouro a garantir o cumprimento do défice e alertou que sem "compromisso político na base da política a aplicar, não é regra constitucional".
"O que é que o Tribunal Constitucional faria? Verificaria uma inconstitucionalidade e depois? Iria ali ao Banco de Portugal e apreendia as reservas de ouro? Passava-as para o Palácio Ratton?", questionou António Vitorino.