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Design muda negócios do software à máquina de café

A portuguesa Novabase e a norueguesa Wilfa apostaram no design para dar uma volta ao modelo de negócios. Especialista britânico alerta que "o design nunca foi tão estratégico" para as empresas, podendo "conduzir e encorajar a mudança".

13 de Outubro de 2016 às 16:30
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Como transformar uma tecnológica numa empresa conduzida pelo design? Em 2011 era este o desafio que se colocava à Novabase, que tinha como "visão" que as tecnologias de informação fossem mais simples e fizessem também mais felizes os utilizadores. O projecto de "design thinking" que traçou era um plano incerto na duração, nos indicadores, na equipa. Pedro Janeiro só tinha uma certeza: o orçamento era curto.

Na 25.ª edição do congresso anual da rede mundial dos EU-BIC (centros de negócios e de inovação da União Europeia), que decorreu entre 28 e 30 de Setembro em Guimarães, o chefe da equipa de design da Novabase partilhou alguns detalhes do programa de transformação corporativa que visava criar um nível superior de serviço e de experiência para o consumidor, usando métodos de design para reinventar o que vendem, como vendem e como entregam esse serviço. O valor das exportações passou em quatro anos de 14,2 milhões de euros para 43,3 milhões de euros em 2014, ou seja, praticamente triplicou. "Muita da diferença tem a ver com o design. Claro que valeu a pena", resumiu.

Para esta tecnológica com sede em Lisboa, volume de negócios de 220 milhões de euros e 2.500 colaboradores, mudou sobretudo a cultura da organização, embora tenha passado também pelos escritórios e chegado até ao portefólio de projectos, incluindo as equipas de marketing e vendas, reflectindo-se no contacto com os clientes.

Converter documentos com 250 páginas que ninguém lia em infografias simples é apenas uma prova de como "o bom design gráfico pode fazer a diferença". Porém, neste processo que arrancou por "los desperados" - os que lidam com clientes e que aceitariam qualquer ajuda - e que envolveu "quantidades maciças de formação" a mais de mil pessoas, Janeiro apontou como "fundamental o apoio do CEO". Lições? "Aprendemos que é difícil estabelecer o mesmo método para todos os departamentos e geografias e que as pessoas têm de ser treinadas para a cultura da simplicidade, uma competência difícil de encontrar".

"Máquina" rentável

Da Noruega chegou outro caso sobre uma empresa de pequenos electrodomésticos que recuperou a reputação através da aposta do design. No início desta década, a Wilfa vivia sob pressão dos custos e os seus produtos não eram bonitos nem baratos. Aliás, o gestor contratado em 2010 para revitalizar a marca contou que "o 'packaging' era tão feio" que ameaçou ir-se embora se não fosse mudado no prazo de um ano.
cotacao Aprendemos que as pessoas têm de ser treinadas paraa cultura da simplicidade, que é uma competência difícil de encontrar nas empresas.  Pedro Janeiro director da equipa de design da Novabase
Entre as acções possíveis estava a redução de custos, investir em marketing ou desenvolver o próprio design. Seguiram o último caminho e o objectivo de ascender à liderança nos países nórdicos. Entre 2010 e 2015 cresceram 229% nesses mercados. "Tínhamos de ter o desejo de crescer, dinheiro disponível, conhecimento da marca e toda a empresa envolvida, e não apenas a administração", assinalou Anders Liland.

Havia ambição e a certeza de que "o mundo está cheio de lixo", como definiu os electrodomésticos dos concorrentes chineses. Serem entusiásticos, robustos e inovadores - características que transportou para a máquina de café que se tornou o seu produto-estrela - foram os valores "core" definidos para os produtos, que "contagiaram" a própria empresa.

Mais do que tecnologia

Na cidade de Guimarães, que contribuiu para que a candidatura do BICMINHO derrotasse a concorrência de Paris e trouxesse este congresso pela segunda vez para Portugal, depois do Porto ter acolhido o evento em 2001, o director executivo do reputado Design Council UK considerou que "o design nunca foi tão estratégico para os negócios" e citou um estudo local que demonstrou como os funcionários que trabalham com designers são 41% mais produtivos do que a média.

Primeiro visto como desnecessário, depois valorizado em termos de estilo, o design passou a ser importante para os processos produtivos e nesta fase é essencial para encorajar a inovação. Esta é a evolução histórica descrita por John Mathers, para quem a Apple, Google, BMW ou Amazon estão no "top 10" das mais inovadoras não só pela tecnologia. E elencou os atributos que deve ter o design: interactivo, centrado nas pessoas e colaborativo, isto é, ligado às outras áreas, à cadeia de abastecimento e até aos concorrentes.

O líder deste instituto criada por Winston Churchill evidenciou as vantagens no sector privado e no público, indicando como estão a reinventar a experiência dos pacientes nos hospitais pediátricos britânicos ou como as cadeiras de rodas passaram a ocupar menos espaço quando não estão a ser utilizadas. "Design é mais do que como os produtos se parecem. É a forma como transformam a maneira como trabalham. Se for bem usado, pode conduzir e encorajar a mudança", concluiu Mathers.



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