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Portugal tem desafios para o presente e o futuro

Os setores dos transportes e da logística vivem dias de incerteza e a exigência é cada vez maior por causa da pandemia. As oportunidades também estão à espreita.

21 de Outubro de 2020 às 12:16
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Os transportes e a logística são setores relevantes para a economia portuguesa. As empresas de logística, transportadoras e prestadoras de serviços são importantes pelo seu volume de negócios, pelo emprego que proporcionam, pela importância que têm no processo de importações e exportações. Não obstante, mesmo sendo reconhecida a relevância destes setores, nem tudo tem decorrido sobre rodas ou sobre carris. Mesmo antes da pandemia, estes setores não navegavam mares calmos. Por exemplo: de acordo com a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, o total de carga movimentada pelos portos do continente em 2019 foi 6,2% menor do que em 2018. E existem, igualmente, diversos problemas estruturais em Portugal que precisam de ser resolvidos.

 

A pandemia de covid-19 tudo agravou, criando um cenário de incerteza e trouxe, naturalmente, um acréscimo destes problemas. "Este ano já está a ser desafiante e o próximo ano, acredito, será ainda mais exigente", vaticinou Carlos Pinto, general manager da ETE Logística, empresa do Grupo ETE.

 

Para dar a conhecer melhor como se encontram estes setores, para fazer um balanço desta atividade em Portugal, fizemos este trabalho, no qual falámos com associações, consultoras e empresas ligadas aos transportes e à logística com o objetivo de identificar esses problemas, ouvir sugestões e encontrar soluções. Soluções, diga-se, não faltam às diversas organizações ligadas a estes setores, seja na área logística ou no transporte de mercadorias através de avião, barco, comboio ou camião.

 

É portanto garantido que estes setores têm enormes desafios pela frente, mas também oportunidades. Sobre os desafios que o País tem pela frente, Raul Magalhães, presidente da APLOG – Associação Portuguesa de Logística, explica que estamos a passar por uma crise que se está refletir na atividade económica não só nacional, mas de todos os parceiros comerciais. "Temos uma necessidade, que já era uma realidade antes da crise, a nível das nossas infraestruturas, fundamentalmente a componente ferroviária, na qual a aposta já existia porque o país só tem a ganhar em constituir a faixa atlântica como uma porta de entrada para Península Ibérica. Temos de arranjar forma de os nossos portos serem portos de entrada para a Península Ibérica."

 

Relativamente às cadeias logísticas, Raul Magalhães informa que é necessário fazer alguns investimentos. "Sines mostrou o seu plano de investimento recentemente. Estão também previstos investimentos nos portos de Setúbal, Aveiro e Figueira da Foz. O setor portuário encontra-se, assim, com uma dimensão e capacidade bastante grande."

 

As questões mais evidentes

 

Para o presidente da APLOG existem, no entanto, três desafios que são mais evidentes depois desta crise e explica cada um deles, começando pela análise de risco das cadeias logísticas. Hoje, empresas e cidadãos nacionais compram produtos fabricados muito longe e não existe a preocupação de terem muitos stocks. À mínima perturbação que existe na cadeia, como esta pandemia, causa problemas nos fornecimentos. Se acontece algo na China, no Bangladesh, na Índia ou na Turquia, se os portos e as fábricas fecham, as encomendas que estavam exclusivamente nesses países não vão chegar aos seus clientes finais. Isto é um processo que demora bastante tempo a recuperar. Esta pandemia obrigou a repensar onde se está a comprar e se se está muito dependente de determinado fornecedor ou região geográfica.

 

Como também se se terá de fazer alterações na política de stocks. Porque a crise também nos fez perceber que se compramos muito barato e longe e trouxermos só as quantidades necessárias para o próximo mês ou dois ou três meses, pode não aguentar uma situação como a que tivemos. Assim, a lição que há a tirar é que pode variar em função das empresas e das características dos produtos, mas a noção de ter as prateleiras dos armazéns vazias já não é válida. Passa a haver a necessidade de ter stocks de segurança.

 

Por último, a questão da capacidade de planeamento, quer das compras quer da movimentação de mercadorias, e que vai ao encontro das novas tendências de algoritmos de planning. O que significa isto? Nos últimos meses houve alterações completas aos modelos de compra. Passámos a comprar um conjunto enorme de produtos que normalmente não comprávamos. Toda a cadeia, do fabricante à loja ou distribuidor online, não está preparada para esta realidade. Porque estamos habituados a trabalhar a olhar para "o espelho retrovisor"; olhamos para trás e fazemos ajustes em modelos um pouco clássicos. O que esta crise demonstrou é que é necessária mais sofisticação na elaboração deste planeamento e existem modelos matemáticos e algoritmos de tecnologia, com base em inteligência artificial, que irão dar resposta seguramente a esta realidade.

 

É indispensável adequar as infraestruturas aos desafios logísticos

 

À questão quais os desafios para o futuro da Logística e dos Transportes, Tomaz Leiria Pinto, presidente da direcção da ADFERSIT – Associação Portuguesa para o Desenvolvimento dos Sistemas Integrados de Transportes, respondeu por sai vez que a recente crise que o mundo atravessa demonstra "a importância da logística enquanto elo crucial às cadeias de abastecimento". Por isso, a indispensabilidade de adequar as infraestruturas aos desafios logísticos passou a ser um "tema incontornável", segundo as conclusões do recente webinar "A Logística e os portos, enquanto ‘nós’ da intermodalidade", realizado no âmbito dos trabalhos preparatórios de 14º Congresso Nacional da ADFERSIT.

 

"Sendo Portugal reconhecido internacionalmente como um país marítimo e sendo os portos as mais antigas infraestruturas logísticas conhecidas, torna-se prioritário articular a ligação infraestrutural logística e portuária como elemento indispensável ao desafio da proximidade com os clientes e as cargas."

 

O responsável da ADFERSIT acrescenta que os novos conceitos de logística, designadamente a "logística colaborativa" (operações multicliente) e do "e-commerce" com o recurso crescente à digitalização como "ajuda em toda a produtividade da cadeia de abastecimentos melhorando a ligação consumidor-produtor", já em prática na empresa Luís Simões, relevam os novos desafios com que se é, diariamente, confrontado.

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