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A mobilidade eléctrica tem condições para continuar a crescer em Portugal, defende a presidente da Associação Portuguesa do Veículo Eléctrico (APVE). Em entrevista ao Negócios, Teresa Ponce de Leão faz um retrato do actual estado do carro eléctrico no país. Doutorada em Engenharia Electrotécnica e de Computadores, é presidente do Conselho Directivo do Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG).
Os carros eléctricos voltaram a bater recordes de venda em 2016. Porque é que os portugueses estão a comprar mais carros?
As vezes não são fáceis de identificar as razões para uma mudança de atitude. Mas penso que uma componente importante é a consciencialização ambiental. Outra componente importante é que as pessoas foram fazendo as contas aos quilómetros que fazem no seu dia-a-dia, e concluíram que é muito mais barato abastecer um carro eléctrico do que um carro a combustível fóssil. As vendas também aumentaram e as marcas aperceberam-se desse movimento. Quando as marcas começaram a ver que este fenómeno era incontornável, então todas apresentaram uma solução para o veículo eléctrico.
A rede de carregamento tem estado a avançar depois de ter estado alguns anos abandonada. Esta política de pára-arranca travou a a mobilidade eléctrica?
As políticas que não sejam estáveis são sempre prejudiciais a qualquer evolução. Várias medidas que foram tomadas, mesmo ao nível das energias renováveis, consideramos que só políticas estáveis é que permitem bons investimentos. Quanto à rede de abastecimento, Portugal passou por momentos difíceis. O período que atravessámos desde a intervenção do FMI e das autoridades europeias foi complicado e percebemos que as prioridades mudaram, porque havia que resolver problemas muito imediatos. Dito isto, de facto foi um retrocesso. Porque todo o vanguardismo que Portugal tinha atingido em termos da rede de carregamento, ao ter sido abandonada, prejudicou seguramente o cativar de novos utilizadores para o veículo eléctrico.
Em termos fiscais, seria possível retirar subsídios ao gasóleo e encaminhá-los para o carro eléctrico. Pode isto ser implementado?
Poderia. Mas é difícil de implementar, se virmos que a nossa componente fiscal está muito assente nestas receitas fiscais. Um dos trabalhos que temos entre mãos, e que queremos divulgar em breve, é perceber de forma muito objectiva qual a diferença entre o veículo eléctrico e o veículo a combustível fóssil, e comparar os diferentes subsídios que estão disponíveis para ambos.
Esta seria uma boa ideia em teoria? Portugal ainda está muito dependente do gasóleo.
Em teoria seria uma boa ideia. Para passar à prática, é preciso estudar soluções para se ir fazendo a transição de uma solução para outra, mas chegaremos lá. É prematuro estar a indicar uma data. Não é só Portugal, mas o país está muito dependente do gasóleo e é uma fonte de receita importante para o Governo e para o nosso balanço económico-financeiro.
A rede Mobi.e tem lançado concursos para os privados construírem e explorarem postos. Este modelo deve continuar a ser replicado?
Tem que ser replicado. Seguramente que é um bom modelo, o modelo de negócio ainda tem de ser definido, porque obviamente a energia não é gratuita, e tem de haver um negócio associado. O incentivar os privados a apostarem nessas facilidades vai ter um efeito replicador na aquisição de veículos eléctricos.
Prossegue a conclusão da rede Mobi.e. Isto vai ajudar a promover a mobilidade eléctrica?
Se houver mais postos de abastecimento, as pessoas tem menos restrições nos seus hábitos de condução e seguramente verão no veículo eléctrico uma melhor oportunidade. Portanto, consideramos que o retomar deste processo será muito bom para a mobilidade eléctrica. Em particular, o complementar: o carregamento nos espaços urbanos com os carregamentos rápidos nas vias urbanas. Isto é fundamental para ter autonomia, porque as pessoas não querem ter veículos eléctricos apenas para circular meia dúzia de quilómetros dentro das cidades.
O Governo apontou que um carregamento rápido vai custar entre 2 a 2,5 por 100 quilómetros. Estes valores parecem-lhe competitivos?
Os valores são competitivos. É só fazer as contas, gasta-se muito mais com o combustível fóssil. Isto depende também do estilo de condução, mas considero que os valores são competitivos. É preciso depois fazer a análise toda do investimento, temos um valor inicial pelo veículo eléctrico e depois temos o custo da sua manutenção que é muito menor que o de um veículo tradicional. E estes valores são para postos de carga rápida, por que nos postos de carga lenta vamos ter seguramente valores muito baixos.
Acredita que o carro eléctrico vai continuar a crescer em Portugal?
Vai continuar a crescer. Porque há uma necessidade ao nível das alterações climáticas, porque há um investimento pelas marcas automóveis e que vai ter retorno, e porque a sociedade se vai consciencializar que uma cidade com menos poluição e ruído é uma cidade melhor para todos.
Os carros eléctricos voltaram a bater recordes de venda em 2016. Porque é que os portugueses estão a comprar mais carros?
As vezes não são fáceis de identificar as razões para uma mudança de atitude. Mas penso que uma componente importante é a consciencialização ambiental. Outra componente importante é que as pessoas foram fazendo as contas aos quilómetros que fazem no seu dia-a-dia, e concluíram que é muito mais barato abastecer um carro eléctrico do que um carro a combustível fóssil. As vendas também aumentaram e as marcas aperceberam-se desse movimento. Quando as marcas começaram a ver que este fenómeno era incontornável, então todas apresentaram uma solução para o veículo eléctrico.
A rede de carregamento tem estado a avançar depois de ter estado alguns anos abandonada. Esta política de pára-arranca travou a a mobilidade eléctrica?
As políticas que não sejam estáveis são sempre prejudiciais a qualquer evolução. Várias medidas que foram tomadas, mesmo ao nível das energias renováveis, consideramos que só políticas estáveis é que permitem bons investimentos. Quanto à rede de abastecimento, Portugal passou por momentos difíceis. O período que atravessámos desde a intervenção do FMI e das autoridades europeias foi complicado e percebemos que as prioridades mudaram, porque havia que resolver problemas muito imediatos. Dito isto, de facto foi um retrocesso. Porque todo o vanguardismo que Portugal tinha atingido em termos da rede de carregamento, ao ter sido abandonada, prejudicou seguramente o cativar de novos utilizadores para o veículo eléctrico.
Em termos fiscais, seria possível retirar subsídios ao gasóleo e encaminhá-los para o carro eléctrico. Pode isto ser implementado?
Poderia. Mas é difícil de implementar, se virmos que a nossa componente fiscal está muito assente nestas receitas fiscais. Um dos trabalhos que temos entre mãos, e que queremos divulgar em breve, é perceber de forma muito objectiva qual a diferença entre o veículo eléctrico e o veículo a combustível fóssil, e comparar os diferentes subsídios que estão disponíveis para ambos.
Esta seria uma boa ideia em teoria? Portugal ainda está muito dependente do gasóleo.
Em teoria seria uma boa ideia. Para passar à prática, é preciso estudar soluções para se ir fazendo a transição de uma solução para outra, mas chegaremos lá. É prematuro estar a indicar uma data. Não é só Portugal, mas o país está muito dependente do gasóleo e é uma fonte de receita importante para o Governo e para o nosso balanço económico-financeiro.
A rede Mobi.e tem lançado concursos para os privados construírem e explorarem postos. Este modelo deve continuar a ser replicado?
Tem que ser replicado. Seguramente que é um bom modelo, o modelo de negócio ainda tem de ser definido, porque obviamente a energia não é gratuita, e tem de haver um negócio associado. O incentivar os privados a apostarem nessas facilidades vai ter um efeito replicador na aquisição de veículos eléctricos.
"Os valores para o carregamento rápido são competitivos"
"O abandono da rede prejudicou o cativar de novos utilizadores"
"O abandono da rede prejudicou o cativar de novos utilizadores"
Prossegue a conclusão da rede Mobi.e. Isto vai ajudar a promover a mobilidade eléctrica?
Se houver mais postos de abastecimento, as pessoas tem menos restrições nos seus hábitos de condução e seguramente verão no veículo eléctrico uma melhor oportunidade. Portanto, consideramos que o retomar deste processo será muito bom para a mobilidade eléctrica. Em particular, o complementar: o carregamento nos espaços urbanos com os carregamentos rápidos nas vias urbanas. Isto é fundamental para ter autonomia, porque as pessoas não querem ter veículos eléctricos apenas para circular meia dúzia de quilómetros dentro das cidades.
O Governo apontou que um carregamento rápido vai custar entre 2 a 2,5 por 100 quilómetros. Estes valores parecem-lhe competitivos?
Os valores são competitivos. É só fazer as contas, gasta-se muito mais com o combustível fóssil. Isto depende também do estilo de condução, mas considero que os valores são competitivos. É preciso depois fazer a análise toda do investimento, temos um valor inicial pelo veículo eléctrico e depois temos o custo da sua manutenção que é muito menor que o de um veículo tradicional. E estes valores são para postos de carga rápida, por que nos postos de carga lenta vamos ter seguramente valores muito baixos.
Acredita que o carro eléctrico vai continuar a crescer em Portugal?
Vai continuar a crescer. Porque há uma necessidade ao nível das alterações climáticas, porque há um investimento pelas marcas automóveis e que vai ter retorno, e porque a sociedade se vai consciencializar que uma cidade com menos poluição e ruído é uma cidade melhor para todos.