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Importações e Exportações 2017
Notícia

É preciso aprender com os erros

As histórias de insucesso nem sempre são conhecidas, mas o facto é que podem ser muito valiosas para melhorar o futuro.

10 de Julho de 2017 às 15:46

Qualquer questão sobre quais os erros de gestão mais cometidos pelas empresas portuguesas nos processos de exportação é difícil de responder, ou não fossem os casos de insucesso ou as tentativas falhadas quase sempre colocadas num obscuro canto no qual a gestão arruma as más experiências. A decisão não será a mais sensata, porque os erros permitem que se procure a superação com novas abordagens e por isso não devem ser esquecidos, mas antes utilizados no processo de melhoria que se quer continuo.

 

Leonor Sopas diz desconhecer qualquer estudo aprofundado sobre erros de gestão na área de exportação. "É naturalmente difícil conseguir recolher informação sobre casos de insucesso e é especialmente complicado conseguir verificar essa informação dado se estar a falar de exportação e, portanto, de relações com mercados estrangeiros, em que as distâncias geográficas e culturais dificultam a recolha e a interpretação da informação", esclarece esta especialista.

 

Segundo ela, existem, porém, evidências que confirmam que as empresas exportadoras tendem a apresentar um melhor desempenho financeiro do que as não exportadoras pelo que os erros em média não parecem ser graves.

 

Dados do INE confirmam isso mesmo. As sociedades exportadoras apresentam uma produtividade aparente mais elevada e níveis de rendibilidade superiores aos das não exportadoras. As sociedades exportadoras têm o valor mais elevado no rácio de autonomia financeira (0,37) e rácios de endividamento menores. Como sinal de preocupação é de referir que, durante todo o período analisado (2008 - 2015), as sociedades exportadoras têm apresentado sistematicamente menores taxas de investimento do que as não exportadoras. 

 

Relativamente a erros de gestão, Leonor Sopas diz que é importante não esquecer que podem constituir fontes "preciosas" de aprendizagem e, desta forma, podem contribuir para sucessos futuros. "Se os gestores das empresas exportadoras partilhassem os erros cometidos com os seus pares, este efeito de aprendizagem poderia ser multiplicado", afirma esta responsável.

 

Num outro âmbito, que não a exportação, Leonor Sopas explica que teve a oportunidade de assistir a um exercício em que gestores de diferentes empresas se reuniam mensalmente para debater um problema colocado por um deles. Tratava-se de um pequeno grupo, com menos de 12 pessoas, que incluía um professor da universidade, que desempenhava o papel de moderador Oficina (designação dessas sessões) e realizava pontos de situação e a síntese final.

No início da sessão, o gestor que tinha proposto o problema apresentava todos os detalhes, incluindo a sua análise sobre o que tinha corrido pior e melhor. Em seguida, os presentes relatavam experiências semelhantes, faziam perguntas e exprimiam as respectivas opiniões.

 

De acordo com a responsável, não existia a expectativa de resolver o problema na sessão, mas a discussão em torno do mesmo, as diferentes perspectivas que cada interlocutor trazia ou as perguntas feitas "contribuíam para uma aprendizagem partilhada por todos os presentes". A docente da Católica Porto Business School assinala o balanço positivo da experiência e o facto de continuar a repetir-se mensalmente ao longo de anos.

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