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Vítor Bento: “Não compete aos bancos, nem às empresas, fazer política social”

Vítor Bento sublinhou as obrigações dos bancos para com os seus depositantes, os seus acionistas, o respeito pelas normas regulatórias com exigências prudenciais que os bancos não podem nem devem contornar.

24 de Novembro de 2022 às 15:30
Vítor Bento, presidente da Associação Portuguesa de Bancos. João Cortesão
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"O BCE, que demorou a reagir no início, já sinalizou a sua determinação em continuar a aumentar a sua taxa de intervenção, mesmo que isso provoque uma recessão moderada. O que sugere que é maior a probabilidade de as taxas de juro continuarem a subir do que o contrário. Pelo menos, até que a inflação dê sinais de inverter o passo", referiu Vítor Bento, presidente da Associação Portuguesa de Bancos no 5.º Grande Encontro Banca do Futuro, organizado pelo Jornal de Negócios.

Esta situação faz com que as famílias se tornem mais ansiosas pois estão "apertadas por uma tenaz, onde, de um lado, a inflação tira rendimento e, do outro, a subida das taxas de juro consome mais rendimento". Acrescenta que com esta ansiedade, "cresce o apelo populista para capitalização política, em cuja competição o setor da banca é sempre um alvo apetecível e promissor", afirmou Vítor Bento.

Defendeu a sensibilidade social e humana porque "quem gere e quem desenvolve atividade nos bancos não são robôs nem algoritmos. São pessoas, que, como pessoas, têm sensibilidade humana e social." Vítor Bento sublinhou que "é do interesse dos bancos ajudar os clientes que atravessem dificuldades transitórias a superá-las e a regressar, tão depressa quanto possível, e nas melhores condições, à normalidade das suas vidas. Nesta crise, como em muitas outras, e como se demonstrou eloquentemente na crise pandémica, os bancos estão do lado dos seus clientes".

Atração de capital

Mas para Vítor Bento, "não compete aos bancos, nem às empresas em geral, fazer política social, ser agentes do seguro social, ou apoiar o rendimento das famílias carenciadas", que são competências do Estado com os impostos que se pagam. Vítor Bento sublinhou as obrigações dos bancos para com os seus depositantes, os seus acionistas, o respeito pelas normas regulatórias com exigências prudenciais que os bancos não podem nem devem contornar. Referiu-se também as suas capacidades em termos de capital, da liquidez da solidez do seu balanço.

Mas, como salientou, "a capacidade de atrair capital é uma condição fundamental para se poder andar em frente, reforçar o balanço e expandir o crédito de que a economia e as famílias precisam para se desenvolver. Mas para atrair capital é preciso remunerá-lo adequadamente e tão bem ou melhor do que as outras atividades e empresas que disputam a sua escassez".

Neste aspeto, "a campanha ideológica contra os lucros dos bancos - lucros que, recordo, não têm sido suficientes para compensar o que é reconhecido como custo do capital" - pode ter efeitos e consequências nas atividades bancárias, nas empresas e nas famílias.

Os desafios da sustentabilidade do negócio dos bancos passam pelo mais imediato, que é o apoio às famílias e às empresas no atual contexto inflacionário, e pelos mais impactantes, como a capacidade de adaptação às exigências das transformações tecnológicas e da agenda climática.
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