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Mais emprego e novos negócios no horizonte

As reparações e o recondicionamento de produtos ganham espaço numa economia mais amiga do ambiente, tal como todas as inovações que permitam dar nova vida a produtos em fim de ciclo ou a resíduos.

28 de Março de 2019 às 13:11
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Uma economia mais sustentável, que privilegie e procure estender ao máximo o ciclo de vida dos produtos, reduzir o desperdício e dar espaço às matérias-primas secundárias, não terá reflexos apenas no ambiente e nos níveis de eficiência das empresas que já existem. Vai criar novos negócios e mais emprego.

 

Áreas como as reparações e o recondicionamento, além de todas as atividades ligadas à recolha e tratamento de resíduos, vão gerar mais emprego. Plataformas de partilha e atividades relacionadas com a revalorização de resíduos em matérias-primas secundárias, ou em produtos que deixam de ter um fim para passar a ser usados noutro, também se espera que prosperem.

 

No desenho destes novos cenários de criação de valor, Mário Velindro, presidente do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, considera "urgente criar mecanismos nas empresas, para que estas possam ter centros de desenvolvimento e inovação que as ajudem a alterar a forma de funcionar".

 

Fora da esfera das grandes organizações, o responsável defende que há escassez de recursos nas empresas para identificar e trabalhar as novas oportunidades da economia circular. Promover o apoio à criação de centros de inovação com engenheiros, designers ou arquitetos poderia ser um caminho, defende o professor.

 

A interação destes centros com as universidades e os politécnicos, através da criação de equipas multidisciplinares e do acesso a meios para testar e estudar novas soluções, complementaria as valências destas novas estruturas, otimizando até a utilização de recursos (laboratórios, por exemplo) que muitas vezes estão subaproveitados nas instituições, remata Mário Velindro.

 

Números do presente e do futuro

Entretanto, e no que se refere a Portugal, os números dizem que em 2012 as atividades da economia circular já asseguravam 57 mil postos de trabalho diretos. Espera-se que sejam criados mais 36 mil até 2030.  Na UE, as projeções apontam para 170 mil novos empregos diretos até 2035, que podem ser amplamente potenciados pelo aumento da produtividade dos recursos.

 

O relatório de balanço do Plano de Ação europeu, divulgado em março, revela ainda que em 2016 as atividades circulares como a reparação, a reutilização ou a reciclagem geraram já um valor acrescentado próximo dos 147 mil milhões de euros e investimentos na ordem dos 17,5 mil milhões.  

 

Entre os países que mais beneficiam já hoje desta nova ordem económica, destaque para o Reino Unido, com 200 mil empregos relacionados e um impacto de 30 mil milhões de euros na economia. A vizinha Espanha também aparece bem posicionada no estudo de 2017 da Fundação Ellen MacArthur, com 100 mil empregos e 0,33 a 0,66% do PIB gerado a partir de atividades da economia circular.

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