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Ensino superior procura responder às necessidades

Os indicadores mostram um persistente desajustamento entre formação superior e emprego, quando a aposta na educação é mais importante do que nunca para a competitividade das PME. No entanto, o ensino superior continua a fazer evoluir a sua oferta visando as necessidades deste segmento.

27 de Julho de 2023 às 17:46
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A aposta na educação e na formação contínua é fundamental para as empresas serem melhor geridas e mais produtivas e para um Portugal mais competitivo e desenvolvido. De acordo com o estudo Estado da Nação, Educação, Emprego e Competências em Portugal, da Fundação José Neves, o progresso dos diferentes indicadores no que diz respeito a salários, mercado de trabalho, digitalização no emprego e na educação, tem sido muito positivo, mas é necessária uma melhoria mais sustentada e significativa, principalmente nos indicadores do emprego e do alinhamento entre educação e emprego.

Neste contexto, Portugal continua com uma percentagem de adultos com baixa escolaridade que compara mal com a União Europeia. Em 2022, 39,7% dos adultos entre os 25 e os 64 anos tinham completado, no máximo, o ensino básico, enquanto a média da União Europeia se fixou nos 20,5%. O estudo da Fundação José Neves destaca que a escolaridade dos jovens tem tido uma evolução muito positiva, tendo a taxa de abandono escolar diminuído de 23% em 2011 para 6% em 2022. O aumento da percentagem de jovens (dos 25 aos 34 anos) com o ensino superior também foi significativo, de 27,5% em 2011 para 44,4% em 2022, colocando Portugal ligeiramente acima da média da União Europeia.

Para aferir o alinhamento entre educação e emprego um indicador importante é a taxa de emprego dos jovens que terminaram ciclos de ensino nos três anos anteriores. Essa taxa aumentou em 2022, fixando-se em 78%. No entanto, no mesmo ano uma parte significativa dos jovens com o ensino superior estavam empregados, mas 22,4% trabalhavam em profissões desajustadas ao seu nível de escolaridade, um valor superior aos 16,6% que estavam na mesma situação em 2011. Este desajustamento revela uma subutilização de competências adquiridas e um desencontro entre formação superior e emprego.

Oferta formativa vasta em Aveiro

Esta é uma realidade a que a Universidade de Aveiro (UA) tem estado atenta. Esta Universidade funciona num regime binário, englobando o ensino universitário e o ensino politécnico, através de 16 departamentos e quatro escolas politécnicas. A oferta formativa é vasta e tem por base uma longa relação da UA com o tecido empresarial. Segundo João Veloso, vice-reitor da Universidade, "esta relação tem sido acarinhada e desenvolvida pela UA, ao longo dos anos, como tem sido demonstrado pela competente resposta aos desafios colocados pelas empresas para a formação de quadros qualificados e altamente qualificados em áreas críticas e inovadoras no panorama do ensino superior". Estas passam pela definição de cursos de licenciatura mestrado e doutoramento nas diferentes áreas de ciência e tecnologia com os currículos definidos de acordo com a necessidade do mercado auscultando frequentemente as empresas. Um exemplo, segundo este responsável, são os cursos CTeSP (Cursos Técnicos Superiores Profissionais), que "preenchem uma lacuna de formação vocacionada que não existia em Portugal e que é muito bem aceite e declaradamente útil para as empresas. Estes são construídos para as empresas e com as empresas, nalguns casos, com a sua participação na construção dos curricula bem como na lecionação".

Na Universidade de Aveiro, a cooperação com as empresas não se cinge à oferta de cursos conducentes a grau – reflete-se também na oferta de qualificação ao longo da vida e, sobretudo, de requalificação, favorecida pela criação de ofertas formativas inovadoras de curta duração, nomeadamente as microcredenciais e cursos de especialização. "Estas últimas resultam da auscultação realizada ao tecido empresarial sobre as áreas onde as empresas sentem existir maior défice de quadros qualificados. Face às exigências do mercado, estes programas de formação permitem a requalificação de ativos, para novas áreas que resultam da transformação digital, nos processos e/ou produtos e serviços, ou mesmo na aposta em novos nichos de mercado. Englobadas nos programas Impulso Jovem e Impulso Adulto, estas ofertas formativas foram alvo de financiamento no âmbito do PRR, que contempla a atribuição de bolsas para os interessados", explica João Veloso.



“Estes programas de formação permitem a requalificação de ativos, para novas áreas que resultam da transformação digital, nos processos e/ou produtos e serviços, ou mesmo na aposta em novos nichos de mercado” João Veloso, vice-reitor da Universidade de Aveiro


Leiria em região dinâmica

Mais a sul e com mais de 14.500 estudantes, o Politécnico de Leiria promove 45 licenciaturas, cerca de 80 cursos de mestrado e pós-graduação, dois programas de doutoramento em associação e 54 cursos técnicos superiores profissionais (TeSP). Segundo Carlos Rabadão, presidente do Instituto Politécnico de Leiria, esta instituição tem procurado "apresentar diversas respostas para permitir o acesso a percursos de aprendizagem em diversos ciclos de estudos, seja ao nível da formação graduada (licenciaturas), da formação pós-graduada (cursos de pós-graduação, cursos de mestrado e programas de doutoramento – em associação), mas também ao nível dos cursos técnicos superiores profissionais (TeSP), com duração de dois anos, os quais conferem um diploma/habilitação de técnico superior profissional para o desempenho de uma atividade profissional qualificada".

No que se refere à oferta formativa mais dirigida às necessidades das PME, o presidente da instituição refere que "o Politécnico de Leiria forma profissionais nas áreas da Engenharia e Tecnologia, Ciências Empresariais e Jurídicas. Dinamiza também ações de formação contínua e efetua prestação de serviços, investigação científica e transferência de tecnologia". Estas, são atividades em que a instituição está "fortemente empenhada e que se consubstanciam em projetos e parcerias com instituições e empresas quer a nível regional e nacional, quer a nível internacional". Neste contexto, são de destacar "os cursos ao nível dos TeSP, Licenciatura e Mestrado na área da Gestão, assim como os cursos de Engenharia em diversas áreas: automóvel, alimentar, civil, energia e ambiente, gestão industrial, eletrotécnica e computadores, mecânica e informática", refere o responsável.

O Politécnico de Leiria também possui um mestrado em Negócios Internacionais que, segundo Carlos Rabadão, visa oferecer ao tecido empresarial "profissionais capacitados para fazer face aos desafios da globalização, contribuindo para a formação de gestores competentes e qualificados que permitam revitalizar as equipas de gestão, assim como reforçar a competitividade do tecido económico regional, com forte implantação de PME exportadoras".



“São atividades em que a instituição está fortemente empenhada e que se consubstanciam em projetos e parcerias com instituições e empresas, quer a nível regional e nacional, quer a nível internacional” Carlos Rabadão, presidente do Instituto Politécnico de Leiria


Aproximação no Algarve                                                                               

Já no Algarve, e segundo Luis Coelho, subdiretor da Faculdade de Economia da Universidade do Algarve, "a Universidade tem vindo a desenvolver uma política de forte aproximação ao tecido empresarial que a rodeia, o qual é basicamente composto por PME, muitas delas a operar no setor do turismo". Tal permitiu acumular um "conhecimento profundo dos problemas destas empresas, algo que é útil para formatar as propostas de ensino-aprendizagem". Para este responsável, o contacto com esta realidade "permite ajustar o nosso ensino para melhor responder aos múltiplos desafios que nos vão sendo colocados". "Por outro lado, a proximidade com as PME agiliza a materialização de estágios, curriculares ou não, para estudantes de primeiro e segundo ciclo, ou doutoramentos em contexto empresarial, para estudantes de terceiro ciclo. Desta relação próxima com as PME também nascem projetos de investigação os quais são úteis para a academia e para a prática empresarial", explica.

Neste contexto, a Faculdade de Economia (FE) e a Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo (ESGHT) estão neste momento, segundo Luis Coelho, "a preparar um pacote de formação pós-graduada não conferente de grau em parceria com outras entidades com o objetivo de responder a algumas necessidades das PME para as quais ainda não há resposta". É o caso da pós-graduação em Marketing Digital, da ESGHT, ou da formação em Cibersegurança, a qual está a ser trabalhada pela FE com a ajuda da Competitive Intelligence & Information Warfare Association, uma associação civil sem fins lucrativos especializada em Competitive Intelligence. A FE também tem acordos similares com empresas da área da liderança e branding e com a Ordem dos Advogados, com quem está a preparar formação na área do Direito. Por outro lado, refere o responsável, a FE e a ESGHT começaram recentemente a "criar pacotes de formação à medida e que são solicitados por alguns dos nossos parceiros PME, sempre que estes nos sinalizam que precisam de soluções customizadas". "Foi o caso do curso livre de Inteligência Artificial para Executivos, que teve uma grande adesão", recorda.



“A Universidade tem vindo a desenvolver uma política de forte aproximação ao tecido empresarial que a rodeia, o qual é basicamente composto por PME, muitas delas a operar no setor do turismo” Luis Coelho, subdiretor da Faculdade de Economia da Universidade do Algarve


MBA no Porto

Situada no Porto, a Universidade Portucalense tem uma oferta extensa ao nível dos doutoramentos, mestrados, licenciaturas, pós-graduações, formação executiva no qual se enquadram as pós-graduações e cursos intensivos e uma formação customizada adaptada às necessidades especificas das empresas. A oferta abrange seis grandes áreas de conhecimento: Arquitetura e Urbanismo, Ciência e Tecnologia, Direito, Economia e Gestão, Psicologia e Educação, e Turismo Património e Cultura. Para Margarita Carvalho, coordenadora do MBA da UPT, relativamente à oferta formativa dirigida às necessidades das PME, "é fulcral que a Universidade Portucalense esteja atenta às constantes mudanças do mercado e que tenha capacidade de responder de uma forma ágil e eficaz às reais necessidades dos profissionais e das empesas". "Procuramos ter uma formação diferenciadora e inovadora, concebida para ir ao encontro das necessidades dos gestores e adequada à realidade empresarial em que vivem", conta.

Neste contexto, o MBA da UPT é "orientado para o desenvolvimento das competências mais valorizadas no mercado de trabalho, apostando numa forte componente prática através de estudos de casos reais, simulações em ambiente empresarial e trocas de experiências" refere a responsável. "Privilegia-se ainda o desenvolvimento de competências de liderança, comunicação, gestão de conflitos, criatividade e inovação. O ambiente dinâmico em que a formação decorre e a forte ligação ao meio empresarial privilegia o networking e a proximidade e estas são, sem dúvida, fatores que caraterizam e distinguem a marca Universidade Portucalense", conclui.



“Procuramos ter uma formação diferenciadora e inovadora, concebida para ir ao encontro das necessidades dos gestores e adequada à realidade empresarial em que vivem” Margarita Carvalho, coordenadora do MBA da Universidade Portucalense
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