As exportações foram responsáveis em 2016 por 80% do crescimento da economia portuguesa, um contexto que garantiu a melhoria da economia portuguesa. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), no ano passado, as exportações foram responsáveis pelo aumento na ordem dos 1,2% do PIB. As empresas portuguesas continuam a ser atraídas pela competitividade gerada pelas oportunidades da globalização dos negócios. As principais motivações para a internacionalização das empresas abrangem a procura de mercados, de recursos, incluindo cada vez mais o conhecimento que não encontram no seu país de origem, de eficiência, e, finalmente, podem visar um determinado posicionamento face aos principais concorrentes.
As maiores taxas de crescimento económico que se verificam em algumas economias estrangeiras, comparativamente às portuguesas, a redução de barreiras ao comércio e ao investimento directo estrangeiro e o aumento da concorrência no mercado doméstico e em mercados que constituem destinos tradicionais das nossas exportações constituem factores que contribuem para que um maior número de empresas portuguesas se envolva nos negócios internacionais e procure novos destinos para os seus produtos e serviços. Ainda assim, Leonor Sopas, docente da Católica Porto Business School, refere que convém recordar que "as empresas com estratégias de internacionalização activas continuam a ser uma minoria".
Os últimos dados disponíveis revelam que, em 2015, apenas 4% das empresas portuguesas exportavam directamente. Esta percentagem é maior nas sociedades (22.853 exportadoras, ou seja, 6% do total das sociedades), comparativamente com os empresários em nome individual (23.858, correspondendo a apenas 3% do total). Há depois um conjunto de outras empresas que fornecem componentes, produtos e serviços a empresas exportadoras, que os incorporam nas suas vendas. Considerando as subsidiárias estrangeiras presentes em Portugal, 1.564 exportam, ou seja, 28% do total.
A importância das sociedades exportadoras é bem mais expressiva quando medida em termos de VAB (33%), volume de negócios (35%) e pessoal ao serviço (23%). Estes valores sobem para 40%, 47% e 32%, quando se consideram apenas as grandes empresas exportadoras, que representam 43% das grandes empresas, em 2015 (INE).
"A evolução do número total de empresas exportadoras tem sido genericamente positiva. A maioria (59%) das empresas exportadoras são microempresas e pequenas empresas, com um peso inferior a 10% no total exportado. As grandes empresas exportadoras são 547, em 2015 (menos uma grande empresa do que em 2010), contribuindo para 40% do total exportado. Médias empresas e pequenas empresas são responsáveis por 26% e 16% das exportações, respectivamente", concretiza a especialista.
O mercado comunitário é o destino de mais de 70% das exportações portuguesas, em 2015, com destaque para Espanha, França e Alemanha. Estas proporções não se têm alterado significativamente nos últimos anos.
Um pouco mais de dois terços das empresas exportadoras (67%) indicam ter apenas um mercado de destino, contribuindo para 7% das exportações. No outro extremo, há 2.167 empresas a exportar para 10 ou mais mercados, representando 67% do total exportado.
Mas que novos mercados/países estão a atrair as exportações nacionais? Analisando os destinos das exportações entre 2012-16, Leonor Sopas explica que Portugal apresenta taxas de crescimento positivas no Reino Unido (6%), nos EUA (3%), em Marrocos (3%) e na Polónia (5%), considerando apenas os países para os quais Portugal exporta mais de 500 milhões de dólares em 2016. Abaixo deste limiar, a responsável refere a Irlanda (19%) e o Canadá (9%).
"Cruzando a taxa de crescimento de Portugal para estes países com a taxa de crescimento das importações destes países, verifica-se que em todos os casos acima referidos a taxa de crescimento das exportações nacionais para esses mercados é superior à respectiva taxa de crescimento de importações destes países (bolhas de cor azul), confirmando o dinamismo dos exportadores portugueses na abordagem destes mercados", sustenta Leonor Sopas.
As perspectivas para o futuro são animadoras. Segundo os dados do INE, no primeiro trimestre de 2017 a economia portuguesa cresceu 2,8% face ao mesmo período do ano passado. O Banco de Portugal também está optimista e antevê uma forte aceleração das exportações de bens e serviços em 2017, bem como um crescimento robusto continuado durante os próximos dois anos, com ganhos adicionais de quota de mercado. O banco central antecipa um crescimento das exportações na ordem dos 10% durante este ano. O relatório do Banco de Portugal destaca que a "aceleração da procura externa e os ganhos adicionais significativos de quota de mercado" serão os principais catalisadores do crescimento.
10%
é o crescimento previsto pelo Banco de Portugal para as exportações em 2017.
80%
do crescimento da economia portuguesa em 2016 resultou das exportações.
70%
das exportações em 2015 destinavam-se ao mercado comunitário.