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Um novo modelo para uma economia sustentável

A economia circular está na agenda política dos líderes mundiais e prevê uma verdadeira revolução na organização das cadeias produtivas e de consumo, que já está em marcha.

28 de Março de 2019 às 14:20
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O tema da sustentabilidade entrou no léxico das empresas e na agenda política. Deixou de ser um conceito vago e ganhou estatuto de urgência e os números mostram porquê. Em 2010, foram extraídos 65 mil milhões de toneladas de recursos do planeta para fazer funcionar a economia global. Em 2020, o número aumentará para perto de 100 mil milhões e em 2050, com a população a crescer para os 9,7 mil milhões, vamos precisar de 186 mil milhões de toneladas.

 

 

Contas feitas, daqui a 30 anos serão necessários três planetas para sustentar o modo de vida atual. A pressão sobre o preço das matérias-primas – em que a UE tem uma autossuficiência de pouco mais de um terço – continuará a aumentar e cada vez que o crescimento económico acelerar, o problema agrava-se porque o consumo/procura dispara.

 

 

Em 2015, os alarmes soaram e chegou ao terreno um conjunto de iniciativas que acabam por enquadrar muito do que está já a ser feito hoje por governos e empresas, para travar a fundo e mudar o rumo da viagem até às próximas décadas. Destaque para o Acordo de Paris, para a Agenda para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas e para o Pacote para a Economia Circular, e respetivo Plano de Ação, da Comissão Europeia.

 

 

Todas as iniciativas preconizam a transição de uma economia linear (extrair, produzir e eliminar) para uma economia circular, assente numa utilização eficiente de recursos e o mais duradoura possível.

 

 

"É um novo paradigma de economia que não é em si próprio um conceito inovador, mas uma estratégia que agrega diferentes conceitos que já conhecemos", sublinha Rita Lopes, investigadora no Centro de Investigação em Ambiente e Sustentabilidade, da Faculdade de Ciência e Tecnologia da NOVA.

 

 

Se é verdade que nos últimos anos assistimos a alguma evolução e a esforços redobrados para fazer as pazes com o ambiente reciclando mais, também é certo que muito ainda está por fazer. Não apenas neste domínio – no qual Portugal é um dos atrasados, a mais de 10 pontos percentuais da meta europeia para 2020 –, mas em toda a cadeia de valor, e é aí que entra este novo paradigma.

 

 

Fechar um ciclo de cada vez, até dizer adeus à economia linear

 

 

"A economia circular é muito mais do que reciclar. É olhar além dos resíduos, desde o início da cadeia e ir tentando fechar ciclos ao longo do processo todo, para que seja possível recuperar, regenerar tudo o que sejam materiais e produtos ao longo do seu tempo de vida útil."

 

 

Implica novas lógicas de design, de arquitetura, redesenho de processos e novos modelos de negócio, que a pouco e pouco começam a chegar ao terreno, quer por força da nova legislação europeia, que tem vindo a estabelecer as bases para esta transição em vários domínios, quer pela busca de processos de produção e distribuição mais eficientes, por parte das próprias empresas.

No terreno, um dos maiores desafios do modelo está na coordenação de esforços que exige. As chamadas simbioses industriais são uma das grandes máximas da economia circular e pressupõem que os elementos de uma mesma cadeia de valor comuniquem entre si para encontrar sinergias, ganhar eficiência e poupar recursos. Pode ser na partilha de infraestruturas, na partilha do transporte de determinado produto, ou para encontrar formas de aproveitar um resíduo ou subproduto de uma determinada indústria, para ser usado noutra como matéria-prima.

 

 

Os ganhos podem ser imensos e diminuir substancialmente a pressão sobre uma Europa que importa dois terços da matéria-prima que utiliza e que concentra aí 30 a 50% dos custos de produção.

 

 

O plano de ação europeu e mais recentemente o plano de ação nacional, aprovado há pouco mais de um ano e inspirado nas diretrizes da UE, integram a estratégia e a agenda para operacionalizar no terreno as mudanças necessárias. Incluem metas ambiciosas para a reciclagem, iniciativas de combate ao desperdício alimentar (31% na UE), uma diretiva com orientações para o ecodesign, medidas para controlo de resíduos e a definição de normas de qualidade para fomentar um mercado de matérias-primas secundárias, reaproveitadas de outros produtos.


Cinco mandamentos da economia circular

1. Criar para durar produtos e serviços desenhados para vários ciclos de vida e utilizando menores quantidades de recursos;
2. Produzir sem poluir privilegiando componentes livres de substâncias tóxicas, processos de produção limpos e energeticamente eficientes e com a preocupação de identificar subprodutos que maximizem o aproveitamento da matéria-prima, componente ou material; 
3. Distribuir de forma eficiente apostando na partilha, criando redes de distribuição (logística) que em conjunto sirvam as necessidades de diferentes atores, recorrendo aos meios de transporte mais sustentáveis;
4. Usar o máximo de tempo possível cada produto ou serviço, na função para que foi criado ou noutras e reparando-o enquanto for possível;
5. Fazer do fim um novo princípio quando a vida útil de um equipamento chega ao fim, tendo respostas para assegurar a sua reentrada no ciclo, seja através da reutilização criativa dos materiais, ou do aproveitamento dos resíduos para criar novos produtos.


Agenda das Nações Unidas marca o passo

Em 2015, as Nações Unidas apresentaram ao mundo uma Agenda para o Desenvolvimento Sustentável com 17 grandes objetivos e a missão de erradicar a pobreza, promover um desenvolvimento económico equilibrado e em harmonia com o ambiente, condições de igualdade e prosperidade.

 

Este novo modelo global tem como horizonte temporal o ano de 2030 e sucede aos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, subscritos pelos 191 países que na viragem do milénio eram membros da organização e que assumiram o compromisso de os levar ao terreno até 2015. Garantir a sustentabilidade ambiental já era uma das grandes metas da agenda do milénio. Neste novo plano de ação volta a ter espaço de destaque e é uma referência direta em muitas das 169 metas previstas.


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