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Congresso Portugal Nuts 2022
Notícia

Sustentabilidade ambiental e social dos frutos secos

Os sistemas modernos de produção assentam, de uma forma geral, em boas práticas agrícolas, procurando maximizar a capacidade de fixação de carbono no solo, a produção de serviços dos ecossistemas e a minimização da utilização de fatores de produção, nomeadamente da água, correspondendo às ambiciosas metas das políticas europeias: Green Deal e Farm to Fork.

12 de Maio de 2022 às 11:22
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O debate dedicado à sustentabilidade contou com a participação de Assunção Cristas, Nova School of Law e of Counsel VDA ambiente e agricultura; Nuno Lacasta, presidente da APA; José Pedro Salema, presidente da EDIA e João Roseiro, consultor da SLM partners/Fruits of Life.


Numa comparação entre 25 produtos alimentares, por cada quilograma de frutos secos produzidos, existe uma emissão de apenas 0,43 kg de gases de efeitos de estufa (GEE), o que coloca os frutos secos num destacado primeiro lugar em termos de sustentabilidade ambiental quando comparado, por exemplo, com o tofu, com um valor de 3,16 kg de GEE, e com o café, com 28,53 kg de GEE. Os dados foram apresentados no estudo apresentado pela Portugal Nuts.


Já em termos de utilização de recursos hídricos, através da rega gota a gota por cada litro de água utilizado para regar uma amendoeira são obtidas 77 a 86 mg de proteína vegetal, pondo este produto no top do ranking, em termos de eficiência de utilização deste recurso natural.


Os temas ambientais, sociais e de governança (ESG) são hoje uma realidade incontornável para qualquer empresa do agroalimentar, nomeadamente as empresas de produção e transformação de frutos secos, quer em termos de governance, quer em termos de riscos reputacionais.


A nova Lei de Bases do Clima e a diretiva europeia atualmente em preparação terão um forte impacto no setor agroalimentar.


As preocupações de sustentabilidade ambiental e social já não estão apenas correlacionadas com a dimensão da empresa, pois a nova legislação adota uma abordagem de toda a cadeia de valor, afetando também as pequenas empresas.


Há desafios diários entre entidades institucionais, empresas e stakeholders na gestão de expectativas e necessário equilíbrio entre o pilar da sustentabilidade económica e o pilar da sustentabilidade ambiental.


Ainda há tabus societais que têm de ser ultrapassados para fazer face à escassez hídrica como a dessalinização da água do mar, reutilização de águas residuais, construção de interligações entre bacias e novas barragens.


As culturas de regadio são por natureza aquelas que mais tecnologia de precisão aplicam na utilização da água e que se encontram em perímetros de rega eficientes e profissionalizados como é o caso do EFMA, sendo importante clarificar quais os setores mais eficientes e menos eficientes para que não haja uma referência generalista à agricultura como um todo quando se aborda o tema da água.


Discutir a política da água em situação de seca é um erro que pode custar caro ao país, pois estaremos a discutir, em pleno contexto de gestão de crise, um tema de grande relevância com implicações para as próximas décadas. O tema merce uma discussão estratégica e refletida.


A sustentabilidade ambiental e social já faz parte, ainda que com diferentes intensidades, do ADN dos produtores e das empresas do setor dos frutos secos a operar em Portugal.


É uma vantagem que grandes grupos empresariais a nível mundial, frequentemente de outros setores da economia, estejam a investir no setor dos frutos secos, pois são importantes veículos de transferência de conhecimento e inovação.

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