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Europa financeira vai ser alvo das Big tech

A agenda de futuro dos bancos é marcada pela pressão para reduzir custos, aumentar a eficiência, simplificar relação com o cliente, o que implica, segundo Carlos Costa “um novo paradigma de organização”.

05 de Novembro de 2019 às 11:15
Carlos Costa afirma que os bancos estão pressuionados para reduzir custos.
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"O Open Banking ainda não desencadeou uma alteração material na quota de mercado e na rendibilidade dos bancos incumbentes devido ao relacionamento histórico dos clientes e à sua elevada inércia", referiu Carlos Costa , governador do Banco de Portugal durante a refere Carlos Costa na conferência "Banca do Futuro", organizada pelo Negócios, como o apoio da Claranet, Cuatrecasas, Deloitte e Grupo FCA (Alfa-Romeo).

O total de crédito concedido por fintech é ainda inferior a 1% do total do crédito global ao sector privado, e concentra-se sobretudo em países com setores bancários menos competitivos e regulamentação menos rigorosa.

Carlos Costa disse que os bancos incumbentes e as fintechs têm privilegiado a cooperação e a colaboração, e que "as inovações digitais e as melhorias na tecnologia de informação têm o potencial para alterar significativamente a estrutura competitiva do setor financeiro a prazo".

O exemplo da China

Frisou que as fintechs ou as big techs (grandes empresas tecnológicas, como Amazon, Facebook, Google ou Apple que também prestam serviços financeiros) têm vantagens comparativas em relação aos bancos na utilização de big data, inteligência artificial, machine learning e utilização de dados de redes sociais para análises de crédito (credit scoring) e avaliação de risco.

Salientou que, apesar de as big tech estarem de momento limitadas à Ásia-Pacífico e América do Norte, "têm vocação global e a extensão ao mercado europeu é uma questão de tempo". Na China, soluções móveis de pagamentos oferecidas por big tech ascendiam, em 2017, já a cerca de 17% do PIB. A maior empresa de serviços financeiros do mundo é, atualmente, a Ant Financial (do grupo Alibaba), com mais de mil milhões de clientes e sem balcão físico. Há uma década era o Citigroup com 200 milhões de clientes.

A agenda de futuro dos bancos é marcada pela pressão para reduzir custos, aumentar a eficiência, simplificar relação com o cliente, o que implica, segundo Carlos Costa, "um novo paradigma de organização em que será comum os bancos dependerem de terceiros para infraestruturas e recursos humanos especializados. Os bancos terão de ser flexíveis e rápidos na (re)ação face aos requisitos do cliente e do mercado, para não perder a relação direta que construíram com os seus clientes".

Moedas digitais

A escala foi outro aspeto sublinhado por Carlos Costa para a conceção, o custo de produção e a margem associada a produtos financeiros destinados ao mass market e que torna possível a segmentação fina do mercado, diversificação o risco e diluir o custo tecnológico. No entanto esta escala pode fazer com que se fique dependente da oferta dos grandes players.

Estas mudanças constituem também desafios para reguladores e supervisores, pois ainda não existem estudos empíricos suficientes para avaliar as implicações da digitalização do sector bancário. Em termos de riscos, aponta-se tanto para uma menor volatilidade, como também para a influência da tecnologia para uma maior volatilidade e prociclicidade. Há quem preveja um aumento do risco sistémico devido ao maior uso de inteligência artificial.

Segundo Carlos Costa, há consenso em relação ao risco operacional, por causa de uma falha operacional, um ciberataque ou uma insolvência, que se pode transformar em risco sistémico, pelo facto de várias instituições dependerem de terceiros.

O governador do Banco de Portugal referiu o crescente debate para a criação de moedas digitais sintéticas de banco central, network de moedas digitais de banco central e áreas monetárias digitais.

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