A rede Mobi.E tem vindo a crescer a um bom ritmo em Portugal. Quem o afirma é Luís Barroso, presidente da entidade que gere a rede de mobilidade elétrica nacional. E o objetivo para os próximos cinco anos é que se duplique anualmente a capacidade de carregamento de rede. Nesta entrevista, Luís Barroso explica o que a Mobi.E está a fazer e o que vai fazer. Portanto: o presente e o futuro da rede.
Enquanto gestora da rede de carregamento de veículos elétricos, quais são os principais objetivos da Mobi.E para 2021?
Em plena fase de mercado regulado, a Mobi.E irá concentrar-se no seu papel de Entidade Gestora da rede de Mobilidade Elétrica (EGME) fazendo a gestão dos fluxos de informação relativos aos consumos e financeiros relacionados com a utilização da rede Mobi.E. Os objetivos são de consolidar o modelo Mobi.E, de forma a preservar os conceitos base do modelo, como a universalidade e a concorrência. Para tal, iremos investir numa nova plataforma de gestão da rede, um investimento aprovado pelo Governo no âmbito do Programa de Estabilização Económica e Social e que contará com o financiamento do Fundo Ambiental e do POSEUR, num montante global estimado de 1,3 milhões de euros, o que nos irá possibilitar disponibilizar mais ferramentas tecnológicas que permitam, quer aos comercializadores de eletricidade para a mobilidade elétrica, quer aos operadores de postos de carregamento, oferecer melhores serviços aos utilizadores. Iremos apostar na promoção e divulgação da rede Mobi.E para que permitam esclarecer todos os potenciais atores das vantagens em aderirem à mobilidade elétrica, contribuindo de forma construtiva para a criação de um sentimento geral de confiança que permita às pessoas conscientemente evoluírem para padrões de mobilidade cada vez mais sustentáveis.
Quantos postos de carregamento há em Portugal neste momento?
A rede Mobi.E terminou o ano de 2020 com 1.417 postos de carregamento (3.076 tomadas), dos quais 257 eram postos de carregamento rápido e um ultrarrápido. No final do mês de janeiro, este número já tinha aumentado para 1.506 postos de carregamento (3.265 tomadas), dos quais 270 são postos de carregamento rápido e 3 postos de carregamento ultrarrápido. Ou seja, continuamos num bom ritmo de crescimento.
Em quantos municípios?
Neste momento, temos postos de carregamento em 252 municípios, incluindo Regiões Autónomas, ou seja, 82% de todos os municípios do país.
Quantos postos de carregamento estão previstos existir no fim de 2021?
Este ano vamos concluir o alargamento da rede a todos os municípios do país e voltar os nossos investimentos para a criação de um piloto focado no aumento de potência da infraestrutura. A estes acrescem ainda os diversos investimentos que têm vindo a ser anunciados pelo setor privado e por diversas autarquias, o que contribuirá para alargar a oferta e, com isso, a confiança dos utilizadores para optarem pela mobilidade elétrica. O objetivo de crescimento médio para os próximos cinco anos é de duplicação anual da capacidade de carregamento de rede Mobi.E.
Quantos carregamentos foram efetuados em 2020?
Em 2020, registaram-se mais de 927 mil carregamentos na rede Mobi.E, nos quais foram consumidos 10,5 GWh de energia, o que representa um crescimento de 8% face ao consumo de energia verificado em 2019, mesmo com os confinamentos que se registaram ao longo do ano e que tiveram um impacto considerável nos consumos desses períodos.
Em termos de carregamentos pagos, atingimos em janeiro de 2021 a marca simbólica de 1 milhão, primeiro com o início em novembro de 2018 apenas nos postos de carregamento rápido e depois desde 1 de julho de 2020 com o alargamento do pagamento em toda a rede Mobi.E.
Os postos de carregamento existentes atualmente em Portugal são suficientes para responder à procura por parte dos condutores dos veículos eletrificados?
Nos últimos anos, a rede Mobi.E tem conseguido acomodar a duplicação do crescimento dos consumos na rede. No ano passado, um ano em que a mobilidade foi fortemente condicionada pela pandemia, mesmo assim, os consumos na rede Mobi.E registaram um crescimento de 8%, enquanto o número de postos de carregamento instalados duplicou. Pelo que podemos concluir que atualmente são suficientes. Neste âmbito, importa frisar a vantagem do nosso modelo que não é devidamente valorizado onde, ao contrário de outros países, a disponibilidade de acesso é universal, ou seja, permitida a toda a rede Mobi.E e não em função do comercializador contratado pelo utilizador, o que permite a utilização mais eficiente da infraestrutura disponível.
Quais os desafios para o futuro da Mobi.E?
A transição para a mobilidade elétrica é um processo que não se esgota de um momento para o outro. O ano de 2020 foi um ano histórico para a mobilidade elétrica em Portugal. Ao termos conseguido atingir a fase plena de mercado, tornámos também a mobilidade elétrica uma certeza. Atingimos o ponto do não retorno. Este ano de 2021 será o primeiro ano de consolidação que nos vai levar a atingir os objetivos traçados pelo PNEC 2030. No médio prazo os principais desafios para a Mobi.E serão a sua afirmação como instrumento público promotor da mobilidade sustentável, tornando-se numa referência, independente e autónoma, que contribua ativamente para credibilizar esta tecnologia e acelerar o processo de transição. Iremos certamente concretizar o lema do nosso posicionamento de "dar vida ao futuro".