A economia portuguesa está no limiar da catástrofe. As empresas continuam fechadas e paradas, definhando a cada dia que passa. Nenhum país no mundo pode aguentar dois meses totalmente parado. Sem qualquer liquidez nas empresas, o desemprego dispara. Com ele, o desespero das pessoas. E existe a ameaça real da fome e da pobreza.
Por isso, é fundamental que as fábricas comecem a trabalhar e o país, mesmo que paulatinamente, reinicie a sua atividade. É impensável que o país continue parado até maio. Isso será o culminar do desastre económico.
Neste contexto, a decisão do Governo relativa às escolas de todo o terceiro período – no ensino básico, do 1.º ao 9.º ano – de prosseguir com o ensino à distância contribui, negativamente, para a sensação do perpetuar do isolamento social e contínuo adiamento do regresso à atividade. A cedência à vontade do sindicato dos professores deixa-me perplexo.
Manter os alunos em casa obriga a manter os pais sem poder ir para as empresas. É fundamental começar a mobilizar as pessoas para um retorno, mesmo que condicionado, ao trabalho.
Contudo, até que a estrutura económica volte ao pleno funcionamento, o Estado tem de garantir que ela não morre. As medidas de apoio às empresas anunciadas pelo Governo são positivas, ainda que, provavelmente, insuficientes. É preciso desburocratizar o acesso às ajudas. Esta é uma crise de liquidez e, por isso, o dinheiro precisa de chegar rapidamente às empresas, sob pena de estas não conseguirem fazer face às suas despesas quando o final do mês se aproxima, colocando mais pessoas no desemprego. Grande parte do tecido empresarial é composto por micro e pequenas empresas que não têm capacidade de preencher os requisitos impostos para o acesso às linhas de crédito. Algumas dessas exigências são contraproducentes e vão fazer com que a maioria das empresas não possa sequer aceder aos apoios concedidos pelo Governo.
A comunicação é fundamental. E o Governo tem de comunicar de forma eficaz, simples e compreensível com as empresas, esclarecendo o que está à sua disposição. Foi com isto em mente que a Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa criou um gabinete de apoio às empresas, em ligação direta com o Ministério da Economia. É um canal privilegiado que esclarece dúvidas e agiliza o processo de acesso à ajuda. E dá ao Estado conhecimento das necessidades das empresas para que possa preparar os auxílios que elas precisam.
Tem de ser o Governo a coordenar e a executar esta estratégia de salvamento da economia. Mas todas as instituições democráticas devem contribuir para tal. Não vivemos tempos de campanhas de popularidade. Ficará na história quem conseguir salvar o país de uma crise que ameaça ter contornos catastróficos.