Digitalização, realidade aumentada, Internet das Coisas, computação em nuvem, cibersegurança, "big data" e impressão 3D são alguns conceitos tecnológicos que comandam as tropas na quarta revolução industrial - a chamada Indústria 4.0. Conscientes de que as start-ups estão na génese da maior parte das novas ferramentas para as fábricas do futuro, as maiores empresas do mundo estão a atrair esses projectos em fase embrionária para consolidar a sua própria posição de controlo na indústria.
"As start-ups são a melhor fonte para estas soluções" que dão flexibilidade e eficiência às cadeias produtivas, geram produtos customizados e chegam rápido aos clientes", resumiu Nicolas Coudière, à frente da Microsoft Ventures em França, um dos sete aceleradores que gere em todo mundo e que englobam 500 jovens empresas. A multinacional americana tem ainda o programa Bizspark, com parcerias, envolvendo cem mil start-ups, a quem oferece "cloud", ferramentas da Microsoft ou consultoria tecnológica e comercial para ajudá-las a evoluir e prepará-las para assegurarem financiamento do mercado em seis meses.
Uma delas é a HoloLens, que permite interagir com hologramas no mundo físico e já está a ser usada por empresas de construção e arquitectos nos Estados Unidos, a troco de três mil euros. Como é que a Microsoft interage com este ecossistema de inovação? Através dos seus serviços de consultoria, cria uma visão e ajuda a demonstrar à indústria para que é que aquilo serve. Sustentando que as start-ups, nomeadamente estas ligadas à realidade aumentada, têm de ter serviços customizados, Coudière sublinhou que tentam "mantê-las como empresas de software e que não tentam chegar directamente a todos os clientes, perdendo assim o foco na tecnologia".
A SAP, especializada em software de gestão, foi outra das multinacionais que apresentaram no Centro Cultural Vila Flor o seu próprio ecossistema de inovação, que arrancou em 2012 e abrange actualmente 57 países e 22 indústrias. Através do SAP Startup Focus, já validou e fez chegar ao mercado 230 soluções, que estão a ser vendidas aos clientes SAP, sendo que 60% das start-ups envolvidas estão fora do chamado ecossistema tradicional desta empresa de origem alemã.
"Os modelos de negócios digitais são disruptivos e as regras mudaram. As start-ups estão a liderar este processo", sentenciou Maria Luísa Silva, directora da SAP EMEA (Europa, Médio Oriente e África) e responsável pela dinamização de start-ups nestes mercados, ilustrando este novo panorama com o caso da Uber, que se tornou uma das maiores empresas de logística sem deter um único veículo, e o da Under Armour, que deixou de ser apenas uma empresa de vestuário, mas também de tecnologia e de "lyfestyle".
Banca chama criadores
Se nas empresas de software a relação de poder com start-ups é imediata, noutras a ligação é menos óbvia mas existe. Em Inglaterra, o Barclays transformou 17 balcões em "maker spaces", áreas com impressoras 3D e outras tecnologias para que o designer produza e teste o objecto que criou. "O Barclays, da área financeira, fê-lo com o objectivo de perceber esta nova realidade. A forma de perceber o que será a banca no futuro é estar próximo das pessoas que estão a criar a inovação", exemplificou ao Negócios em Rede o CEO da iGo3D, Diogo Quental.
A Microsoft e a SAP mostraram em Guimarães os ecossistemas de inovação que montaram para fortalecer a sua posição de controlo na indústria.
Este empreendedor lisboeta de 44 anos foi co-fundador da BeeVeryCreative, de Ílhavo, e em Abril rumou a Hannover para liderar esta firma alemã que distribui soluções 3D "desktop". E se antes as indústrias precisavam de impressoras grandes de dezenas de milhares de euros, agora é possível fazer o mesmo com máquinas mais pequenas e baratas, até cinco mil euros, que trabalham em série e podem entrar na linha de produção.
Estas "fábricas de impressão 3D" respondem ao problema que existia da lentidão deste sistema no processo de manufactura. De resto, as vantagens das impressoras 3D são conhecidas pela indústria: prototipagem rápida, produtos customizados e "on demand", abreviar a cadeia de abastecimento (basta enviar o ficheiro informático e imprimir localmente), ausência de stocks e obter produtos complexos sem necessidade de ferramentas e linha de montagem.
Regiões na luta
Não são apenas as grandes empresas a concorrer pela atracção de start-ups. Uma das últimas iniciativas para acelerar a Indústria 4.0 surgiu no País Basco para ligar start-ups e grandes empresas da região, que tem das maiores concentrações industriais na Europa. O "Bind 4.0", lançado pelo Governo basco e dez empresas privadas, inclui um programa de cinco meses para acelerar tecnologias.
Como outros, dispõe de espaços de trabalho, "mentoring", networking e acesso a entidades financiadoras. Porém, frisou David de la Torre, director do BIC Araba, "o maior valor" que pode trazer às start-ups é "a ligação real às grandes indústrias da região", pois quase só trabalham no "B2B".
"As start-ups são a melhor fonte para estas soluções" que dão flexibilidade e eficiência às cadeias produtivas, geram produtos customizados e chegam rápido aos clientes", resumiu Nicolas Coudière, à frente da Microsoft Ventures em França, um dos sete aceleradores que gere em todo mundo e que englobam 500 jovens empresas. A multinacional americana tem ainda o programa Bizspark, com parcerias, envolvendo cem mil start-ups, a quem oferece "cloud", ferramentas da Microsoft ou consultoria tecnológica e comercial para ajudá-las a evoluir e prepará-las para assegurarem financiamento do mercado em seis meses.
A SAP, especializada em software de gestão, foi outra das multinacionais que apresentaram no Centro Cultural Vila Flor o seu próprio ecossistema de inovação, que arrancou em 2012 e abrange actualmente 57 países e 22 indústrias. Através do SAP Startup Focus, já validou e fez chegar ao mercado 230 soluções, que estão a ser vendidas aos clientes SAP, sendo que 60% das start-ups envolvidas estão fora do chamado ecossistema tradicional desta empresa de origem alemã.
"Os modelos de negócios digitais são disruptivos e as regras mudaram. As start-ups estão a liderar este processo", sentenciou Maria Luísa Silva, directora da SAP EMEA (Europa, Médio Oriente e África) e responsável pela dinamização de start-ups nestes mercados, ilustrando este novo panorama com o caso da Uber, que se tornou uma das maiores empresas de logística sem deter um único veículo, e o da Under Armour, que deixou de ser apenas uma empresa de vestuário, mas também de tecnologia e de "lyfestyle".
Banca chama criadores
Se nas empresas de software a relação de poder com start-ups é imediata, noutras a ligação é menos óbvia mas existe. Em Inglaterra, o Barclays transformou 17 balcões em "maker spaces", áreas com impressoras 3D e outras tecnologias para que o designer produza e teste o objecto que criou. "O Barclays, da área financeira, fê-lo com o objectivo de perceber esta nova realidade. A forma de perceber o que será a banca no futuro é estar próximo das pessoas que estão a criar a inovação", exemplificou ao Negócios em Rede o CEO da iGo3D, Diogo Quental.
A Microsoft e a SAP mostraram em Guimarães os ecossistemas de inovação que montaram para fortalecer a sua posição de controlo na indústria.
Este empreendedor lisboeta de 44 anos foi co-fundador da BeeVeryCreative, de Ílhavo, e em Abril rumou a Hannover para liderar esta firma alemã que distribui soluções 3D "desktop". E se antes as indústrias precisavam de impressoras grandes de dezenas de milhares de euros, agora é possível fazer o mesmo com máquinas mais pequenas e baratas, até cinco mil euros, que trabalham em série e podem entrar na linha de produção.
Estas "fábricas de impressão 3D" respondem ao problema que existia da lentidão deste sistema no processo de manufactura. De resto, as vantagens das impressoras 3D são conhecidas pela indústria: prototipagem rápida, produtos customizados e "on demand", abreviar a cadeia de abastecimento (basta enviar o ficheiro informático e imprimir localmente), ausência de stocks e obter produtos complexos sem necessidade de ferramentas e linha de montagem.
Regiões na luta
Não são apenas as grandes empresas a concorrer pela atracção de start-ups. Uma das últimas iniciativas para acelerar a Indústria 4.0 surgiu no País Basco para ligar start-ups e grandes empresas da região, que tem das maiores concentrações industriais na Europa. O "Bind 4.0", lançado pelo Governo basco e dez empresas privadas, inclui um programa de cinco meses para acelerar tecnologias.
Como outros, dispõe de espaços de trabalho, "mentoring", networking e acesso a entidades financiadoras. Porém, frisou David de la Torre, director do BIC Araba, "o maior valor" que pode trazer às start-ups é "a ligação real às grandes indústrias da região", pois quase só trabalham no "B2B".