O peso das despesas mensais fixas no orçamento das famílias portuguesas diminuiu em 2017, apesar de estas possuírem mais créditos, tendo os hábitos de poupança e a capacidade de suportar despesas extraordinárias aumentado, segundo um estudo divulgado recentemente. De acordo com as conclusões da Cetelem sobre a literacia financeira em Portugal, há mais portugueses a gerirem e a controlarem o orçamento familiar, tendo aumentado o conhecimento das despesas mensais fixas.
Segundo o trabalho, 34% da amostra de 500 entrevistados sabe "precisamente quanto gasta o seu agregado familiar, enquanto apenas 25% afirmava sabê-lo em 2016", sendo que 41% sabe "com exactidão qual o rendimento mensal do seu agregado familiar". O peso das despesas mensais fixas no orçamento familiar diminuiu, representando mais de metade do orçamento mensal para 24% das famílias, contra 35% em 2016.
Apesar de cerca de 60% dos portugueses afirmarem ter já sentido dificuldades no pagamento de despesas mensais fixas, a maioria paga no prazo, sendo que 15% pagam antecipadamente e 9% só após o vencimento. No que respeita aos hábitos de poupança, o inquérito diz terem aumentado este ano face a 2016 (de 36% para 49%), mas nota que "cerca de metade 47% dos portugueses continua a não poupar".
Apesar do menor peso das despesas fixas no orçamento familiar, os portugueses possuem este ano mais créditos (44%) do que em 2016 (34%), sendo que a maior parte é destinada à casa (33%), ao carro (20%) e às férias (11%). Para cerca de um quarto dos detentores de créditos, o peso destes no orçamento familiar situa-se entre os 25% e os 50% e, no momento de pedir um empréstimo, os portugueses continuam a recorrer primeiro à família (45%) e ao banco (32%).
A análise conclui existir ainda "muito desconhecimento" por parte dos portugueses sobre temas como a segurança informática, fraude e direitos do consumidor: por exemplo: 57% revelam conhecimento errado sobre cancelamento de contratos de crédito.
Também deficiente é o nível de literacia financeira dos inquiridos, com menos de metade a reconhecer o significado da maioria das expressões financeiras. Apesar de 39% consideram ter um bom nível de conhecimentos financeiros, a palavra mais conhecida (por 55%) é "juros", sendo mesmo a única a ultrapassar os 50%.